Trilha Sonora para um Golpe de Estado | Um dos documentários mais relevantes de 2024 chegará aos cinemas em janeiro

22 de janeiro de 2025

O documentário “Trilha Sonora para um Golpe de Estado”, dirigido pelo cineasta belga Johan Grimonprez, será lançado nos cinemas brasileiros em 30 de janeiro pela Pandora Filmes. A obra, que já conquistou reconhecimento mundial, está entre os indicados ao Oscar 2025 na categoria Melhor Documentário. Além disso, acumulou prêmios como Melhor Roteiro e Melhor Montagem pela Associação Internacional de Documentários e o Prêmio Especial do Júri por Inovação Cinematográfica no Festival de Sundance 2024.

Uma Jornada pelo Jazz e pela Resistência

O filme mergulha em um episódio sombrio da história do século XX, explorando a conexão entre o jazz, o colonialismo e os bastidores da Guerra Fria. O ponto de partida é o protesto histórico dos músicos Abbey Lincoln e Max Roach, que em 1961 invadiram o Conselho de Segurança da ONU para denunciar o assassinato de Patrice Lumumba, líder congolês e ícone da descolonização africana.

Ao longo da narrativa, o documentário destaca como os Estados Unidos utilizaram a música como ferramenta de propaganda durante a Guerra Fria. Músicos negros, como Louis Armstrong, foram enviados à África em missões culturais que escondiam tramas políticas, incluindo o golpe de Estado orquestrado pela CIA no Congo. Segundo Grimonprez, “os músicos eram usados como isca para mascarar os verdadeiros interesses imperialistas”.

Uma Experiência Sensorial e Histórica

Com edição de Rik Chaubet, o filme combina imagens de arquivo, performances musicais e animações gráficas em uma montagem que dialoga diretamente com o ritmo do jazz. Essa abordagem inovadora foi elogiada pela Variety como “uma aula de história apresentada como espetáculo dramático e irônico”. A crítica também apontou que a obra equilibra “a energia de um concerto de jazz com a profundidade de um texto acadêmico”.

Reflexões Sobre o Presente

Mais do que um resgate histórico, “Trilha Sonora para um Golpe de Estado” provoca reflexões sobre o impacto duradouro do colonialismo e as dinâmicas imperialistas ainda presentes no mundo contemporâneo. O diretor enfatiza que as questões levantadas no documentário continuam dolorosamente atuais, com o Congo ainda sendo palco de disputas globais por seus recursos naturais.

Reconhecimento Global

Considerado um dos melhores filmes do ano por publicações como The New York Times e Artforum, o documentário desafia nossa compreensão sobre história, música e poder. A crítica do The New York Times descreveu o longa como “uma obra extraordinária que reinterpreta o papel da arte na resistência”.