Em 2014, Sailor Moon chegou pela primeira vez ao Brasil em mangá pela Editora JBC. Passados dez anos, a mesma Sailor Moon retorna em sua versão Eternal Edition, provando que o que já era bom pode ficar ainda melhor.
Lançada na CCXP 2024, Sailor Moon Eternal Edition representa o que há de mais sofisticado da Editora JBC, trazendo capa com laminação glitter, páginas coloridas, papel couché de alta gramatura, orelhas e tudo aquilo que jamais imaginamos ter no país.
Quando comprei Sailor Moon em 2014, numa festa especial da JBC na Saraiva do Shopping Center Norte, jamais pensei que o mangá teria uma nova chance no Brasil. Dez anos depois, Sailor Moon não só voltou, como foi revisado com ajuda de especialistas e ganhou um acabamento ‘premium’.
Com ares de “edição definitiva”, Sailor Moon Eternal Edition #01 é um sonho realizado para quem conheceu a obra na Rede Manchete e por anos acreditou que o mangá jamais seria publicado no Brasil. Desde 2014, diversos clássicos chegaram ao mercado brasileiro, como Rosa de Versalhes e Akira, mostrando o amadurecimento do público e ampliando os formatos disponíveis. Assim, a Eternal Edition, com seu papel couché, atende a um nicho de leitores que desejam uma versão “eterna” da guerreira da lua.
Mas vamos falar de Sailor Moon?
Derivado de Sailor V, Sailor Moon foi criado por Naoko Takeuchi como um projeto ambicioso. Inspirado em gêneros como Fushigi Comedy Series (com produções como Estrela Fascinante Patrine) e Super Sentai, Sailor Moon estreou na Nakayoshi em 1991.
No mesmo universo de Sailor V (que se tornaria Sailor Vênus), Sailor Moon apresenta uma garota de 14 anos que vai mal na escola, é mimada e sem aptidão para ser heroína — o oposto da Sailor V.
Menos de seis meses depois, veio a adaptação para anime, que chegou ao Brasil e iniciou a febre das guerreiras da lua. Com o mangá publicado mensalmente pela Nakayoshi, a Toei teve que “fazer milagre” com uma série semanal, criando arcos completos e dando mais autonomia ao anime, que seguiu caminhos diferentes do original.
Ao ler Sailor Moon pela primeira vez, você reconhece muito do anime, mas se surpreende ao perceber que os 7 capítulos de Sailor Moon Eternal Edition #01 cobrem praticamente o mesmo arco da primeira temporada do anime, com 46 episódios.
Com artes em página dupla, Naoko destaca suas personagens e constrói uma narrativa focada na ação, o que torna o mangá ainda mais belo em uma edição maior como a Eternal Edition.
Vamos à história?
Sailor Moon começa com Usagi indo para a escola como uma adolescente normal. Após salvar uma gata com uma lua na testa, ela chega atrasada na aula e descobre que tirou nota baixa na prova.
Logo, ela encontra Mamoru Chiba, um jovem que não simpatiza com Usagi, dando início a uma relação conturbada. Paralelamente, conhecemos a rainha Beryl e seus generais, que buscam energia para alimentar a Rainha Metalia. Um deles, Jadeite, enfrenta Usagi, despertando Ami, que se torna Sailor Mercury.
A primeira edição não perde o ritmo, apresentando novas sailors rapidamente: Sailor Mars e Sailor Jupiter. Apesar de tantos personagens, Naoko explora bem a relação entre Usagi e Mamoru, que não se reconhecem enquanto Sailor Moon e Tuxedo Mask. Mamoru é o primeiro a descobrir a identidade de Usagi, e a dinâmica entre os dois, com a gata Lua protegendo a heroína, é um dos destaques dessa edição.
Com uma deixa para a chegada de Sailor Venus e a conclusão de Sailor V, Sailor Moon Eternal Edition #01 equivale a um volume e 60 páginas a mais da edição de 2014, condensando quase toda a primeira temporada do anime em um único volume.
A edição brasileira
Traduzido para o português pelo Arnaldo Massato Oka, a Sailor Moon Eternal Edition #01 apresenta uma ampla revisão dos termos e golpes utilizados em sua primeira versão. O resultado é uma edição mais padronizada e fiel ao original. Além disso, caso algum personagem tenha recebido outro nome na versão animada, a edição inclui rodapés explicativos, facilitando bastante a compreensão durante a leitura.
Vale destacar que Sailor Moon sofreu, ao longo de suas dublagens no Brasil, com a adoção de nomes ocidentalizados. A primeira temporada do animê foi dublada pela Gota Mágica, enquanto as seguintes ficaram a cargo da BKS. Essas inconsistências sempre incomodaram os fãs. Em 2014, o mangá enfrentou a difícil missão de “arrumar a casa”, e o trabalho realizado naquela ocasião foi bom. Esta nova versão aprimora ainda mais o que já havia sido feito, abandonando por completo a ocidentalização que marcou os anos 1990, como ocorreu com Sailor Moon e Guerreiras Mágicas de Rayearth, para preservar os nomes originais.
