Adeus, Garoto | Produção italiana estreia no Brasil em maio

O cinema italiano ganha novos ares com Adeus, Garoto (Ciao Bambino), o primeiro longa-metragem do diretor napolitano Edgardo Pistone. Distribuído pela Pandora Filmes, o filme chega aos cinemas brasileiros no dia 8 de maio de 2025, carregando consigo o frescor e a melancolia de uma Nápoles contemporânea, retratada com rara beleza e autenticidade.

Vencedor do prêmio de Melhor Primeiro Filme no Festival de Cinema de Roma de 2024, Adeus, Garoto também disputa o cobiçado David di Donatello — o equivalente italiano ao Oscar — na categoria de Melhor Estreia na Direção. Não é pouco para quem estreia com um drama de fôlego tão pessoal e visualmente arrebatador.

Um olhar poético e rude sobre Nápoles

ADEUS, GAROTO (CIAO, BAMBINO)- Divulgação

Filmado em preto e branco pelo jovem diretor de fotografia Rosario Cammatora, o longa revela uma estética que remete a mestres como Antonioni, De Sica e Pasolini, mas sem cair na armadilha da mera homenagem. Pistone constrói sua própria voz: ora sensível, ora brutal, mas sempre profundamente cinematográfica. A escolha por Nápoles — mais precisamente o bairro de Rione Traiano — reforça essa ambiguidade entre beleza e decadência, memória e esquecimento.

O bairro, como descreve o próprio Pistone, é um “vasto circo melancólico”, onde a vida é sobrevivência diária e a dor é mascarada pelo humor irreverente dos moradores. É nesse cenário que conhecemos Attilio, um jovem de dezenove anos dividido entre o amor recém-descoberto e a lealdade incondicional ao pai.

A trama

No centro da história está Attilio, interpretado por Marco Adamo, um jovem encarregado de proteger uma prostituta do Leste Europeu. Sem jamais poder admitir plenamente, ele se apaixona. Quando seu pai retorna da prisão, trazendo consigo uma dívida impagável, Attilio é forçado a enfrentar um dilema: seguir seu coração ou salvar o pai. A escolha, como em tantos clássicos do cinema italiano, não vem sem consequências dolorosas.

Pistone enriquece a trama com uma reflexão profunda sobre heranças — não apenas materiais, mas emocionais e culturais. “O cinema, como forma, impõe uma regra: transformar tragédias em cópias polidas”, afirmou o diretor em entrevista. Adeus, Garoto é, portanto, um filme sobre o peso daquilo que nos é deixado, e sobre como, muitas vezes, o amor e a liberdade caminham por trilhas opostas.

Um diretor forjado nas ruas

Nascido em Nápoles em 1990, Edgardo Pistone formou-se em direção e fotografia na Academia de Belas Artes da cidade. Sua trajetória já indicava um olhar atento às margens: como assistente de direção no documentário Selfie (2019), vencedor do David di Donatello, e com o curta Le Mosche (2020), premiado em Veneza.

O cinema de Pistone nasce da experiência direta, do contato visceral com a realidade napolitana. Seu trabalho nas periferias, ensinando cinema a jovens locais, permeia a sensibilidade que Adeus, Garoto revela a cada plano, a cada olhar.

Uma estreia que merece atenção

Com 95 minutos de duração, o filme reúne um elenco de novos rostos e veteranos locais: Marco Adamo, Anastasia Kaletchuk, Luciano Pistone, Pasquale Esposito, entre outros. A trilha sonora, assinada por Antonio Caspariello, complementa o tom rústico e, ao mesmo tempo, lírico da narrativa.

Adeus, Garoto não é apenas uma estreia promissora; é a certeza de que o cinema italiano, com sua tradição humanista e sua paixão pelas contradições da vida, continua se renovando sem perder suas raízes. Para quem ama o cinema que pulsa como a vida, que transforma ruínas em poesia, esta é uma estreia que não se deve perder.

Giuliano Peccilli
Giuliano Peccillihttp://www.jwave.com.br
Editor do JWave, Podcaster e Gamer nas horas vagas. Também trabalhou na Anime Do, Anime Pró, Neo Tokyo, Nintendo World e Jornal Nippon Já.

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