A história de Romeu é Julieta é um clássico que recebeu diversas versões ao longo do tempo. Nesta adaptação em formato de comédia, temos uma atriz que, ao ser rejeitada para o papel de Julieta, decide se disfarçar de homem para conquistar o papel de Romeu e se vingar do diretor que desdenhou de seu teste.
Exibido no Festival de Cinema Italiano, o filme Romeu é Julieta aborda questões de gênero, vingança e apresenta uma narrativa leve, sendo uma ótima escolha para a edição deste ano.
E a história?
Conhecemos o temperamental diretor de teatro Federico Landi Porrini (interpretado por Sergio Castellitto), que deseja encerrar sua carreira com a próxima peça. Após uma série de fracassos e ser alvo de críticas da imprensa local, Federico decide adaptar o clássico Romeu e Julieta para se despedir dos palcos com grande estilo.
O filme retrata as audições para a peça, nas quais Federico encontra dificuldades em selecionar o elenco principal. É nesse contexto que conhecemos Vittoria (Pilar Fogliati), uma aspirante a atriz que, após ser rejeitada e ofendida pelo ego do diretor, assume a identidade masculina de “Otto Novembre” (Oito de Novembro). Sob o disfarce de Otto, ela impressiona Federico, que a contrata imediatamente para o papel de Romeu.
Paralelamente, entra em cena Gemma Grimaldi (Serena de Ferrari), uma influenciadora digital que disputa o papel de Julieta. A fama de Gemma acaba influenciando a decisão de Federico, que a seleciona, transferindo para Otto (Romeu) a responsabilidade de salvar a peça.
Além disso, um imprevisto ocorre: um ator se machuca, e Rocco (Domenico Diele) é escalado para o elenco. A reviravolta? Rocco é namorado de Vittoria, e sua presença no elenco transforma o disfarce de Otto em um desafio ainda maior para Vittoria, que precisa esconder sua verdadeira identidade.
O charme de Romeu é Julieta reside na forma como Vittoria navega entre os papéis, engana a todos e lida com os dilemas de sua missão. Mas será que, após conviver com Federico, ela conseguirá cumprir sua vingança no palco?
Opinião
A premissa de uma atriz se disfarçando de homem remete a clássicos como Victor ou Victoria e até mesmo filmes mais recentes, como Ela é o Cara. Apesar da abordagem leve, o filme faz críticas sociais sutis, enquanto diverte ao explorar por quanto tempo Vittoria conseguirá manter sua identidade em segredo.
Ao introduzir a personagem Gemma, o filme faz uma crítica oportuna às escolhas artísticas baseadas mais na fama do que no talento, um tema comum na indústria do entretenimento. Embora a crítica não se aplique a todos os casos, é apresentada de forma curiosa e bem pontual.
O diretor Giovanni Veronesi equilibra leveza, humor e ironia, criando uma obra cativante e divertida. Entre os personagens, Vittoria e o excêntrico Federico são os grandes destaques, com uma química que sustenta a narrativa e entrega cenas memoráveis.
[Spoiler Alert]: É interessante observar como a vingança de Vittoria se transforma em uma bênção. Ao se revelar no palco como Romeu, a atriz arranca aplausos do público e da crítica, enquanto Federico aproveita a oportunidade para transformar a surpresa em uma jogada de mestre. A troca de olhares entre os dois simboliza respeito e cumplicidade, consolidando uma amizade inesperada.
Romeu é Julieta demonstra que é possível reinventar histórias clássicas sem perder sua essência. Com uma abordagem única, o filme acerta mais do que erra e entrega uma comédia deliciosa, que desperta a vontade de assistir novamente.
Leve e acessível para todos os públicos, Romeu é Julieta é uma obra absurdamente divertida, que certamente deixará você mais leve ao sair da sessão.
Nota: 4,5 de 5
Romeu é Julieta
Nome original: Romeo è Giulietta
Direção: Giovanni Veronesi
Elenco: Sergio Castellitto, Pilar Fogliati, Geppy Cucciari, Domenico Diele, Margherita Buy, Alessandro Haber
País: Itália
Ano: 2024
Duração: 102 minutos
Gênero: Comédia