quarta-feira, janeiro 15, 2025
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Iracema – Uma Transa Amazônica | Filme recebe restauração e terá exibição internacional na Berlinale 2025

Iracema – Uma Transa Amazônica, de Jorge Bodanzky e Orlando Senna, será exibido na Berlinale 2025, agora em sua versão restaurada. O filme, que completou 50 anos em 2024, vai integrar a programação do Festival Internacional de Cinema de Berlim, que acontece entre 13 e 23 de fevereiro. O processo de restauração foi realizado na Alemanha, com coordenação técnica de Alice de Andrade e o apoio de várias instituições, como o CTAV, Mnemosine, IMS, PUC Rio, Instituto Guimarães Rosa e Cinemateca Brasileira.

A Berlinale 2025 e o Contexto Temático

O filme foi selecionado para a seção Forum Special, curada por Barbara Wurm. Essa seção traz filmes históricos e contemporâneos que compartilham temas e diálogos entre si. A edição deste ano foca na temática “Open Wounds, Open Words”, que explora questões como o despertar da juventude, a construção de identidade e os desafios do crescimento em contextos de desigualdades sociais e políticas. Nesse contexto, Iracema se encaixa perfeitamente, apresentando um olhar crítico sobre as feridas sociais e políticas do Brasil.

O Brasil também será representado com outros filmes em Berlim, como Ato Noturno, de Marcio Reolon e Filipe Matzembacher, e A Natureza das Coisas Invisíveis, de Rafaela Camelo.

A Relevância de um Clássico Nacional

Lançado originalmente em 1974, Iracema – Uma Transa Amazônica é um drama semidocumental que mistura ficção e realidade para abordar os impactos da construção da Rodovia Transamazônica, um dos grandes projetos da ditadura militar. O filme segue Iracema (Edna de Cássia), uma jovem de 15 anos que se vê forçada à prostituição e começa a viajar com Tião Brasil Grande, um caminhoneiro interpretado por Paulo César Peréio. Enquanto Tião representa a promessa de progresso da ditadura, Iracema simboliza as vítimas dessa transformação forçada, trazendo à tona a exploração e as tragédias da Amazônia.

Considerado um filme subversivo na época, Iracema foi proibido no Brasil até 1981. Mesmo assim, rapidamente se tornou um marco do cinema nacional e entrou para a lista dos 100 melhores filmes brasileiros de todos os tempos, feita pela Associação Brasileira de Críticos de Cinema (Abraccine). O filme também coleciona prêmios importantes, como os troféus de Melhor Filme e Melhor Atriz (Edna de Cássia) no Festival de Brasília de 1980, além de reconhecimento internacional em festivais como Cannes e Taormina.

Continuidade e Memória Cinematográfica

Agora, com a distribuição pela Gullane+, o filme segue seu circuito de exibições no Brasil, reforçando sua importância histórica e contemporânea. Iracema não é apenas um olhar crítico sobre um período específico da história do Brasil, mas também uma reflexão sobre os problemas que ainda afligem a sociedade brasileira, especialmente no que diz respeito à Amazônia.

Iracema – Uma Transa Amazônica

Ano: 1974

Duração: 91 minutos

Direção: Jorge Bodanzky, Orlando Senna

Roteiro: Jorge Bodanzky, Hermanno Penna, Orlando Senna

Elenco: Paulo César Peréio, Edna de Cássia, Lúcio Dos Santos, Elma Martins, entre outros

Produção: Stop Film, Zweites Deutsches Fernsehen (ZDF)

Trilha sonora: Jorge Bodanzky, Achim Tappen

Restauração: Coordenação técnica de Alice de Andrade, apoio do CTAV, Mnemosine, IMS, PUC Rio, Instituto Guimarães Rosa, e Cinemateca Brasileira

    Giuliano Peccilli
    Giuliano Peccillihttp://www.jwave.com.br
    Editor do JWave, Podcaster e Gamer nas horas vagas. Também trabalhou na Anime Do, Anime Pró, Neo Tokyo e Nintendo World.

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