“Termodielétrico”, o documentário dirigido por Ana Costa Ribeiro, chega ao streaming do Itaú Cultural Play no dia 6 de dezembro. Disponível gratuitamente na plataforma, o filme já foi exibido no Festival do Rio e na Mostra de São Paulo, além de ter estreado internacionalmente no IDFA (International Documentary Film Festival Amsterdam), na mostra Envision Competition, dedicada à experimentação de linguagem. A distribuição nos cinemas foi feita pela Embaúba Filmes.
Ciência, memória e experimentação
A obra é uma imersão visual que explora a vida e os feitos do físico Joaquim da Costa Ribeiro, avô da cineasta, conhecido por descobrir o fenômeno termodielétrico – a geração de correntes elétricas em mudanças de estado físico de materiais. Mais do que um relato biográfico, o longa é um ensaio visual que combina imagens de arquivo público e pessoal, questionando temas universais como pertencimento, memória e perda.
“O filme é uma maneira de explorar a curiosidade do meu avô e refletir sobre como essas questões se aplicam às relações humanas”, comenta Ana. Com uma estrutura narrativa não linear, o documentário se destaca pela montagem que justapõe registros antigos e cenas atuais das paisagens brasileiras.
A voz da diretora e o feminismo na narração
A narração em off da própria Ana Costa Ribeiro é um elemento central do filme. Para ela, assumir sua voz foi um ato de resistência: “A voz feminina sempre é criticada; ou é sensual demais ou doce demais. Quis mostrar que não há problema em uma mulher narrar com suas próprias imperfeições”, destaca.
Além da abordagem poética e intimista, “Termodielétrico” também questiona o papel da ciência no Brasil atual, abordando o cenário de desvalorização científica. “Não fiz o filme com essa intenção, mas ele surgiu em um momento em que a ciência estava sendo destruída no país”, comenta a diretora.
Cineasta, escritora e montadora com mais de 20 anos de experiência, Ana Costa Ribeiro é doutora em Arte e Cultura Contemporânea e já dirigiu sete curtas-metragens, como “Arpoador”, e cinco séries documentais, entre elas “Educação e Sociedade no Brasil”. Sua obra como artista inclui exposições e projetos que exploram a relação entre memória e linguagem cinematográfica. Aos 44 anos, ela estreia no longa-metragem com “Termodielétrico”, consolidando sua carreira com um trabalho que une ciência, arte e reflexão social.
O documentário é uma oportunidade única para os espectadores mergulharem em um relato que conecta história pessoal, ciência e arte em uma experiência visual inovadora.