sexta-feira, dezembro 27, 2024
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Crítica | Babygirl é mais que sexo, entrega ousadia e desafia estereótipos

Com sons de orgasmos (mesmo que falsos) logo nos primeiros segundos, Babygirl não pode nem deve ser reduzido a um suspense erótico. O filme se propõe a mudar percepções sobre as mulheres e seu papel na sociedade. Com um elenco estrelado, incluindo Harris Dickinson e Antonio Banderas, Nicole Kidman assume o protagonismo, trazendo nuances que questionam e desafiam a forma como as mulheres são vistas no mundo.

Antes de mergulharmos na obra, é preciso ser franco: seja na TV ou em conversas de escritório, a visão sobre o envelhecimento entre os gêneros impõe uma validade cruel às mulheres. Em qualquer nível hierárquico, elas costumam ser avaliadas por sua idade e beleza, raramente por sua competência. É com esse pano de fundo que Babygirl subverte expectativas e desconstrói paradigmas.

Com roteiro e direção de Halina Reijn, Babygirl é a nova produção da A24 que vem ganhando destaque internacional. Já indicada ao Globo de Ouro e com grandes chances de disputar o Oscar em 2025, a obra entrega uma narrativa envolvente, fugindo de estereótipos e abordando temas complexos com precisão cirúrgica.

O que torna Babygirl tão único? Vamos explicar.

A História

Babygirl
Nicole Kidman é a mulher de sucesso, Romy – Divulgação

Romy (Nicole Kidman) é uma CEO reconhecida globalmente, exemplo para milhares de mulheres. Casada há 19 anos com Jacob (Antonio Banderas), ela é mãe de duas filhas e nunca abriu mão de sua carreira, conquistando respeito em sua profissão.

Em um dia comum, Romy presencia um jovem (Harris Dickinson) domando um cachorro bravo na rua. Horas depois, ela descobre que o rapaz, Samuel, é um dos novos estagiários de sua empresa. Durante uma apresentação, Samuel faz uma pergunta que desafia Romy publicamente. Apesar de repreendido e retirado da sala, ele chama a atenção da CEO, que passa a ser sua mentora direta.

Paralelamente, o casamento de Romy e Jacob está em uma rotina fria. As relações íntimas são previsíveis, sem paixão, e ela recorre a filmes adultos amadores para despertar seus desejos. Mesmo tentando inovar, Jacob se mantém tímido e distante, agravando o distanciamento entre os dois.

A figura de Samuel, com sua postura desafiadora e indiferença às hierarquias, intriga Romy. O interesse dela começa a crescer quando, durante uma festa da empresa, uma gravata perdida do jovem desperta seus primeiros impulsos por ele.

Babygirl
Samuel e Romy – Divulgação

A questão que surge é: quanto tempo levará para ambos cederem à atração? Samuel, desrespeitando barreiras profissionais, deseja Romy tanto quanto ela o deseja. As reuniões semanais entre os dois tornam o desejo cada vez mais evidente, levando-os a ignorar valores morais em prol de uma relação movida pelo prazer.

Conforme o relacionamento avança, Romy descobre uma nova faceta de si mesma. A CEO poderosa se transforma em uma mulher vulnerável, submissa aos caprichos do jovem. Esse papel, que ela antes via apenas em conteúdos online, é agora vivido intensamente, longe do casamento tradicional e sem compartilhar essas descobertas com Jacob.

O enredo se complica quando Samuel inicia um relacionamento com Esme (Sophie Wilde), assistente de Romy, despertando ciúmes. A tensão cresce, e Samuel menciona a possibilidade de mudar de gestor, deixando Romy insegura quanto à exposição de seu segredo na empresa.

E para piorar ainda mais as coisas, Samuel aparece um dia na casa da Romy para levar o notebook que ela esqueceu na empresa. A ousadia de Samuel de adentrar e conhecer a família de Romy, torna ainda as coisas ainda mais tensas.

Enquanto isso, Jacob percebe mudanças no comportamento da esposa, sem compreender as razões. Problemas familiares e profissionais começam a pressionar Romy, que se vê em uma encruzilhada que é recuperar o controle de sua vida sem abrir mão de tudo o que conquistou.

Babygirl
Samuel e Romy – Divulgação

Opinião

Embora gemidos e sexo sejam elementos presentes em Babygirl, é a construção de Romy, uma mulher de sucesso que cede à submissão em busca de satisfação pessoal, que realmente prende a atenção.

Nicole Kidman brilha ao dar vida a uma CEO fria e imponente, mas também a uma mulher sensual aos 60 anos, quebrando estereótipos de Hollywood. Sua transição entre o papel de líder poderosa e alguém consumida por desejos secretos é um dos pontos altos do filme.

Harris Dickinson, por outro lado, interpreta Samuel sem explorar seu corpo como atrativo principal, permitindo que Nicole roube os holofotes. Sua atuação sustenta a dinâmica com Romy, sem desviar o foco da narrativa principal.

Já Antonio Banderas surpreende no papel de Jacob, um marido distante e frustrado. Mesmo com sua frieza, é difícil não sentir empatia por ele, que apenas reflete a normalidade de um casamento de décadas.

mais que sexo

Com cenas intensas, Babygirl explora as consequências de desejos reprimidos. Embora algumas cenas possam ser desconfortáveis, elas fazem sentido dentro da trama, mostrando como a excitação mútua se torna o motor da relação entre Romy e Samuel.

Ao final, a obra entrega reviravoltas que consolidam a força de Romy. Mais do que sobre suas escolhas ou segredos, Babygirl é uma narrativa sobre autoconhecimento e resiliência em meio a desafios profissionais e pessoais, que possam porventura chegar em um orgasmo.

Nota: 5 de 5

Babygirl

Estados Unidos | 2024 | Cor | 114 min
Gênero: Suspense Erótico
Direção: Halina Reijn
Produção: Halina Reijn, David Hinojosa, Julia Oh
Roteiro: Halina Reijn
Elenco: Nicole Kidman, Harris Dickinson, Antonio Banderas, Sophie Wilde
Distribuição: Diamond Films
Lançamento: 09 de janeiro

Agradecimentos a Diamond Films pelo convite para produção deste conteúdo.

Giuliano Peccilli
Giuliano Peccillihttp://www.jwave.com.br
Editor do JWave, Podcaster e Gamer nas horas vagas. Também trabalhou na Anime Do, Anime Pró, Neo Tokyo e Nintendo World.

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