quinta-feira, fevereiro 20, 2025
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Review | No centro da ação de Like a Dragon: Pirate Yakuza in Hawaii, Majima rouba a cena com estilo

Conhecida originalmente como Yakuza e, mais recentemente, como Like a Dragon, a franquia ganhou um novo público com a adaptação da Prime Video no ano passado. Agora, Like a Dragon: Pirate Yakuza in Hawaii pode ser o ponto de entrada perfeito para novos jogadores, oferecendo uma experiência acessível e envolvente para quem quer conhecer a série.

No novo jogo, Goro Majima surge desmemoriado e é resgatado na pequena Rich Island. Esse início, focado em um protagonista sem lembranças, faz com que o título funcione como uma ótima porta de entrada para iniciantes. Além disso, o jogo expande os eventos de Like a Dragon: Infinite Wealth, colocando Majima no centro da história, o que é algo inédito na franquia, exceto por um capítulo especial em Yakuza Kiwami 2. Aqui, porém, pela primeira vez, o icônico e excântrico Goro Majima assume totalmente o papel de protagonista.

Spin-off da saga principal, Like a Dragon: Pirate Yakuza in Hawaii nasceu com o sucesso de Like a Dragon Gaiden: The Man Who Erased His Name no final de 2023. Sendo uma aventura “extra” que ganhou um jogo inteiramente novo, Like a Dragon: Pirate Yakuza in Hawaii reforça mais uma vez que o Ryu Ga Gotoku Studio não brinca em serviço e entrega um jogo tão rico em história que traz ainda mais brilho ao título.

Com lançamento previsto para 21 de fevereiro, Like a Dragon: Pirate Yakuza in Hawaii nos coloca na missão de ajudar Goro Majima a recuperar suas memórias, mas sem deixar de aprender novas habilidades — agora como capitão pirata, ao lado de sua tripulação em alto-mar.

Mas vamos falar um pouco da produção?

O Ryu Ga Gotoku Studio estava desenvolvendo dois jogos da série, sendo que o próximo da franquia trará o retorno de Ichiban Kasuga, enquanto aqui temos Goro Majima como protagonista. Mas você sabia que Majima não foi a primeira opção para protagonista? Inicialmente, Daigo Dojima e Taiga Saejima foram considerados para estrelar Like a Dragon: Pirate Yakuza in Hawaii, mas o “jeitão” de Goro Majima combinava muito mais com piratas, o que levou à sua escolha para o novo jogo.

Trazendo ousadia e explorando novas facetas do universo de Like a Dragon, Masayoshi Yokoyama, diretor do estúdio, revelou que queria inovar na franquia, e a abordagem pirata oferecia a oportunidade de criar um novo conjunto de desafios e mecânicas. A confirmação veio ao grande público no RGG Summit 2024, revelando que retornaríamos ao Havaí, mas agora sob a perspectiva de Majima.

Masayoshi Yokoyama

Vocês sabem como Masayoshi Yokoyama incorpora o DNA dos doramas, da J-music e dos mangás no universo de Like a Dragon? Se, para Kazuma Kiryu, temos inspirações em obras como City Hunter e no filme Alvo Duplo, em Like a Dragon: Pirate Yakuza in Hawaii contamos com participações icônicas, como a cantora First Summer Uika, o ator Shunsuke Daitō (que já havia participado de outros jogos da série), além de Takayuki Aoki, Ayumu Tanida e Ryuji Akiyama.

Minato Girls 2024

Além disso, o jogo conta com as Minato Girls, uma seleção feita pela SEGA por meio de um concurso realizado em abril de 2024, com as vencedoras sendo anunciadas em julho do mesmo ano. As escolhidas foram: a YouTuber Misoshiru, a ex-atriz pornô Ai Hongo, a cosplayer Enako, a ex-atriz pornô e atual streamer Kaho Shibuya, e a modelo Kirishima Seiko. Marca registrada da franquia, essas personagens femininas sempre são selecionadas e reveladas ao público durante o desenvolvimento de novos jogos da série.

De volta ao Havaí, o novo jogo também apresenta novos cenários, com destaque para Madlantis, a ilha onde tudo acontece. Terra sem leis e repleta de pirataria, Madlantis foi baseada no conceito clássico de cidade pirata, mas com toques de neon e uma ambientação que lembra um parque de diversões. Com boa parte dos desafios situados ali, Madlantis se junta a Rich Island e Nere Island como novas áreas exploráveis em Like a Dragon: Pirate Yakuza in Hawaii.