Nesta nova edição, não foi apenas a tradução que recebeu atualizações. O trabalho gráfico também foi revisado, trazendo melhorias visuais significativas. Ao comparar lado a lado as edições de 2014 e a Eternal Edition, as diferenças são gritantes, revelando o cuidado extra investido nesta nova publicação.
A edição brasileira se destaca pela capa com laminação glitter, que confere um ar ainda mais premium. Como fã, talvez eu preferisse uma capa dura, mas isso não diminui o brilho desta edição, que considero uma verdadeira vitória por estar sendo lançada neste formato no Brasil.
Muitos têm ressalvas em relação ao papel couché de alta gramatura, mas preciso confessar que gosto bastante deste tipo de papel. Ele é perfeito para admirar a arte do mangá, especialmente nas páginas coloridas, que ganham ainda mais destaque. Já colecionei Dragon Ball – Edição Definitiva, que também utiliza esse papel, e apesar de algumas críticas ao brilho e à tonalidade branca, considero uma excelente escolha para edições de luxo. Não sou especialista em papel, mas precisava destacar o acerto dessa decisão. As páginas coloridas, em particular, se beneficiam muito deste formato, trazendo um salto de qualidade em comparação à edição anterior.
Outro ponto importante é o tamanho da edição. Enquanto a versão de 2014 media 12 x 18 centímetros, a nova edição tem dimensões de 15,2 x 21 centímetros. Essa diferença pode parecer pequena, mas proporciona uma experiência de leitura completamente nova, permitindo valorizar ainda mais a arte de Naoko Takeuchi.
Por fim, a nova edição conta com 296 páginas, contra as 240 da primeira versão. Essa alteração reduz o total de volumes da coleção para 10, tornando-a mais compacta e prática para colecionadores.
Opinião
Sailor Moon Eternal Edition #01 conseguiu superar todos os aspectos da sua primeira publicação no Brasil, consolidando-se como a edição definitiva para colecionadores e fãs da obra de Naoko Takeuchi.
O mercado brasileiro de mangás é dominado por títulos shonen, voltados obviamente para o público masculino. Por outro lado, obras shoujo geralmente enfrentam mais dificuldade para se destacar, mesmo que sejam pensados para garotas, também agrada diferentes públicos. Por isso, o lançamento de Sailor Moon em um formato de luxo é uma vitória para quem gosta do gênero. Nunca tivemos algo tão caprichado para um título originalmente criado para garotas. Essa edição inaugura uma nova fase para o segmento shoujo no Brasil.
É verdade que alguns podem questionar se vale a pena atualizar a coleção, especialmente com o preço de R$ 99 por volume. Para quem já possui a versão anterior, o custo pode parecer alto. Tudo depende de quanto você é fã e de sua situação financeira. Se você é do tipo que compra poucos mangás no mês, investir nessa nova edição é uma escolha que não vai pesar tanto. Porém, se costuma adquirir muitos títulos, talvez seja melhor esperar uma promoção ou o momento certo para completar a coleção.
Além disso, nem todo mundo vê valor em edições de luxo. Caso as melhorias da Eternal Edition, como o papel couché, a maior fidelidade na tradução, o tamanho maior e os extras, não sejam essenciais para você, manter a edição de 2014 é perfeitamente compreensível. O importante é o quanto você valoriza o que essa nova edição representa.
Particularmente, considero a Eternal Edition um salto significativo em termos de qualidade. Desde a capa com laminação glitter até as páginas coloridas, passando pelo cuidado gráfico e pela tradução revisada, tudo contribui para tornar essa edição especial. Ainda que eu preferisse uma capa dura, isso não diminui o brilho dessa publicação.
Outro ponto que vale mencionar é o papel couché de alta gramatura. Sei que muitos não gostam por conta do brilho ou da coloração branca. Na minha opinião, ele é perfeito para valorizar a arte de Naoko Takeuchi, especialmente nas páginas coloridas. Já colecionei outros títulos nesse papel, como Dragon Ball – Edição Definitiva, e sempre achei que combina muito bem com edições de luxo.
Por fim, o novo tamanho de 15,2 x 21 cm, comparado aos 12 x 18 cm da edição anterior, transforma a experiência de leitura. É um prazer admirar as artes da Naoko em um formato maior que dá ainda mais destaque ao trabalho dela. Com 296 páginas, a coleção foi condensada em 10 volumes, algo que também contribui para uma organização mais prática.
Sailor Moon Eternal Edition é um exemplo do quanto o mercado brasileiro de mangás evoluiu. É um lançamento que não só celebra a história de Sailor Moon, mas também prova que um título shoujo pode receber o mesmo nível de cuidado e luxo que os grandes shonen. Para fãs antigos e novos, é uma oportunidade incrível de reviver ou descobrir a magia da guerreira da lua.
Nota: 5 (de 5)
Sailor Moon Eternal Edition #01
Volume: 01
Número de páginas: 296
Autoria: Naoko Takeuchi
Classificação etária: Livre
Editora JBC
Formato: 15,2 × 21,0 cm
Preço: R$ 99,90
ISBN: 9786555947830
Agradecimentos a Editora JBC que enviou o mangá para produção deste conteúdo