Até que a Música Pare | Um retrato íntimo da Serra Gaúcha segue nos cinemas

Após sua aguardada estreia, Até que a Música Pare, o mais novo longa da cineasta gaúcha Cristiane Oliveira, segue em cartaz nos cinemas e caminha para seu segundo final de semana de exibição. Filmado nas paisagens belíssimas da Serra Gaúcha, o filme propõe uma reflexão sensível sobre o casamento, as relações familiares e a passagem do tempo. Com locações em cidades como Antônio Prado, Veranópolis, Nova Roma do Sul e Nova Bassano, a produção explora a riqueza cultural dessa região, onde o idioma Talian, de origem italiana, ainda é preservado.

Uma viagem pela Serra Gaúcha e pelo tempo

Na trama, conhecemos Alfredo e Chiara, um casal vivido por Cibele Tedesco e Hugo Lorensatti, ambos membros do grupo teatral Miseri Coloni, de Caxias do Sul. Depois que o último filho sai de casa, Chiara decide acompanhar Alfredo em suas viagens pelos botecos da Serra Gaúcha, enquanto ele trabalha como vendedor. É nesse cenário de paisagens bucólicas e pequenos encontros cotidianos que o filme desenvolve sua narrativa, sempre marcada por sutilezas e momentos de silêncio. A relação entre o casal, com mais de 50 anos de casamento, é testada por detalhes banais, mas carregados de significado, como uma tartaruga e baralhos de cartas que cruzam seu caminho.

Cultura ítalo-brasileira em destaque

Grande parte do longa é falado em Talian, uma língua que mistura português e os dialetos italianos trazidos pelos imigrantes do norte da Itália no século XIX. Poucos filmes brasileiros se aventuram a usar essa língua em suas histórias, e Até que a Música Pare faz isso de forma natural e autêntica, reforçando o laço da narrativa com a cultura ítalo-brasileira, ainda viva em várias comunidades da Serra Gaúcha e Santa Catarina. Estima-se que mais de meio milhão de brasileiros falem ou compreendam o Talian, principalmente no sul do país.

Elenco e equipe de peso

Além da dupla central, o filme traz um elenco que combina talentos locais e nomes reconhecidos no cenário nacional e internacional. Elisa Volpatto, conhecida pela série Bom Dia, Verônica, é um dos destaques, assim como o ator italiano Nicolas Vaporidis, que já trabalhou com Ridley Scott em Todo o Dinheiro do Mundo. A presença de Vaporidis e de outros profissionais italianos reforça a dimensão internacional da produção, que foi viabilizada por meio de uma coprodução entre Brasil e Itália.

O filme conta ainda com a direção de fotografia de Julia Zakia, a direção de arte de Adriana Nascimento Borba e a montagem de Tula Anagnostopoulos, premiada no Festival de Gramado por A Primeira Morte de Joana. Na equipe italiana, destacam-se Gianfranco Tortora e Massimo Filippini, responsáveis pela pós-produção de som, e a compositora Ginevra Nervi.

Uma reflexão sobre o tempo e as relações

Cristiane Oliveira constrói um filme que dialoga com questões profundas sobre o envelhecimento, a solidão e o luto. Ao longo da trama, Chiara e Alfredo precisam lidar não apenas com a ausência dos filhos, mas com a própria reconfiguração de suas vidas a dois. É um filme que evita grandes dramas e se concentra nas pequenas interações cotidianas que, ao longo dos anos, moldam uma relação. O ritmo calmo da narrativa e o silêncio das paisagens são quase personagens da trama, refletindo a introspecção e a delicadeza com que o filme aborda essas questões.

Em cartaz pelo Brasil

Após sua estreia, Até que a Música Pare segue em cartaz em várias cidades brasileiras, incluindo Porto Alegre, São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Salvador, além de locais menores como Caxias do Sul, Nova Prata e Cotia. A produção está sendo bem recebida pelo público e pela crítica, que têm elogiado a sensibilidade da diretora em retratar as complexidades de um casamento duradouro e o retrato autêntico da cultura ítalo-brasileira.

Para quem busca um filme que une belas paisagens, uma narrativa intimista e um olhar profundo sobre o tempo, Até que a Música Pare é uma escolha imperdível.

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Giuliano Peccilli
Giuliano Peccillihttp://www.jwave.com.br
Editor do JWave, Podcaster e Gamer nas horas vagas. Também trabalhou na Anime Do, Anime Pró, Neo Tokyo e Nintendo World.

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