A História

Majima que conta a sua versão da história – Giuliano Peccilli

Seis meses se passaram desde os eventos de Like a Dragon: Infinite Wealth, e uma nova história começa. O problema da vez é um vazamento de radiação de um depósito subterrâneo de resíduos tóxicos que ameaça as águas de Nere Island, levando 100 ex-membros de facções da Yakuza a viajarem do Japão para tentar conter a crise.

Enquanto isso, o nosso protagonista, Goro Majima, chega ao Havaí para resolver um problema, mas acaba sofrendo um acidente. Desacordado, ele desperta sem memória em uma praia de Rich Island, onde é resgatado por um garoto chamado Noah Rich (First Summer Uika). Sem nome e sem documento, Majima decide investigar a ilha e tentar descobrir quem é, ao lado do novo amigo, Noah.

Tem um Master System pra Majima matar a nostalgia dos anos 80 – Giuliano Peccilli

Porém, Rich Island é extremamente pequena e, nessa exploração, Majima fará inimigos pelo caminho. Um dos primeiros confrontos é com os piratas da ilha, enquanto ele se afeiçoa a Noah e até a um filhote de tigre, que batiza de Goro de forma inconsciente. Majima também arranja confusão com Jason Rich, pai de Noah e dono do bar da ilha. Querendo zarpar para alto-mar, Majima precisa conseguir um barco, mas, para isso, terá que enfrentar os piratas, expulsá-los da embarcação e partir pelos sete mares. Noah, que nunca saiu da ilha, deseja viver essa aventura, o que gera ainda mais conflitos familiares e um embate entre Majima e Jason.

Depois de botar os piratas para correr, Majima finalmente consegue seu barco e sua tripulação, batizando a embarcação de Goro Maru (Sério mesmo que ele está desmemoriado?). Majima explica a Noah que todas as embarcações japonesas usam Maru no final, o que nos lembra do famoso Kasato Maru, primeiro navio a trazer imigrantes japoneses ao Brasil.

Conquistando o Goro Maru – Giuliano Peccilli

Na tripulação do Goro Maru, conhecemos Masaru Fujita, um chef habilidoso que alerta Majima sobre a necessidade de recrutar alguém que conheça bem as águas da região. Todos olham para Jason Rich, velho conhecido de Masaru e um ex-caçador de tesouros que viajou pela região em busca de um grande tesouro em Nere Island. Depois de uma boa briga, Jason cede e aceita não apenas se juntar à tripulação de Majima, mas também permitir que seu filho embarque nessa aventura.

Neste momento, Majima viaja pela primeira vez, chegando a Nere Island e reencontrando antigos aliados. Ainda sem memória, ele descobre que, com a recente derrota de Bryce, líder da seita Palekana, seus membros estão espalhados pela ilha, vivendo em “sociedade” com a Yakuza local. A ilha está sendo usada para despejo de lixo radioativo, o que está causando vazamentos e se tornará um problema maior no futuro.

Mesmo com a presença de figuras conhecidas e alguns flashbacks de Like a Dragon Gaiden: The Man Who Erased His Name, Majima continua sem lembranças, e Like a Dragon: Pirate Yakuza in Hawaii se concentra exclusivamente nessa nova história, que se torna seu ponto forte.

Madlantis, a Ilha dos Piratas

Madlantis e seu neon – Giuliano Peccilli

Majima e sua tripulação partem novamente e chegam à famosa Madlantis, uma ilha repleta de neon, navios retorcidos e a atmosfera de um parque decadente que voltou à vida. Com belas mulheres a cada esquina e uma “rainha”, Madlantis tem suas próprias leis e regras, o que intriga Majima.

Rainha Michele vai dar muito trabalho ao Majima – Giuliano Peccilli

Governada pela Rainha Michele (interpretada por Romi Park, conhecida por dublar Nana Osaki no anime Nana), Madlantis se destaca como o centro dos acontecimentos da região. Quanto mais Majima explora a ilha, mais ele descobre sobre o Coliseu dos Piratas, onde enfrentará adversários cada vez mais poderosos.

O problema vem na forma de Raymond Law (Miou Tanaka), gerente do Coliseu, que informa Majima de que o Goro Maru está em péssimas condições, além de não possuir a tripulação mínima exigida. Assim, Majima precisa reformar o barco e recrutar mais membros, obrigando-o a ir para um lugar bem conhecido: Honolulu.

