Com uma filmografia que ultrapassa os 20 longas-metragens e transita entre gêneros como suspense, musical, comédia e romance, François Ozon se firmou como um dos diretores mais prolíficos e inventivos do cinema francês contemporâneo. Seu novo filme, Quando Chega o Outono, estreia nos cinemas brasileiros em 27 de março.
Um Olhar Atento sobre as Relações Humanas
Ozon se destaca por sua capacidade de explorar a complexidade dos sentimentos e das relações humanas, além de apresentar personagens femininas marcantes. Seu reconhecimento internacional ganhou força nos anos 2000 com filmes como 8 Mulheres (2002), que reuniu um elenco de peso, incluindo Catherine Deneuve, Fanny Ardant e Isabelle Huppert. No ano seguinte, lançou Swimming Pool: À Beira da Piscina (2003), um thriller psicológico estrelado por Charlotte Rampling e Ludivine Sagnier, que se tornou um de seus maiores sucessos.
Parcerias Duradouras e Temas Sensíveis
A colaboração com Charlotte Rampling se estendeu a outros projetos, como Sob a Areia (2000) e A Casa (2012), consolidando uma das parcerias mais frutíferas de sua carreira. O cineasta também se aventurou por temas políticos e sociais, como em Graças a Deus (2019), um retrato contundente sobre abusos sexuais na Igreja Católica, e Frantz (2016), um delicado drama histórico ambientado no pós-Primeira Guerra Mundial.
A Trama

Em um vilarejo da Borgonha, Michelle (Hélène Vincent) desfruta da tranquilidade da aposentadoria ao lado da amiga e vizinha Marie-Claude (Josiane Balasko). A chegada do neto Lucas para as férias parecia um evento rotineiro, mas um incidente inesperado — Michelle serve cogumelos venenosos à filha Valérie (Ludivine Sagnier) — transforma esse reencontro em um catalisador de ressentimentos e mistérios. A relação entre mãe e filha, já marcada por traumas do passado, se deteriora ainda mais, enquanto a chegada do filho recém-libertado de Marie-Claude adiciona novos elementos de inquietação.
A Construção do Suspense
François Ozon aposta em um tom de tensão sutil, onde o não dito e as lacunas narrativas exercem papel fundamental na experiência do espectador. “Deixei muita coisa fora de cena, para que o público interpretasse por si só. Muitas vezes, nossos desejos ocultos se realizam sem que tenhamos controle sobre eles”, comenta o diretor.
Além da atmosfera de suspense crescente, o filme investiga as complexas dinâmicas entre mães, filhas e netos, refletindo sobre os dilemas morais e emocionais que atravessam essas relações. “O filme provoca reflexões sobre até onde iríamos para proteger um ente querido acusado de algo grave”, acrescenta Ozon.
Com um elenco de peso e a assinatura inconfundível do diretor, Quando Chega o Outono promete envolver o público em um jogo psicológico onde cada detalhe pode esconder uma verdade perturbadora.
Quando Chega o Outono: Reflexões sobre o Tempo
Em seu novo filme, Ozon retorna a temas recorrentes, como segredos familiares e dilemas morais, mas agora sob a perspectiva do envelhecimento e do cotidiano da terceira idade. Com seu estilo autoral, que equilibra rigor estético e liberdade narrativa, ele segue desafiando convenções e expandindo os horizontes do cinema francês.
Distribuído no Brasil pela Pandora Filmes, Quando Chega o Outono promete ser mais uma obra instigante na filmografia de um diretor que nunca se esquiva da provocação e da reinvenção.

Quando Chega o Outono
Estreia: 27 de março nos cinemas brasileiros
Distribuição: Pandora Filmes
Duração: 102 minutos
Direção: François Ozon
Elenco: Hélène Vincent, Josiane Balasko, Ludivine Sagnier, Pierre Lottin, Garlan Erlos