No dia 19 de abril, o Canal Brasil prepara uma programação histórica: quase 24 horas de conteúdos dedicados aos povos originários, em homenagem ao Dia dos Povos Originários. A maratona começa à meia-noite e traz dezoito filmes, entre documentários e ficções, além de um episódio especial do programa Espelho, apresentado por Lázaro Ramos, com Ailton Krenak. Uma seleção que emociona, informa e convida à reflexão sobre a cultura indígena, suas lutas e resistências.
Abrindo a programação, o documentário Raoni, Uma Amizade Improvável, dirigido por Jean-Pierre Dutilleux, estreia com exclusividade no Canal Brasil. O filme retrata os 50 anos de amizade entre o cineasta belga e o Cacique Raoni Metuktire, figura fundamental na luta pelos direitos indígenas e pela preservação da floresta Amazônica.
Conhecido internacionalmente, Raoni ganhou destaque durante a Assembleia Constituinte de 1987, sendo peça-chave para a inclusão dos direitos dos povos indígenas na Constituição Federal de 1988. Em 2023, ele subiu a rampa do Palácio do Planalto durante a posse do presidente Lula, reforçando seu papel simbólico e político na história recente do Brasil.
Documentários que recontam o Brasil pelos olhos dos povos indígenas
A maratona segue com produções que mergulham em episódios históricos e dilemas contemporâneos. Segredos do Putumayo, de Aurélio Michiles, investiga crimes cometidos contra indígenas pela Peruvian Amazon Company em 1910. Já Retomada, de Ricardo Martensen, acompanha a resistência das aldeias Castanhal dos Tupinambá e Açaizal dos Munduruku, no Pará.
Zelito Viana apresenta dois registros fundamentais: Terra dos Índios, filmado em 1977, e Da Terra Dos Índios Aos Índios Sem Terra, que resgata falas do antropólogo Darcy Ribeiro, narradas por Marcos Palmeira, com participações como a do antropólogo indígena Gersem Baniwa.
Território, arte e identidade em destaque
Entre os destaques da programação, estão filmes como Amazônia Sociedade Anônima, de Estevão Ciavatta, que discute os impactos do desmatamento; Gyuri, de Mariana Lacerda, que mergulha no trabalho da fotógrafa Claudia Andujar com os Yanomami; e Uýra – A Retomada da Floresta, de Juliana Curi, sobre uma artista trans indígena em uma jornada pela Amazônia, conectando identidade, ancestralidade e ativismo LGBTQIAPN+.
Ficções que ampliam o olhar
Também há espaço para a ficção. Para’Í, de Vinicius Toro, acompanha uma menina guarani em busca de pertencimento. Já A Terra Negra dos Kawa, de Sérgio Andrade, mistura realismo e misticismo ao retratar escavações que encontram solos com poderes sensoriais no território de um povo indígena do Amazonas.
Outros longas da maratona incluem O Contato, de Vicente Ferraz, que retrata São Gabriel da Cachoeira como um ponto de encontro de etnias; Rama Pankararu, de Pedro Sodré, sobre incêndios criminosos durante as eleições de 2018; O Estranho, de Flora Dias e Juruna Mallon, ambientado em Guarulhos, onde o maior aeroporto do país se sobrepõe a um território originalmente indígena; e A Serra do Roncador ao Poente, de Armando Lacerda, sobre a história do povo Xavante.
Curtas e reflexões profundas
A programação ainda conta com curtas que reforçam a diversidade e potência do audiovisual indígena: Festa de Pajés, de Iberê Périssé; YÃMÎ YAH-PÁ | Fim da Noite, de Vladimir Seixas; Naiá e a Lua, de Leandro Tadashi; e Vãnh gõ tõ Laklãnõ, de Barbara Pettres, Flávia Person e Walderes Coctá Priprá.
Ailton Krenak no Espelho
Fechando a maratona, o Canal Brasil exibe um episódio do programa Espelho, com Ailton Krenak, um dos maiores pensadores indígenas do Brasil. Com mais de 50 anos de atuação, Krenak aborda os impactos da relação destrutiva dos humanos com a Terra e critica o modelo de civilização que ameaça a vida no planeta. Imortal da Academia Brasileira de Letras, ele oferece uma reflexão profunda e urgente sobre o futuro da humanidade.
A programação do Canal Brasil no Dia dos Povos Originários é um verdadeiro manifesto audiovisual: reúne vozes, saberes e histórias que não podem ser ignoradas. Uma oportunidade para quem quer conhecer mais, se emocionar e repensar o Brasil a partir de quem estava aqui muito antes da colonização.
A maratona começa à 0h de sábado, 19 de abril, no Canal Brasil.