Honolulu e o Reencontro

Majima e Noah revisitam lugares conhecidos pelo público Like a Dragon: Infinite Wealth – Giuliano Peccilli

Se você jogou Like a Dragon: Infinite Wealth, este pode ser um dos momentos mais interessantes da história, com Majima encontrando personagens que ajudaram Ichiban Kasuga e Kazuma Kiryu.

Chegamos ao Resolve Bar, onde reencontramos Andre Richardson, que não apenas cede um quarto para Majima, mas também relembra sua recente interação com outros membros da Yakuza. Ele o direciona para Julie e sua oficina, onde o Goro Maru poderá ser reformado e atualizado. O pagamento? Segundo Julie, uma bagatela quando se negocia com Yakuza e piratas.

Kamulop está de volta com suas missões extras – Giuliano Peccilli

Com a reforma em andamento, Majima precisa explorar toda a cidade e recrutar novos tripulantes, o que renderá muitas missões extras e exploração. Durante essa jornada, ele encontrará o mascote de um templo japonês, ajudará gatinhos e até participará de uma excursão com uma idol, digna de fazer seus fãs sentirem pena.

Curiosamente, apesar de ser um Yakuza, Majima aceita caçar alguns foragidos pela justiça local. As recompensas se tornam essenciais, pois alguns potenciais tripulantes do Goro Maru só aceitam se juntar a ele caso ele tenha dinheiro suficiente. Assim, a caça a bandidos pela ilha se torna uma parte importante da jogabilidade.

Mas Majima conseguirá sua tripulação? Como ficará o Goro Maru após a reforma feita por Julie? Ele fará 100 amigos no aplicativo local? E quais desafios o aguardam em seu retorno a Madlantis?

A Jogabilidade

Em Honolulu os combates continuam – Giuliano Peccilli

Esqueça os turnos de RPG de Like a Dragon: Infinite Wealth; aqui, a porradaria rola solta, com o controle a mil para derrotar tudo e todos. Seguindo um estilo mais focado na ação, como em Like a Dragon Gaiden: The Man Who Erased His Name, o jogo aposta na pancadaria em tempo real, colocando o excêntrico Majima nas mãos do jogador.

O jogo traz dois estilos de luta: Mad Dog e Sea Dog. No estilo Mad Dog, Majima luta de maneira clássica, com golpes brutais típicos de um Yakuza. Já no estilo Sea Dog, ele veste um traje de capitão e utiliza duas espadas e uma pistola. Curiosamente, apesar de o estilo Sea Dog remeter a um combate mais “ocidental”, o uso das duas espadas lembra muito mais o Niten Ichi Ryu, estilo de luta de Musashi, do que uma verdadeira luta pirata. Ambos os estilos são extremamente fluidos, e o Sea Dog se destaca por permitir que Majima utilize uma arma antiga durante o combate, tornando as lutas ainda mais dinâmicas e intrigantes.

Por Majima ser um lutador visceral, o jogo traz efeitos de sangue na tela e combos brutais, que variam de saltos acrobáticos a golpes letais com a espada. Algumas sequências chegam a ser cinematográficas, tornando os combates ainda mais empolgantes.

Além disso, um grande destaque do jogo é a presença do Master System na Rich Island, além de jogos disponíveis nas lojas, permitindo que os fãs acima dos 40 anos sintam uma boa dose de nostalgia enquanto jogam Like a Dragon: Pirate Yakuza in Hawaii.

Outro elemento curioso do jogo é o sistema de cultivo, onde o jogador pode plantar, colher e preparar pratos para recuperar energia durante as lutas. Embora, mais adiante, seja possível comprar alimentos em restaurantes e lojas, a experiência de preparar os próprios ingredientes por meio de minigames de precisão adiciona uma camada interessante à jogabilidade.

Shinobi Sushi seria uma referência? – Giuliano Peccilli

Missões secundárias também se destacam, como a inusitada função de entregador de comida, trazendo momentos atrapalhados que lembram Ichiban Kasuga. Além disso, o Resolve Bar está de volta como palco do karaokê, com Majima cantando grandes sucessos da franquia.

Uma das missões recorrentes no jogo envolve localizar itens específicos e tirar fotos para obter recompensas. Assim, cabe ao jogador estar sempre atento para identificar e registrar esses objetos.

Outro grande acerto do jogo são os combates navais, onde navios se enfrentam com canhões. Essas batalhas adicionam um elemento estratégico que foge do tradicional combate corpo a corpo da série. Além disso, os corredores de energia facilitam a navegação, trazendo uma inovação bem-vinda para a franquia.

