sábado, novembro 23, 2024
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Review | Lute pelo direito ao trono em Metaphor: ReFantazio

A nova aposta da Atlus é um estiloso RPG com uma boa história e mecânicas de jogo divertidas. 

Não é só de Persona que a Atlus vive. Seu novo jogo, Metaphor: ReFantazio é o pontapé para uma franquia inédita, trazendo aos fãs de RPG uma aventura repleta de drama, ação, e uma boa dose de estilo. O produto final traz semelhanças à fórmula de sucesso de Shin Megami Tensei, ao mesmo tempo que apresenta ideias novas, resultando em um jogo que com certeza vai agradar àqueles que estão na espera pelo próximo grande lançamento da companhia.

Em um mundo de fantasia onde um grande reino rege a tudo e a todos, a crise se instaura quando seu rei é assassinado e o sucessor acaba sendo eliminado por uma força misteriosa. O principal suspeito é Louis, um ambicioso general, que em meio ao caos, entra de cabeça em uma competição para descobrir quem será de fato o sucessor à coroa. 

É aí que entra o protagonista, membro das forças de resistência à influência do vilão e suas madeixas, em busca de não só derrotá-lo, mas trazer ao poder quem de fato o merece. Com uma equipe composta de membros das diferentes raças bestiais do reino, aos poucos ele vai ganhando o apoio na disputa, à medida em que vai viajando e ajudando os povos dessa maravilhosa terra, enquanto descobre sua verdadeira origem.

O senso de camaradagem entre os personagens da sua turma é um dos grandes destaques do jogo, todos com personalidades distintas e repletos de facetas, há camadas sendo reveladas no início ao fim da jornada. Isso confere a Metaphor um valor narrativo tremendo, com seus amigos e sua relação com o mundo ao redor, especialmente.  

Com cara de um e focinho de outro 

Foto Eduardo Rebouças

Metaphor: ReFantazio segue um caminho semelhante ao dos jogos Persona, principalmente quando se fala da jogabilidade: você irá usar diferentes magias elementais e ataques físicos para se aproveitar das fraquezas dos inimigos e, com isso, ter uma vantagem a mais nas batalhas. No entanto, há novidades muito bem-vindas. 

A principal é a capacidade de atacar enquanto você estiver explorando as masmorras, podendo até derrotar monstros sem nem precisar lutar de fato. Isso porque, dependendo do seu nível e o quanto estiver acima ao do seu alvo, é possível acabar com ele fora das brigas em turno. Por outro lado, mesmo que a luta seja de igual para igual, você pode quebrar a armadura dele e entrar na batalha com o pobrezinho fora de comissão por um turno inteiro!

Falemos um pouco de como se pode customizar os personagens de seu grupo. Diferentemente dos títulos anteriores da Atlus, em Metaphor você adquire os chamados Arquétipos durante a aventura, ao gastar pontos de magia nas árvores de desenvolvimento de cada um. Há diversas funções dentro delas e cada uma é dividida em classes, trazendo uma infinidade de poderes diferentes. Claro, de forma geral elas não fogem muito do esperado, com curadores, guerreiros, magos, ladinos e tal, mas há sim algumas que trazem mais variedade, especialmente as mais avançadas.

É muito gostoso trocar de Arquétipos no decorrer do jogo e a quantidade deles significa que há muitas permutações de grupos a serem montadas, gerando sínteses de poderes entre seus membros. Servem, em especial, para combater os obstáculos propostos pelos desafios à sua frente. Metaphor lhe permite manter muitos pratos no ar enquanto explora seu vasto mundo à bordo do seu andador couraçado, de um modo que não necessariamente te força a seguir nenhum caminho específico com nenhum de seus personagens. Mesmo já vindo com uma dica de caminho pré-definida, você pode mudar seus personagens como preferir!

Nutrir amizades faz parte do caminho ao trono 

Foto Eduardo Rebouças

E como você descobre novos Arquétipos? É aí que os vínculos sociais entram em cena. Calma, você não precisa exatamente manter uma agenda abarrotada de anotações como faz em Persona. Aqui, a formação de laços com amigos e aliados é mais simples e direta, com benefícios claros, muitos dos quais são novos Arquétipos e vantagens em batalha, sem falar em facilidades na hora de subir de nível para personagens que estiverem no banco de reservas.

