A partir de quinta-feira (5), o público brasileiro poderá conhecer Salão de Baile: This is Ballroom, o primeiro longa-metragem do país a abordar a cena ballroom. O filme se torna uma vitrine importante para o movimento que, desde a década de 70, resiste e floresce dentro da comunidade LGBTQIAPN+ e preta, levando a cultura de Nova York para as ruas do Rio de Janeiro. Esta estreia marca uma imersão na efervescente cena carioca, onde corpos dissidentes se expressam e celebram suas identidades por meio de dança, moda e muito mais.
A Trajetória do Longa e o Reconhecimento Internacional
Salão de Baile: This is Ballroom teve sua estreia mundial no Festival Internacional de Documentários de Copenhagen, em março de 2024, e desde então, vem conquistando prêmios e público ao redor do mundo. O documentário, que levou para casa o Prêmio de Melhor Montagem e uma Menção Honrosa no Festival do Rio 2024, já passou por diversos festivais internacionais, incluindo o Queer Porto, em Portugal, e o Oslo/Fusion Festival, na Noruega. No Brasil, foi destaque em eventos como a 13ª edição do Olhar de Cinema, a 48ª Mostra de São Paulo e o Festival Mix Brasil.
Juru, uma das diretoras e roteiristas, compartilha sua visão sobre o reconhecimento internacional: “A nossa equipe, composta majoritariamente por pessoas da cena ballroom, tem sido fundamental para construir um retrato único e autêntico dessa comunidade”. A combinação de experiências reais e visões do interior desse movimento fez com que o filme ressoasse tanto com os jurados quanto com o público.
Dentro da Cena Ballroom Carioca
O documentário acompanha um ball, evento performático da cena ballroom, onde a diversidade e a liberdade de expressão encontram espaço para florescer. Competindo em modalidades como dança, moda, beleza e música, os participantes criam um ambiente de resistência cultural e de afirmação das identidades LGBTQIAPN+. A ballroom é, essencialmente, um espaço de fortalecimento para corpos dissidentes, principalmente para pessoas negras e trans, que buscam resistir às opressões sociais e culturais.
A equipe de produção, composta por figuras ativas dentro da cena carioca, busca proporcionar uma experiência sensorial de imersão ao espectador. Vitã, co-diretora do filme, enfatiza: “Mais do que um filme sobre a cena ballroom, construímos uma obra com a comunidade. Queremos que o público sinta a potência desse universo underground”.
Impacto Cultural e Representatividade
A produção de Salão de Baile: This is Ballroom é uma colaboração com a comunidade ballroom, que inclui diversas casas e coletivos, como a House of Alafia, House of Mamba Negra e Casa de Dandara. Estas casas são as células fundamentais do movimento, oferecendo apoio e um senso de pertencimento para os participantes. A partir da década de 2010, o Rio de Janeiro começou a viver seu próprio movimento ballroom, com a primeira ball local ocorrendo em 2016, e desde então, o movimento tem se consolidado e crescido.
“Este filme não só documenta uma cena, mas também celebra a resistência, a diversidade e a criatividade de uma comunidade que continua a quebrar barreiras sociais”, afirma Luis Carlos de Alencar, um dos produtores do filme e membro ativo do movimento.
Prêmios e Reconhecimento
Além dos prêmios no Brasil e em festivais internacionais, o filme recebeu prêmios de prestígio, incluindo o Diversity Award no Afrika Film Festival, na Alemanha, e o Prêmio de Melhor Documentário no Oslo/Fusion Film Festival, na Noruega.
Programação e Expectativas
A partir de quinta-feira, Salão de Baile: This is Ballroom estará disponível nos cinemas de várias cidades brasileiras, incluindo Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte, Porto Alegre e Salvador. A produção tem o apoio de distribuidoras como a Retrato Filmes e promete não só entreter, mas também educar e inspirar, trazendo à tona questões de identidade, expressão e resistência cultural dentro do contexto LGBTQIAPN+ no Brasil.
Com a crescente visibilidade do movimento ballroom, esse documentário coloca o Brasil no centro das discussões sobre diversidade e inclusão no cenário global.
