Uma das grandes estreias da Crunchyroll recentemente, Kaiju No. 8 está chegando aos cinemas com seu primeiro filme. Chamado Kaiju No. 8: Missão de Reconhecimento, a animação compila a primeira temporada com um presente para os fãs, ao trazer um episódio após os créditos.
Mas será que reassistir à primeira temporada vale a pena nos cinemas? Levando as batalhas ao alto som e conseguindo sintetizar a história, podemos dizer que Kaiju No. 8: Missão de Reconhecimento consegue agradar em cheio os fãs e fazer muitos conhecerem a franquia pela primeira vez.
A história

Kaiju No. 8: Missão de Reconhecimento chegou aos cinemas com foco em apresentar seus personagens e as principais lutas da primeira temporada. Assim, sua história gira em torno do confronto entre Kafka Hibino e o Kaiju Nº 10. Mas, antes de avançarmos na história, é importante comentar que Kafka Hibino foge do padrão dos protagonistas shonen, por ter mais de 30 anos e ocupar a função de limpar restos de Kaiju depois de grandes batalhas.
Com a queda no alistamento de jovens para se tornarem soldados, Kafka vê uma chance de se alistar quando o novo limite de idade passa a ser 32 anos. O que ele não esperava era que, em um dos contatos com um Kaiju, acabaria no hospital, sendo possuído pela criatura e se tornando o Kaiju Nº 8.
Avançando nos exames e mostrando suas especialidades ao identificar pontos fracos dos Kaijus graças à sua antiga profissão, Kafka é aceito e entra para a Força de Defesa Anti-Kaiju.
Enquanto isso, descobrimos, por meio de flashbacks, que havia um pacto de infância entre Kafka e Mina Ashiro, em que prometeram proteger o Japão dos Kaijus juntos. Mina se tornou uma figura muito importante dentro da Força de Defesa, e agora Kafka finalmente pode correr atrás dessa promessa.
Quando as missões começam a evoluir, Kafka se vê forçado a expor seu maior segredo para defender sua tropa. Revelando a todos que é o Kaiju Nº 8, ele vence a batalha, mas, ao admitir que estava atuando nas sombras como uma força de contenção invisível, acaba sendo preso para ser investigado e analisado.
O que ficou de fora?

Kaiju No. 8: Missão de Reconhecimento opta por encerrar sua história antes do desfecho final da primeira temporada. Com a prisão de Kafka, a trama não avança até a investigação e o julgamento conduzido pelo comandante geral Isao Shinomiya. Também não entra em detalhes sobre o que é feito com os restos dos Kaijus ou sobre como o corpo de Kafka poderia ser útil para a pesquisa da força.
Será que a transformação de Kafka em Kaiju Nº 8 o torna aliado ou inimigo? Essa é uma das perguntas mais empolgantes da primeira temporada — e, infelizmente, ficou de fora do filme. Por outro lado, isso serve como um bom convite para o público do cinema correr para assistir à conclusão da série animada.
O Dia de Folga de Hoshina e o pós-créditos que valem o ingresso

A grande surpresa de Kaiju No. 8: Missão de Reconhecimento é surpreender novamente o público ao optar, nos créditos, por voltar no tempo e mostrar um dia de folga da equipe da Força de Defesa Anti-Kaiju.
Assim, acompanhamos todos tentando descobrir como aproveitar o dia, o que se transforma em uma missão para investigar o que Hoshina faz na folga.
Servindo como um contraponto ao final mais pesado do longa, esse episódio extra resgata o clima leve e bem-humorado da série, mas com um ritmo mais tranquilo, mostrando os bastidores da Força de Defesa. Soshiro Hoshina, que normalmente é o vice-capitão severo e implacável, revela um lado relaxado e desajeitado, surpreendendo sua equipe — e sendo o ponto alto do filme.
E se podemos afirmar algo, é que O Dia de Folga de Hoshina com certeza vale o ingresso, funcionando como um episódio extra que fecha bem a experiência.
Considerações finais

Kaiju No. 8: Missão de Reconhecimento consegue, na medida do possível, adaptar toda a primeira temporada, mas sejamos francos: alguns detalhes sempre farão falta.
Aqui, explicações sobre os Kaijus, a introdução de personagens secundários e até alguns vilões acabam suprimidas para caber dentro da narrativa de um filme. Isso acaba prejudicando um pouco a experiência de quem nunca viu Kaiju No. 8. Talvez o grande charme da obra não seja apenas Kafka, mas o elenco de apoio — e ao seguir essa linha mais direta, infelizmente, perdemos bons embates entre os personagens.
Já como adaptação, o filme foi muito feliz ao condensar o arco em três lutas principais e focar na entrada de Kafka na Força de Defesa Anti-Kaiju, na relação com seu melhor amigo Reno Ichikawa, quem o incentiva a se alistar, com Mina Ashiro e, por fim, com Soshiro Hoshina. Foi uma escolha acertada destacar esses três núcleos, facilitando a compreensão de grande parte da história.
Na parte dos vilões, as explicações são bem rápidas, o que faz com que Kaiju No. 8: Missão de Reconhecimento se aproxime mais de Evangelion, onde os inimigos surgem por si só, do que de um aprofundamento nos nomes e investigações envolvendo o Kaiju Nº 8.
No fim, Kaiju No. 8: Missão de Reconhecimento entrega uma experiência completa ao apresentar a obra nas telonas. Divertido, com boas cenas de ação e uma história envolvente, o filme mostra que não há limite para se tornar um herói. Kaiju No. 8: Missão de Reconhecimento é, sem dúvidas, uma excelente porta de entrada para o universo da obra, que segue em animê pela Crunchyroll e, no Brasil, com o mangá publicado pela Panini Comics.

Nota: 4 (de 5)
Kaiju No. 8: Missão de Reconhecimento
Direção: Shigeyuki Miya e Tomomi Kamiya
Composição e roteiro da série (1ª temporada): Ichiro Okouchi
História de Hoshina’s Day Off: Yuto Tsukuda
Roteiro de Hoshina’s Day Off: Yuichiro Kido
Estúdio de animação: Production I.G (responsável por Ghost in the Shell)
Supervisão de Kaiju (design e obras de arte): Studio Khara (responsável por Evangelion e Shin Godzilla)
Agradecimentos ao Crunchyroll e a Sony Pictures pelo convite para produção deste conteúdo