O documentário Empate, dirigido pelo premiado cineasta Sérgio de Carvalho, chega aos cinemas brasileiros em 5 de dezembro de 2024. Distribuído pela Descoloniza Filmes e produzido pela Saci Filmes, o longa teve sua estreia mundial na 22ª Mostra de Tiradentes. Ele chega às vésperas da Semana Chico Mendes, um evento anual realizado entre 15 e 22 de dezembro, que celebra o legado do seringueiro, sindicalista e ativista assassinado em 1988.
O filme terá uma sessão pública no Acre, estado que foi palco das lutas lideradas por Chico Mendes. Em 2024, celebram-se 80 anos do nascimento do ativista, cujas ações continuam a inspirar movimentos sociais no Brasil e no mundo.
Um Retrato do Movimento Seringueiro
Empate explora a resistência dos seringueiros do Acre nas décadas de 1970 e 1980, com base em entrevistas e um rico acervo de imagens de arquivo. A obra nasceu do encontro de Sérgio de Carvalho com Elenira Mendes, filha de Chico Mendes, durante as comemorações dos 20 anos da morte do ativista.
Para Carvalho, a abordagem vai além do passado: “Queríamos retratar esses companheiros do Chico, não como figuras históricas, mas como agentes políticos também do presente.” O documentário foi filmado em 2016, logo após o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, capturando um momento de grande turbulência política no país.
O cineasta ressalta como o filme reflete a atualidade: “Ele é um chamado à luta, mostrando como esses trabalhadores enfrentaram sistemas opressores, latifundiários, a polícia e o poder econômico. O contexto de resistência se mantém vivo e necessário.”
Arquivos e Memórias
Além de entrevistas exclusivas, o longa utiliza materiais de arquivo históricos, como as filmagens do cineasta britânico Adrian Cowell, que registrou a expansão da BR-364 na Amazônia e o impacto da devastação ambiental. Também estão presentes as gravações do jornalista Edilson Martins, incluindo a última entrevista de Chico Mendes, feita poucas semanas antes de seu assassinato.
Carvalho mistura elementos de ficção e documentário, desafiando as fronteiras entre os dois formatos. “Não acredito em um documentário que captura a realidade como ela é. Sempre é uma interpretação, e os personagens, mesmo em frente às câmeras, estão performando sua verdade.”
Uma Reflexão Atual
Empate não é apenas um registro histórico, mas também uma análise sobre a relevância das lutas socioambientais no Brasil contemporâneo. Com 90 minutos de duração, o documentário evidencia que o legado de Chico Mendes permanece vivo, inspirando novas gerações a resistir às ameaças que ainda pairam sobre a Amazônia e seus povos.
O filme é uma homenagem à força de comunidades que enfrentaram adversidades em busca de justiça e preservação, reafirmando a importância de manter a memória e a luta de Chico Mendes e dos seringueiros.