Com estreia prevista para 2 de janeiro nos cinemas brasileiros, Encontro com o Ditador, dirigido por Rithy Panh, é uma representação poderosa do Camboja no Oscar de 2025. O longa, distribuído pela Pandora Filmes, pode marcar a segunda indicação do diretor à premiação, após o reconhecimento por A Imagem que Falta em 2014.
A trama revisita o regime do Khmer Vermelho, liderado por Pol Pot, que entre 1975 e 1979 exterminou cerca de 1,7 milhão de pessoas. Essa narrativa histórica explora uma das maiores tragédias do século XX, com uma abordagem cinematográfica envolvente e impactante.
Uma história real reimaginada
Baseado no livro When The War Was Over, de Elizabeth Becker, o filme acompanha três jornalistas franceses em 1977, convidados ao Camboja para entrevistar Pol Pot. A viagem, inicialmente marcada por uma aparente normalidade, revela o colapso do regime do Khmer Vermelho, que, à sombra de uma guerra iminente contra o Vietnã, executa um genocídio devastador. Sob a fachada propagandística, os jornalistas enfrentam horrores que transformam sua missão em um pesadelo perturbador.
A força da direção e da estética
Rithy Panh conduz o espectador por um retrato íntimo e visceral da tragédia humana. A fotografia, assinada por Aymerick Pilarski e Mesa Prum, combina paisagens desoladas com uma narrativa visual simbólica, refletindo o impacto devastador do genocídio. A direção de arte potencializa o desconforto, com cenários que expõem cicatrizes profundas, enquanto o roteiro, coescrito por Panh e Pierre Erwan Guillaume, confronta dilemas morais complexos, desafiando o público a refletir sobre memória, poder e justiça.
Além dos fatos históricos
O filme transcende o registro de eventos, aprofundando-se na psique humana diante do mal. Os protagonistas não apenas enfrentam a realidade brutal de Pol Pot, mas também lidam com sentimentos de culpa, negação e a complexidade ética de sua jornada. Sem soluções fáceis ou julgamentos superficiais, Encontro com o Ditador examina as reações emocionais e psicológicas diante de uma das maiores atrocidades do século XX.
Reconhecimento e relevância
Exibido no Festival de Cannes 2024, o longa recebeu elogios pela sensibilidade ao abordar o genocídio cambojano. Ao invés de apenas recordar a história, a obra propõe um olhar profundo sobre as reações humanas à barbárie, transformando-se em uma experiência cinematográfica densa e reflexiva.
Reflexão necessária
Mais do que uma revisitação ao passado, Encontro com o Ditador é um chamado à responsabilidade coletiva para que atrocidades como as do Khmer Vermelho não se repitam. Com um elenco liderado por Irène Jacob, Grégoire Colin e Cyril Guei, o filme oferece uma narrativa que provoca, questiona e permanece com o espectador muito além da sessão.
Encontro com o Ditador estreia em 2 de janeiro nos cinemas brasileiros.