O cinema sempre foi uma poderosa ferramenta de reflexão, especialmente quando aborda momentos de crise. Filmes como 12.12: O Dia, da Coreia do Sul, e Ainda Estou Aqui, do Brasil, são exemplos de como a arte pode nos lembrar do impacto dos eventos passados, ajudando a entender os desafios enfrentados no presente. Ambos os filmes, apesar de suas diferenças culturais, exploram a fragilidade das democracias e a luta constante pela liberdade, apresentando tramas que, mesmo distantes no tempo e espaço, têm muito a nos ensinar.
Em tempos de crise, como já disse Fernanda Torres ao vencer o Globo de Ouro por sua atuação em “Ainda Estou Aqui”, o cinema tem a capacidade de nos ensinar a sobreviver. “12.12: O Dia” não é apenas um lembrete sobre o passado, mas também um alerta sobre os riscos do presente. A partir de 23 de janeiro, o filme estará nos cinemas brasileiros, distribuído pela Sato Company, e servirá como um convite à reflexão sobre o papel da história na preservação das liberdades democráticas.
O Reflexo do Passado no Presente: Lições de “12.12: O Dia” e “Ainda Estou Aqui”
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Enquanto Ainda Estou Aqui revisita os traumas da ditadura militar no Brasil, 12.12: O Dia mergulha em um dos momentos mais decisivos da história da Coreia do Sul: o golpe militar de 1979. A morte do presidente Park e a imposição da lei marcial desencadearam uma luta pelo poder entre militares, com o comandante Chun Doo-gwang tentando tomar o controle, enquanto Lee Tae-shin, comandante da Defesa da Capital, lutava para manter a neutralidade do exército.
A relação com Ainda Estou Aqui se dá na forma como ambos os filmes nos lembram de como períodos de opressão podem ser devastadores, mas também revelam a resistência das pessoas que se levantam para proteger a liberdade. No filme brasileiro, Fernanda Torres se destaca como uma personagem que, ao encarar os desafios de um passado de repressão, ressurge com força para lutar pela sobrevivência. Já 12.12: O Dia tem o mesmo poder de relembrar, mas de uma forma mais voltada para a política militar, destacando os dilemas morais de quem busca defender a democracia diante de uma crise.
A Contemporaneidade de “12.12: O Dia” no Brasil
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A relevância de 12.12: O Dia vai além do retrato de 1979. O filme coreano ganha uma nova perspectiva quando lembramos da recente declaração de lei marcial na Coreia do Sul, em 2024, que causou uma grande onda de protestos após o presidente Yoon Suk-yeol tentar restringir liberdades políticas e de imprensa. Esse evento gerou um debate sobre os riscos à democracia no país, algo que faz o filme de Kim Sung-soo ecoar ainda mais forte no contexto atual. A comparação com o golpe de 1979 não é apenas uma reflexão sobre o passado, mas também um alerta sobre o que pode acontecer se as liberdades democráticas não forem defendidas.
Esse eco do passado se alinha perfeitamente com os temas de Ainda Estou Aqui. Embora o filme brasileiro trate da ditadura militar, ele traz à tona questões semelhantes sobre a resistência, a luta pela liberdade e a memória coletiva que deve ser preservada. Ambos os filmes, ao revisitar os traumas históricos, nos provocam a refletir sobre o que é necessário para manter as conquistas democráticas e evitar que a história se repita.
Cinema Como Ferramenta de Reflexão e Alerta
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Tanto 12.12: O Dia quanto Ainda Estou Aqui reforçam a importância do cinema como ferramenta de reflexão. Ao revisitar momentos de crise política, esses filmes não apenas oferecem uma janela para o passado, mas também servem como um alerta para o presente. O poder do cinema vai além do entretenimento; ele nos ensina a resistir, a lutar pela liberdade e a nunca esquecer os erros cometidos.
Ambos os filmes são uma maneira de refletirmos sobre a importância de proteger a democracia e os direitos humanos, especialmente em tempos em que essas conquistas podem ser ameaçadas. Se a história nos ensina algo, é que a vigilância constante é necessária para garantir que nunca mais vivamos momentos de opressão como os retratados nas telas.
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A Luta pela Liberdade Através do Cinema
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Em um momento de desafios políticos globais, 12.12: O Dia e Ainda Estou Aqui oferecem uma visão sobre como os ciclos de opressão e resistência se repetem ao longo da história. Ambos os filmes destacam o papel vital do cinema não apenas como forma de entretenimento, mas como um veículo para discutir questões políticas e sociais cruciais. Se o passado é um reflexo do presente, como nos mostram essas duas obras, é essencial que não percamos de vista a importância de lutar pela liberdade em todos os tempos.
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12.12: O Dia
Distribuição: Sato Company
Direção: Kim Sung-soo
Elenco: Hwang Jung-min, Jung Woo-sung, Lee Sung-min, Park Hae-joon, Kim Sung-kyun
Duração: 141 minutos
Classificação Indicativa: 12 anos
Estreia: 23 de janeiro