Localização em Português

A localização “Até injeção na testa” mantém padrão de qualidade já alto do jogo – Giuliano Peccilli

Mantendo o padrão dos jogos anteriores, a SEGA entrega uma localização em português impecável. Traduzir toda a peculiaridade do vocabulário Yakuza para o português não é uma tarefa fácil, mas Like a Dragon: Pirate Yakuza in Hawaii faz isso com maestria.

Se especializando cada vez mais em localizações, como nas séries Persona e Like a Dragon, a SEGA acerta ao trazer um texto com um “jeitão” brasileiro de falar, sem poupar palavrões e usando expressões curiosas, como “virjão”.

Para estudantes de japonês, a série Like a Dragon sempre foi uma excelente fonte de vocabulário que não se aprende em escolas. Uma das experiências mais impressionantes é jogar com o áudio original em japonês e acompanhar a excelente localização em português.

O jogo conta com dublagens em inglês e chinês, mas ainda fica a torcida para que a série ganhe uma versão com áudio em português brasileiro. Com um texto tão bem adaptado, uma dublagem na nossa língua certamente seria um grande acerto.

Opinião

Like a Dragon: Pirate Yakuza in Hawaii honra os outros jogos da série ao ser do tipo de jogo que deve ser apreciado, e não maratonado. Com uma história rica, bons personagens, ótima jogabilidade e um carisma fora da curva, o jogo traz o que há de melhor hoje em dia.

Com Majima narrando sua própria história, é fato que não dá para saber o que é verdade ou mentira. A forma como ele omite certos detalhes, como a diferença de idiomas, não apenas reforça essa incerteza, mas também enfatiza que estamos vendo uma visão bastante particular da história, filtrada pela perspectiva dele.

A relação de “pai e filho” entre Majima e Noah é um dos pontos altos do jogo. Majima defende o garoto e quer apresentá-lo ao “mundo” após ser salvo por ele. Claro, há aspectos bastante impróprios para alguém da idade de Noah, mas, considerando que ele vive em uma ilha frequentada por piratas, talvez já tenha visto de tudo.

Seguindo mais o estilo de Like a Dragon Gaiden: The Man Who Erased His Name em sua jogabilidade, devo admitir que me agradou ainda mais pela fluidez dos combates, distanciando-se do último jogo da série.

“O cliente tem sempre razão” – Giuliano Peccilli

Levar os personagens da franquia para um universo pirata foi um risco, mas resultou em novidades bem interessantes, misturando o clássico imaginário dos piratas com elementos modernos. Isso se reflete na embarcação Goro Maru, nas roupas de Majima e até nos inimigos que aparecem pelo caminho.

Fã de City Pop, Like a Dragon traz algumas músicas que capturam bem esse período da música japonesa, incluindo Friday Night e Koi no Disco Queen, além de outros clássicos já conhecidos da franquia.

Acredito que todo jogo pode ser a porta de entrada para novos jogadores, e Like a Dragon: Pirate Yakuza in Hawaii é uma excelente escolha para quem nunca teve contato com a série. Ao apresentar um protagonista desmemoriado, o jogo funciona como uma página em branco, ideal para novos jogadores mergulharem na franquia e iniciarem uma jornada sem volta.

Entregando o que tem de melhor, Like a Dragon: Pirate Yakuza in Hawaii mantém suas raízes ao oferecer uma história envolvente e uma jogabilidade refinada, fazendo o jogador se perguntar até onde a franquia pode chegar. E a resposta? Like a Dragon não conhece limites.

Nota: 5 (de 5)

Like a Dragon: Pirate Yakuza in Hawaii

Desenvolvedor: Ryu Ga Gotoku Studio

Distribuidora: Sega

Produtor: Ryosuke Horii

Série: Like a Dragon

Plataformas: PlayStation 4, PlayStation 5, Windows, Xbox One, Xbox Series X/S, PC (Steam)

Data de Lançamento: 21 de fevereiro de 2025

Gêneros: Aventura de ação, Beat ‘em up, Hack and slash, Modo(s): Jogador único.

Agradecimentos a SEGA pela cópia do jogo para Playstation 5 para produção deste conteúdo

Giuliano Peccilli
Giuliano Peccillihttp://www.jwave.com.br
Editor do JWave, Podcaster e Gamer nas horas vagas. Também trabalhou na Anime Do, Anime Pró, Neo Tokyo, Nintendo World e Jornal Nippon Já.

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