Com somente 8 níveis cada, os vínculos, além de revelarem mais detalhes sobre as histórias das suas muitas relações ao redor do mundo de jogo, fazem da aventura uma boa mistura entre a ação das suas masmorras e lutas contra chefes, com o bom e velho desenvolvimento de personagem, o que Metaphor: ReFantazio faz muito bem. E, em meio disso, ainda há as Virtudes, melhoradas por meio de outras atividades, que se fazem necessárias para desbravar os obstáculos sociais de um candidato ao trono.

Muito pode ser dito da trama geral do jogo. Com uma pegada mais séria e menos “anime” que o usual visto nos Persona, a história da vez conta com muitos aspectos do nosso próprio mundo em que vivemos, como o racismo, a luta entre classes, a corrupção daqueles no poder e o fanatismo das religiões. Há sim partes em que se instaura uma leve novela mexicana com suas reviravoltas e revelações vindas do nada, mas nada que tire da qualidade como um todo do que foi bolado pelo Studio P com este novo lançamento.

O reino conta com você para salvá-lo

Foto Eduardo Rebouças

Há um ponto do jogo que precisa ser comentado: as masmorras. Embora haja exemplos bacanas com ideias novas e inovadoras, no geral Metaphor carece de muita emoção e criatividade no projeto das fases exploradas, tanto como parte da trama principal como das missões secundárias. Várias acabam se repetindo, tanto em termos de estrutura como também dos visuais, chegando a cansar um pouco. Outras trazem um ritmo travado, fazendo você ir e vir repetidas vezes até poder enfim enfrentar o chefão e cair fora, o que acontece mais do que a gente gostaria.

Em termos de apresentação, Metaphor: ReFantazio é outro exemplo do talento dos designers do estúdio, com menus extremamente belos, personagens e um mundo críveis, vividos, repletos de histórias a contar e a serem descobertas. Com um trabalho de cor exemplar, cada lugar que você passa traz um ar singular, fazendo da jornada algo especial não só pelo ato de jogar, mas no caráter da contemplação. É algo que se repete na trilha sonora, um amálgama de canções orquestradas, onde percussão, tambores e, pasmem, até ópera, se mesclam, resultando em algo bem único e exaltante. 

No PlayStation 5, o jogo roda extremamente bem. Por curiosidade, chegamos a testar também a versão do console anterior da série, onde tudo funcionou tão bem quanto, mas um tanto mais borrado aqui e acolá. A funcionalidade online que estreou em Persona 4 Golden volta a dar as caras aqui, ajudando na hora de se ter uma ideia do nível no qual outros jogadores estavam quando terminaram o seu desafio atual. É bem útil durante as missões secundárias, já que você não vai querer perder tempo batendo com a cara na parede, não é mesmo?

Chegamos aos “finalmentes”

Metaphor: ReFantazio

Outra boa novidade: da mesma maneira que Persona 3 Reload do começo deste ano, Metaphor: ReFantazio chega ao território nacional com legendas em português brasileiro! Vasto e bem adaptado, o roteiro não perdeu nada na transição ao nosso idioma, repleto de gírias e uma naturalidade ainda melhor que o jogo que vimos em janeiro. Infelizmente, ainda falta uma dublagem, mas está sendo um passo a cada vez, mostrando o comprometimento da Sega Atlus em agradar ao público do Brasil.

A nova aposta da produtora acerta em cheio ao trazer um jogo com aspectos ao mesmo tempo familiares e com mudanças significativas que irão se mostrar atraentes não só para quem já está acostumado com seus títulos, mas também, com sorte, um público novo, elevando ainda mais o trabalho não só da própria desenvolvedora, mas também da própria Atlus. O selo, que na última década tem visto um aumento merecido de sucesso ao cair no gosto daqueles fora do nicho. Metaphor: ReFantazio é um grande passo adiante, resta saber o que virá a seguir e se o que foi apresentado aqui continuará, porque o que temos aqui é muito, mas muito bom.    

NOTA: 4,5 de 5

Ficha técnica:

Nome: Metaphor: ReFantazio 

Desenvolvedora: Atlus / P Studio

Publicadora: Sega Atlus

Gênero: RPG

Plataforma: PlayStation 4, PlayStation 5, Xbox Series X|S e PC

Lançamento: 11 de outubro de 2024  

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