Maratona Dia dos Povos Originários
Horário: Sábado, dia 19/04, a partir de 0h
Raoni, Uma Amizade Improvável (2023) (90’)
Horário: Sábado, dia 19/04, à 0h
Direção: Jean-Pierre Dutilleux
Sinopse: O filme conta a longa e improvável história de amizade entre o cacique Kaiapó Raoni e o cineasta belga Jean-Pierre Dutilleux ao longo de 50 anos. Desde 1973, através de suas lentes, Dutilleux vem registrando o cacique. Em 1978, seu documentário Raoni, narrado por Marlon Brando, foi indicado ao Oscar e apresentou Raoni ao mundo. Raoni – Uma Amizade Improvável é uma homenagem ao grande líder indígena, símbolo da luta pela demarcação dos territórios indígenas, de sua cultura e da Amazônia.
Segredos do Putumayo (2020) (83′)
Horário: Sábado, dia 19/04, às 1h30
Classificação: 14 anos
Diretor: Aurélio Michiles
Sinopse: Em 1910, o Cônsul Geral Britânico no Rio de Janeiro, Roger Casement, empreendeu uma investigação sobre as denúncias de crimes contra comunidades indígenas cometidos pela empresa britânica Peruvian Amazon Company. Baseado em seu diário perturbador, Segredos de Putumayo traça a imagem da angustiante descoberta por Casement de um sistema industrial-extrativo baseado em assassinatos e trabalho escravo no meio da selva amazônica. No filme, a voz de Casement é interpretada pelo ator Stephen Rea.
Retomada (2024) (72′)
Horário: Sábado, dia 19/04, às 2h50
Classificação: Livre
Direção: Ricardo Martensen
Sinopse: A aldeia Castanhal, dos tupinambás, sob a liderança da cacique Estévina, luta para consolidar sua identidade e preservar a floresta ao seu redor. Já a aldeia Açaizal, dos Mundurukus, encontra-se cercada pelos campos de soja, que trouxeram veneno para suas plantações e secaram o igarapé.
Terra dos Índios (1979) (108’)
Horário: Sábado, dia 19/04, às 4h05
Classificação: 14 anos
Direção: Zelito Viana
Sinopse: Zelito Viana viajou em 1977 para retratar a situação dos povos indígenas em diferentes estados do país. A trajetória pelo Brasil resultou em um dos documentários mais importantes da história do cinema brasileiro. Suas lentes denunciaram a violência por trás do projeto nacional de integração dos índios, revelando as condições vergonhosas nas quais se encontravam muitos desses povos, entre eles os Kaingang, no Rio Grande do Sul, e os Kaiová, no Mato Grosso. Diante da impossibilidade de viver conforme seus costumes e cercados por colonos brancos hostis, os indígenas sucumbem ao interesse de fazendeiros e empresários que grilam suas terras, derrubam suas matas e colocam em risco o futuro destas sociedades.
Da Terra dos Índios aos Índios Sem Terra (2022) (75’)
Horário: Sábado, dia 19/04, às 5h55
Direção: Zelito Viana
Classificação: 12 anos
Sinopse: O documentário inédito, uma coprodução Canal Brasil, tem como ponto de partida o longa “Terra dos Índios” e traz a histórica entrevista realizada em 1977 por Zelito Viana com Darcy sobre os povos originários. O ator Marcos Palmeira reproduz as falas de Darcy Ribeiro no documentário que tem ainda a participação do filósofo e mestre em antropologia, Gersem Baniwa, da região de São Gabriel da Cachoeira, no Amazonas, considerado uma das maiores lideranças indígenas do país.
Amazônia Sociedade Anônima (2019) (100’)
Horário: Sábado, dia 19/04, às 7h10
Classificação: 10 anos
Direção: Estevão Ciavatta
Sinopse: Um documentário sobre o desmatamento da floresta amazônica e suas implicações não apenas para os direitos humanos dos povos indígenas e tradicionais que vivem lá, mas também para todo o ecossistema do planeta.
Gyuri (2021) (87’)
Horário: Quarta, 05/04, às 8h25
Classificação: Livre
Direção: Mariana Lacerda
Sinopse: Claudia Andujar exilou-se no Brasil e dedicou a vida à salvaguarda dos povos Yanomami após a Segunda Guerra Mundial. Seu valioso acervo, sua militância incansável, seu passado de guerra e a vulnerabilidade atual dos indígenas são revistos por meio de diálogos de Andujar com o xamã Davi Kopenawa e o ativista Carlo Zacquini, com a interlocução do filósofo húngaro Peter Pál Pelbart.
Uýra – A Retomada da Floresta (2021) (87’)
Horário: Sábado, dia 19/04, às 9h55
Classificação: 12 anos
Direção: Juliana Curi
Sinopse: Uýra, uma artista trans indígena, viaja pela Amazônia em uma jornada de autodescoberta, usando a arte performática para ensinar aos jovens indígenas que eles são os guardiões das mensagens ancestrais da Floresta Amazônica. Em um país que mata o maior número de jovens trans, indígenas e ambientalistas em todo o mundo, Uýra lidera um movimento crescente por meio das artes e da educação, ao mesmo tempo que promove a união e inspira os movimentos LGBTQIAP+ e ambientalistas no coração da Floresta Amazônica.
