A série documental Gente do Xingu, dirigida por Takumã Kuikuro, começou a ser filmada no Território Indígena do Xingu, com lançamento previsto para 2025. Takumã, cineasta do povo Kuikuro, cresceu na aldeia Ipatse, no Alto Xingu, e é conhecido internacionalmente por sua contribuição ao cinema indígena. A produção mergulha no cotidiano de personagens xinguanos e utiliza o cinema direto para mostrar a vida em uma área que conecta Cerrado e Amazônia, abrangendo 2,8 milhões de hectares.
Protagonismo Indígena e Preservação Cultural
Com uma equipe formada por 70% de profissionais indígenas, a produção é resultado da parceria entre Xingu Filmes, Coletivo Kuikuro de Cinema, Lamiré, Palmira Filmes e Olho-Pião Filmes. Takumã destaca o papel do cinema na preservação das memórias e tradições de seu povo: “O cinema é uma forma de manter nossas histórias vivas, nossos cantos e a memória dos antepassados. Também é um caminho para mostrar a força da nossa cultura e exigir respeito ao nosso povo e à floresta”.
A produtora Nadja Dulci reforça a importância da Lei Paulo Gustavo, que financiou o projeto. Segundo ela, a lei descentraliza os recursos culturais e amplia a compreensão sobre a diversidade cultural do Brasil, fortalecendo a relação entre arte e política.
Temas e Abordagens da Série
Os oito episódios exploram questões centrais para os povos do Xingu, como manejo sustentável da terra, acesso à educação, preservação da biodiversidade e interação entre práticas médicas tradicionais e ocidentais. Também abordam temas como direitos indígenas, saúde, agricultura, música e tradições culturais, destacando o equilíbrio entre saberes ancestrais e desafios atuais.
“Queremos mostrar que nós, indígenas, temos profissões, sabemos contar nossas próprias histórias e buscamos viver em paz com a floresta e com os não indígenas. Esta é uma oportunidade de assumir o protagonismo”, explica Takumã.
Detalhes da Produção
A direção da série é assinada por Takumã Kuikuro, com participação da diretora convidada Kujãesage Kaiabi. O roteiro é de Daniel Massa, e a direção de fotografia fica a cargo de Kalutata Kuikuro e João Bertoli, com assistência de Marrayury Kuikuro. O som direto é realizado por Kuiaitsi Kuikuro (Bob Kuikuro), e a identidade visual leva a assinatura de Gustavo Caboco. A produção tem o apoio do Governo de Mato Grosso e do Ministério da Cultura, através da Lei Paulo Gustavo.
Sobre Takumã Kuikuro
Takumã é um cineasta do povo Kuikuro com mais de 20 anos de experiência. Dirigiu filmes premiados como As Hiper Mulheres e Território Pequi, além de atuar como curador da exposição “Xingu: Contatos” no Instituto Moreira Salles. Também é membro honorário da Queen Mary University London e finalista do Prêmio Jabuti. Sua dedicação ao Coletivo Kuikuro de Cinema envolve a formação de novos cineastas indígenas em todo o país.
Colaboração dos Produtores
Nadja Dulci e Vitor Campanario têm uma história de colaboração com Takumã Kuikuro, com projetos como Gente do Xingu e o longa Antropólogo Aprendiz, recentemente aprovado em edital da Petrobras. Essa parceria reflete um compromisso com a valorizção das narrativas indígenas.