terça-feira, janeiro 28, 2025
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Crítica | Sem musicais e com muitos efeitos especiais, O Maravilhoso Mágico de Oz – Parte 1 entrega uma boa história

Chegando aos cinemas no final das férias escolares, O Maravilhoso Mágico de Oz – Parte 1 traz a grandeza do cinema russo em uma versão levemente diferente do clássico que conhecemos.

A nova adaptação é inspirada na obra de L. Frank Baum e na releitura russa de Alexander Volkov. Assim, muitos personagens que conhecemos de um jeito são chamados de outro, como Villina (Aleksandra Bogdanova), que seria a Glinda em outras versões.

Dirigido por Igor Voloshin, O Maravilhoso Mágico de Oz – Parte 1 apresenta um filme sem números musicais, mas com cenários grandiosos e paisagens belíssimas, que trazem a sensação de estarmos assistindo a algo como O Senhor dos Anéis. Atualizando o conto para os dias de hoje, o filme substitui Dorothy por Ellie (Ekaterina Chervova) como protagonista, mas o fiel Totó continua o mesmo.

Se você assistiu a Wicked no ano passado e ficou com vontade de revisitar esse universo, O Maravilhoso Mágico de Oz – Parte 1 oferece um pouco mais do clássico.

Mas vamos falar da história?

Ellie quer só voltar para casa

Ellie e sua família estão viajando de trailer, acampando por aí. Tentando afastar a filha da tela do celular, os pais de Ellie guardam o aparelho no trailer enquanto seguem viagem de carro.

O que ninguém esperava era a chegada de um furacão. Durante uma discussão, Ellie sai do carro para recuperar seu celular, que estava no trailer. Nesse momento, o furacão atinge o trailer, separando-o do carro e o levando pelos céus.

Horas depois, Ellie acorda em meio ao trailer revirado. Ao abrir a porta, percebe que está em um país mágico: a terra dos Munchkins. Lá, os habitantes estão celebrando, pois a “estranha casa” caiu em cima da Bruxa Malvada Gingema (Vasilina Makovtseva), que havia criado o furacão que uniu os dois mundos.

Sem entender o que está acontecendo, Ellie tenta usar o celular, mas percebe que não há sinal algum naquele lugar. Com Totó ao seu lado, ela se apresenta aos Munchkins, que comemoram a morte da bruxa. Nesse momento, surge Villina, a Bruxa Boa do Norte, que explica o que Ellie precisa fazer para voltar para casa. Villina revela os reinados do lugar e afirma que Ellie deve encontrar três seres mágicos e ir até o Grande Oz para realizar seu desejo.

Villina que apresenta este estranho mundo para Ellie e o Totó

Enquanto isso, Totó, que agora fala (uma das adições mais divertidas desta versão), pega os sapatos mágicos de Gingema para Ellie, que estava descalça. Os sapatos, num efeito que lembra De Volta para o Futuro, encolhem e se ajustam perfeitamente aos pés da menina, o que ela acha incrível. Aqui os sapatinhos são prata e não rubi como os do filme da MGM, seguindo mais os contos originais.

Assim, Ellie e Totó partem pela trilha dos tijolos amarelos em busca dos três seres mágicos, enquanto Bastinda (Svetlana Khodchenkova), irmã de Gingema, descobre a morte da irmã e decide recuperar os sapatos a qualquer custo.

Algumas soluções são bem criativas, como o design do Espantalho, que, embora diferente, convence. Distante da versão clássica de 1939, o Espantalho tem uma personalidade doce e leve, conquistando rapidamente o público. A versão dublada, possivelmente feita por Ulisses Bezerra (o eterno Shun de Cavaleiros do Zodíaco), reforça a sensação de familiaridade.

Espantalho é uma das boas surpresas desta versão

A chegada do Homem de Lata, com sua trágica história de como foi transformado em metal após uma série de acidentes, acrescenta um tom melancólico e despretensioso à narrativa.

Por fim, temos o Leão Covarde, criado totalmente em CGI. O resultado é impressionante, mostrando o quanto o cinema evoluiu. A interação constante do leão com o grupo, especialmente com Totó, é divertida, com o cãozinho tentando ensinar o leão a ser mais corajoso.

Mas será que Ellie conseguirá falar com Oz agora que reuniu o grupo completo? Bastinda certamente fará de tudo para atrapalhar seus planos.

Leão em CG impressiona e é um dos pontos altos do filme

Opinião

O Maravilhoso Mágico de Oz – Parte 1 apresenta uma história conhecida, mas com uma abordagem atualizada. Com uma pegada totalmente diferente de outras versões, o filme surpreende pelos efeitos especiais e pelas novas versões de personagens clássicos.

A versão dublada conta com um elenco de vozes conhecidas, especialmente para os fãs de animes e novelas latinas, o que traz familiaridade. A trilha sonora, por outro lado, mantém o toque russo da produção.

A atualização da história funciona bem, especialmente para o público jovem. Ellie e seu celular fazem sentido para as crianças de hoje, com momentos modernos como selfies com o Espantalho, o Homem de Lata e o Leão. Além disso, o celular também serve como conexão emocional, permitindo que Ellie mate a saudade dos pais enquanto tenta voltar para casa.

Totó falante é um dos pontos altos do filme, roubando a cena várias vezes e até questionando seu próprio nome. Essa adição traz frescor à história e boas risadas.

O ponto fraco do filme talvez esteja em seus vilões. Bastinda nunca chega a confrontar Ellie diretamente, o que elimina os tradicionais embates entre o bem e o mal. Esse distanciamento enfraquece o impacto da ameaça, já que Ellie nem entende o perigo que enfrenta.

Apesar disso, O Maravilhoso Mágico de Oz – Parte 1 consegue se manter fiel à essência da história, com papéis bem definidos de heróis e vilões. Diferentemente de releituras como Wicked, que desconstruem esses papéis, o filme opta por uma narrativa mais tradicional, o que não chega a ser um defeito, apenas uma escolha artística.

Divertido e leve, o filme funciona muito bem para as crianças. Vale lembrar que esta é apenas a primeira parte, com continuação prevista para 2027.

O grupo fazendo uma “selfie” com telefone da Ellie

Nota: 4 (de 5)

O Maravilhoso Mágico de Oz – Parte 1

Trilha sonora: Daria Golovacheva

Direção: Igor Voloshin

Roteiro: Timofei Dekin, Roman Nepomnyashchiy, Aleksandr Volkov

Produção: Petr Anurov, Aleksandr Gorokhov, Tina Kandelaki, Nikita Mikhalkov, Grigoriy Stoyalov, Leonid Vereshchagin, Vadim Vereshchagin, Aleksandr Zharov

Direção de fotografia: Mikhail Milashin

Agradecimentos a Imagem Filmes e a Sinny pelo convite para produção deste conteúdo

Giuliano Peccilli
Giuliano Peccillihttp://www.jwave.com.br
Editor do JWave, Podcaster e Gamer nas horas vagas. Também trabalhou na Anime Do, Anime Pró, Neo Tokyo, Nintendo World e Jornal Nippon Já.

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