Estamos no segundo episódio da série To Be Hero X e, com ele, vem uma série de reviravoltas que mantém suas críticas, mas traz retcons que reforçam suas provocações ao gênero de super-heróis.
Produzido pelo estúdio BeDream, a produção dirigida por Li Haoling (Link Click), desta vez desfaz o final do primeiro episódio, mostrando que existe algo de muito podre no universo de heróis até então.
O episódio em si começa com Xiao Yueqing, mostrando que aquela morte que Lin Ling viu podia ser muito mais simbólica do que real. Morando juntos, Xiao Yueqing não aguenta mais aquele namoro de fachada e deseja rescindir o contrato a qualquer custo para sair de cena.
Descobrir que seu “antigo namorado” se suicidou não afeta a decisão de Xiao Yueqing, que só lamenta o cara ter atrapalhado seus planos de sair. E reforça que Lin Ling só consegue enganar o público fingindo ser o herói Nice.
O Casamento

Conquistando a amizade de Xiao Yueqing, Lin Ling descobre que ela era uma blogueira de viagens que acabou se tornando heroína ao lado do Nice, apenas de fachada. Um relacionamento de três anos que ela não aguentava mais seguir adiante.
Para sair de cena, um grande momento precisava ser construído, e por isso eles decidem fazer o pedido de casamento de Nice para Xiao Yueqing, num momento que deveria ser bonito, mas que é interrompido pelo Rei da Destruição, inimigo do Nice.
Numa batalha intensa com portais dimensionais, descobrimos, longe do público, que o Rei da Destruição reconheceu que outra pessoa está no papel do Nice. Sem reação, Lin Ling conta que o original se suicidou, fazendo o então Rei da Destruição chorar e contar sua relação com o Nice original.
Amigos de infância, ambos queriam ser heróis, mas acabaram em lados opostos, com Nice interpretando um herói e ele um vilão. E essa relação só piorou nos anos seguintes, em que a agente do Nice o mantinha afastado e não existia interesse algum em desfazer esse papel de vilão fabricado para o público.
Mas lembre que, mesmo com o momento de vilão, o foco aqui está em Xiao Yueqing, que finge sua morte com um portal dimensional, mostrando Nice carregando o corpo dela.
Fora dos holofotes, Xiao Yueqing curte o descanso numa praia, enquanto Lin Ling lamenta ficar longe de uma pessoa que admirou e com quem adorou escrever publicidade todos aqueles anos. E achava que, como Nice, conseguiria ficar próximo dela.
Com a deixa para o próximo episódio, amarrando com aquele que foi apresentador do programa de televisão no episódio anterior, vemos que a identidade do Nice pode estar ameaçada.
Opinião

Trazendo batalhas cada vez mais épicas, To Be Hero X se sobressai especialmente pela mudança de técnicas durante o episódio. Migrando de 3D para 2D o tempo todo, aqui no segundo episódio a animação também opta por migrar para o 2D em cenas de batalha, fazendo o que poderia ser um caos se tornar uma das coisas mais interessantes da nova animação.
Já havia visto obras com computação gráfica usarem animação 2D em flashback, como no episódio passado, mas mostrar que o caminho aqui será com diferentes estilos de animação tem se revelado o grande acerto artístico da obra.
Mas, se podemos falar de algo em To Be Hero X que supera até a própria animação, são as reviravoltas e as críticas ao universo perfeito dos heróis, exaltando defeitos que os tornam humanos. Algo que, por exemplo, se assemelha aos deuses gregos com suas imperfeições, e que eleva o tom sobre o quão verdadeira é a vida deles, a ponto de até melhores amigos ficarem em lados opostos aqui.
Nice se matou pela pressão de viver como um herói perfeito? Quais segredos ainda existem em torno dele que Lin Ling provavelmente irá descobrir?
Por não ser “japonês”, To Be Hero X tem sido muito comparado ao sucesso das temporadas anteriores de Solo Leveling, mas ao adotar um tom crítico e desconstrução de heróis, ele tem muito de Watchmen também.
Se Watchmen foi relevante nos anos 1980 por mudar a percepção que o público tinha sobre heróis, To Be Hero X, mesmo que mais “otimista”, tem tudo para repetir o feito. Cada vez que coloca mais o dedo na ferida em sua crítica, ganha mais força.
Cheio de reviravoltas, não dá pra ter certeza de nada sobre os caminhos de To Be Hero X, mas se a obra seguir nessa linha crítica, ela tem tudo para superar e se tornar a melhor animação de 2025.