Vencedor do prêmio de ouro no 18th Japan International MANGA Award, Hiro Kawahara compartilha sua jornada da ilustração comercial para os quadrinhos. Em março, ele viaja ao Japão para receber o prêmio e trocar experiências com outros artistas. A entrevista a seguir foi originalmente realizada pela Editora JBC.
Influências e Estilo Artístico
Quais são suas principais influências nos quadrinhos?
Hiro Kawahara: Me identifico muito com o quadrinho europeu. Obras como Beautiful Darkness, de Fabien Vellmann e Kerascoet, ajudaram a moldar meu estilo narrativo. Outras grandes referências incluem Frederik Peeters (O Homem Rabiscado), Jordi Lafebre (Verões Felizes) e Juanjo Guarnido (Blacksad).
No lado japonês, estudo a melancolia de Inio Asano (Oyasumi Punpun) e a abordagem contemplativa de Jiro Taniguchi (O Homem que Passeia). O traço de Ken Niimura (I Kill Giants) também me inspira. E, claro, o Studio Ghibli, que influencia gerações com sua sensibilidade visual e narrativa.
A Transição para os Quadrinhos

Como foi mudar da ilustração comercial para criar quadrinhos?
Hiro Kawahara: Trabalhei 27 anos como ilustrador comercial, o que me deu suporte financeiro e repertório para essa transição. Aos 50 anos, decidi que queria contar histórias.
O mercado da ilustração exige negociações constantes e orçamentos apertados. Percebi que preferia investir nos quadrinhos e no ensino. Ainda ilustro livros infantis, mas minha dedicação às histórias em quadrinhos está crescendo.
A Origem de A Sereia da Floresta
Como surgiu a ideia para a obra?
Hiro Kawahara: Inicialmente, a história se passava no Pacífico durante a Segunda Guerra e envolvia duas espécies de sereias. Durante a pandemia, reformulei o enredo para abordar ignorância e adaptação.
Agora, a trama acontece na Idade Média e acompanha uma sereia que, para sobreviver, assume um novo corpo em uma floresta europeia. Lá, encontra uma médica persa, e juntas enfrentam a Grande Peste e a Inquisição.
Entre as influências, destaco A Pequena Sereia, o filme A Bruxa (Robert Eggers) e a revista Kripta. Os nomes dos personagens (Brissen, Kui e Archeus) são homenagens a histórias dessas compilações.
Curiosidades e Bastidores
A primeira versão de A Sereia da Floresta tinha 30 páginas, mas foi descartada. A versão final, com 160 páginas, foi financiada coletivamente. Atualmente, estou trabalhando em uma prequela para expandir a história.
Curiosamente, há uma conexão sutil entre A Sereia da Floresta e Parzifal, meu outro quadrinho, ambos explorando maternidade e responsabilidade. E a colorização da obra foi feita por minha filha, Nicole Spada.
Ficha Técnica de A Sereia da Floresta
- Autor: Hiro Kawahara
- Gênero: Fantasia
- Páginas: 160
- Volume Único
- Recomendação etária: 16 anos
- Editora: JBC
- Formato: 17,0 × 24,0 cm, capa com orelhas e verniz localizado
- Preço: R$ 69,90
- ISBN: 978-65-5594-572-0
Hiro Kawahara continua a expandir seu universo criativo, mostrando que nunca é tarde para seguir uma paixão.