A Serra do Roncador ao Poente (2022) (63′)
Horário: Sábado, dia 19/04, às 11h
Classificação: Livre
Direção: Armando Lacerda
Sinopse: O filme conta a história do povo A’uwê Uptabi, mais conhecido como Xavante, tendo seu idioma como língua oficial, que pertence ao tronco Macro-Jê, da família Jê. Filmado nas terras xavantes, nos arredores da Serra do Roncador, no Mato Grosso, a obra explora a ancestralidade do povo, detalhando sua origem territorial, antepassados indígenas e a travessia que fez de uma ponta a outra do país, para fugir dos perigos do homem branco.
O Contato (2024) (85’)
Horário: Sábado, dia 19/04, às 12h
Classificação: 14 anos
Direção: Vicente Ferraz
Sinopse: Explora as travessias de personagens entre suas aldeias e a cidade indígena de São Gabriel da Cachoeira, revelando um rico universo de trocas multiétnicas na deslumbrante região da Cabeça do Cachorro, onde Brasil, Colômbia e Venezuela se encontram.
Espelho (2021) (25′)
Convidado: Ailton Krenak
Horário: Sábado, dia 19/04, às 13h30
Classificação: Livre
Neste episódio: O líder indígena Ailton Krenak destaca que o modo de operação dos humanos no planeta está causando a nossa extinção e que todas as instituições criadas por homens brancos são predadoras.
Festa de Pajés (2023) (20′)
Horário: Sábado, dia 19/04, às 13h55
Classificação: Livre
Direção: Iberê Périssé
Sinopse: A festa de formatura desta turma é cheia de eventos: encontros que acabam, encontros que começam, novas paixões descobertas, segredos revelados. A Última Festa não parece o fim de um ciclo, mas a primeira noite do começo de suas vidas.
Yãmî Yah-Pá – Fim da Noite (2023) (17’)
Horário: Sábado, dia 19/04, às 14h15
Classificação: Livre
Direção: Vladimir Seixas
Sinopse: As memórias de uma mulher indígena enlutada que decide retornar à sua antiga aldeia na Floresta Amazônica em um mundo pós-apocalíptico.
Naiá e a Lua (2010) (13’)
Horário: Sábado, dia 19/04, às 14h35
Classificação: Livre
Direção: Leandro Tadashi
Sinopse: A jovem índia Naiá se apaixona pela lua ao ouvir da anciã de sua aldeia a história do surgimento das estrelas no céu.
Vãnh gõ tõ Laklãnõ (2022) (25’)
Horário: Sábado, dia 19/04, às 14h50
Classificação: 12 anos
Direção: Barbara Pettres, Flávia Person e Walderes Coctá Priprá
Sinopse: Uma arqueóloga, um poeta, um pastor e kujá, uma professora e um cantor de rap remontam a história do seu povo, os Laklãnõ/Xokleng, habitantes do sul do Brasil: o tempo do mato, a quase extinção, a retomada da língua e da cultura e o protagonismo político.
Para’í (2018) (82’)
Horário: Sábado, dia 19/04, às 15h20
Classificação: 10 anos
Direção: Vinicius Toro
Sinopse: Para’í conta a história de Pará, menina guarani que encontra por acaso um milho guarani tradicional, que nunca havia visto e, encantada com a beleza de suas sementes coloridas, busca cultivá-lo. A partir dessa busca começa a questionar seu lugar no mundo: , por que não fala guarani, por que é diferente dos colegas da escola, por que seu pai vai à igreja Cristã, por que seu povo luta por terra.
Rama Pankararu (2022) (98′)
Horário: Sábado, dia 19/04, às 16h45
Classificação: 14 anos
Direção: Pedro Sodré
Sinopse: Bia Pankararu, jovem agente da saúde indígena está arrecadando fundos para a reconstrução da escola em sua aldeia, que foi destruída durante um incêndio criminoso na noite do segundo turno das eleições de 2018. Paula, jornalista carioca, chega à aldeia para fazer uma reportagem sobre os ataques incendiários.
O Estranho (2023) (105′)
Horário: Sábado, dia 19/04, às 18h25
Classificação: 14 anos
Direção: Flora Dias e Juruna Mallon
Sinopse: Em um território indígena funciona o maior aeroporto do Brasil. Além dos milhares de passageiros que transitam por ele diariamente, 35 mil trabalhadores permanecem naquele espaço, entre eles a funcionária de pista Alê (Larissa Siqueira). Através de sua vida cotidiana, memórias e histórias de Guarulhos vem à tona e revelam vestígios de um passado perdido em um território em constante transformação.
A Terra Negra dos Kawa (2018) (99’)
Horário: Sexta, 19/04, às 20h15
Classificação: 16 anos
Direção: Sergio Andrade
Sinopse: Um grupo de cientistas faz escavações em terrenos no interior do Amazonas em busca de uma terra fértil, usada para fins agrícolas. Conforme se aproximam do sítio dos indígenas Kawa, notam que a terra tem poderes energéticos e sensoriais.