O cinema tailandês tem se destacado nos últimos anos por suas narrativas sensíveis e visuais marcantes, e o filme “Um Dia” (One Day), dirigido por Banjong Pisanthanakun, é um excelente exemplo dessa nova fase. Lançado em 2016, o longa explora temas universais como o amor não correspondido e a fantasia, trazendo um frescor próprio do cinema contemporâneo da Tailândia.
A História de Denchai e Nui
No centro da trama está Denchai (interpretado por Chantavit Dhanasevi), um homem de 30 anos que trabalha em TI e vive à margem de qualquer atenção em seu ambiente profissional. A monotonia de sua vida é quebrada quando ele conhece Nui (vivida por Mew Nittha Jirayungyurn), uma nova funcionária que, ao lembrar seu nome em uma breve interação, desperta nele um sentimento profundo e até então desconhecido. Denchai se apaixona, mas o amor parece impossível, dado o abismo entre eles.
Durante uma viagem corporativa ao Japão, o protagonista faz um pedido inusitado: deseja namorar Nui por um dia. Milagrosamente, sua fantasia se realiza quando ela sofre um acidente de esqui, perde temporariamente a memória e Denchai se apresenta como seu namorado. O que se segue é um dia que Denchai jamais imaginou viver, mas com a certeza de que será breve e destinado a desaparecer quando Nui recuperar sua memória.
Entre a Fantasia e a Realidade
O filme se apropria da amnésia como um artifício para explorar os desejos reprimidos e a fragilidade das relações humanas. A escolha de Banjong Pisanthanakun em colocar Denchai e Nui em um cenário tão onírico quanto as paisagens nevadas do Japão reforça a atmosfera de um sonho prestes a desmoronar. Há uma beleza trágica nesse romance, onde cada sorriso e toque entre os personagens é uma lembrança de que aquilo não é real, pelo menos não para Nui.
A atuação de Chantavit Dhanasevi, que também coescreveu o roteiro, traz uma profundidade emocional ao personagem de Denchai. Ele não é um herói romântico tradicional, mas um homem comum, marcado por suas inseguranças e anseios. Já Mew Nittha Jirayungyurn, em seu papel de estreia no cinema, interpreta Nui com um misto de fragilidade e encanto, o que torna o vínculo entre os dois ainda mais comovente.
A Simplicidade das Emoções
“Um Dia” evita grandes gestos e reviravoltas dramáticas, preferindo focar nas pequenas emoções e nos momentos cotidianos que, mesmo dentro de uma situação extraordinária, soam verdadeiros. O filme é sobre a possibilidade de viver um amor que parece impossível, ainda que por um breve período.
Esse delicado equilíbrio entre a fantasia e a melancolia faz de “Um Dia” uma obra impactante. A cada minuto, o espectador é lembrado de que tudo acabará, e essa inevitabilidade confere ao filme um caráter agridoce, que ecoa com quem já sonhou viver algo fora da realidade.
Agora disponível no Rakuten Viki, “Um Dia” oferece uma experiência cinematográfica que reflete o amadurecimento do cinema tailandês, com uma sensibilidade narrativa e estética que agrada tanto os fãs de romances quanto os que apreciam histórias mais introspectivas e sutis. É um filme sobre a impermanência, tanto do amor quanto da própria vida, e como ambos podem ser, ao mesmo tempo, dolorosos e belos.
