O cineasta japonês Hiroshi Okuyama, conhecido por seu olhar sensível e delicado, traz ao público Sol de Inverno, um filme que mescla ficção e memórias pessoais. A obra, com estreia no Brasil marcada para 16 de janeiro pela distribuidora Michiko Filmes, narra a história de Takuya, um garoto de 9 anos que encontra na patinação artística uma nova paixão e uma forma de se conectar com o mundo ao seu redor.
A Jornada de Takuya
Ambientado em uma pacata ilha japonesa, o filme acompanha o jovem introspectivo Takuya (Keitatsu Koshiyama), que, ao observar a talentosa Sakura (Kiara Takanashi) patinando, sente despertar um interesse inesperado pelo esporte. Com a ajuda de Arakawa (Sôsuke Ikematsu), ex-campeão da modalidade e técnico da garota, Takuya entra no mundo da patinação artística, formando uma dupla com Sakura. Essa relação, além de explorar o crescimento de ambos, aborda os laços humanos que surgem em meio às adversidades e diferenças.
A Conexão com a Realidade
Embora a trama seja fictícia, Okuyama buscou inspiração em suas próprias experiências. Quando criança, ele também teve contato com a patinação artística ao acompanhar sua irmã mais velha e enfrentou dificuldades como um tique nervoso que influenciou a construção do personagem principal. “Queria que Takuya tivesse um amigo que nunca mencionasse sua gagueira, para que ele pudesse ser aceito pelo que é”, explicou o diretor.
Essa sensibilidade marca a obra de Okuyama e tem rendido comparações com Hirokazu Kore-eda, renomado por explorar relações humanas em filmes como Assunto de Família e Monster. Em Sol de Inverno, essa abordagem é potencializada pelo trabalho cuidadoso com atores mirins, que conferem autenticidade e emoção à história.
Uma Trilha Que Move a História
A música desempenha um papel central no filme. Inspirado pela canção “Boku no Ohisama” da dupla folk Humbert Humbert, Okuyama integrou sua melodia à narrativa, ao ponto de convidar Ryosei Sato, membro do grupo, para compor a trilha sonora. A escolha adiciona profundidade emocional às cenas e reflete o tom contemplativo da obra.
Hiroshi Okuyama: Um Nome em Ascensão
Com apenas 27 anos, Hiroshi Okuyama já se destaca no cenário do cinema internacional. Sua estreia em longas-metragens, Jesus (2018), foi aclamada em festivais como San Sebastián, onde recebeu o prêmio de Melhor Diretor na categoria Novos Diretores. Entre Jesus e Sol de Inverno, ele dirigiu a minissérie Makanai: Cozinhando para a Casa Maiko e demonstra um domínio técnico que inclui roteiro, edição e fotografia.
Um Lançamento Promissor
Sol de Inverno também marca a estreia da distribuidora brasileira Michiko Filmes, fundada por Michel Simões e Chico Fireman. Com um histórico de amor pelo cinema e experiência no podcast Cinema na Varanda, a dupla promete trazer histórias marcantes e autênticas para o público nacional.
Por Que Assistir?
Mais do que um filme sobre patinação artística, Sol de Inverno é uma narrativa sobre descobertas, conexões e superação. A direção cuidadosa de Okuyama, aliada à atuação sensível do elenco e à trilha sonora envolvente, cria uma obra que é tanto emocional quanto visualmente cativante.
Se você gosta de histórias que tocam o coração sem cair em exageros, essa é uma aposta certeira para começar o ano no cinema.
Sol de Inverno
Direção: Hiroshi Okuyama
Roteiro: Hiroshi Okuyama
Fotografia: Hiroshi Okuyama
Montagem: Hiroshi Okuyama
Música: Yoshinari Sato
Ano: 2024
País: Japão, França
Duração: 90 minutos
Elenco: Keitatsu Koshiyama, Kiara Takanashi, Sôsuke Ikematsu, Ryuya Wakaba, Maho Yamada