Sing Sing, drama indicado a três prêmios no Oscar 2025, chega aos cinemas brasileiros no dia 13 de fevereiro. Dirigido por Greg Kwedar, o filme protagonizado por Colman Domingo se baseia em uma história real e apresenta o poder transformador da arte no ambiente de uma das prisões mais famosas dos Estados Unidos.
O longa conta a trajetória do programa Rehabilitation Through the Arts (RTA), que ajuda detentos de Sing Sing a se reconectar com suas emoções e a desenvolver habilidades criativas através do teatro, sendo uma experiência que vai além da reabilitação tradicional. No filme, vemos um grupo de prisioneiros que encenam peças de Shakespeare e até produzem obras originais, mostrando como o arte pode transformar suas realidades e abrir novos caminhos para a reintegração à sociedade.
A Força do Programa RTA
O programa RTA já existe no mundo real e, segundo estudos, tem um impacto impressionante na redução da reincidência criminal. Enquanto a taxa nacional de reincidência nas prisões dos Estados Unidos gira em torno de 60%, entre os participantes do RTA, o índice cai para menos de 5%. No entanto, o programa ainda é pouco conhecido fora dos círculos especializados.
A descoberta do RTA por Kwedar foi pura casualidade. Em 2016, o cineasta estava ajudando um amigo a produzir um curta documental em uma prisão de segurança máxima quando se deparou com uma cena que o marcou profundamente. Em uma cela, um detento estava acompanhado de um cachorro resgatado, e Kwedar ficou impressionado com a relação de cumplicidade entre eles. Esse momento o levou a investigar outras iniciativas dentro das prisões dos EUA, até encontrar o RTA, que viria a inspirar Sing Sing.
A História dos “Divines”
No centro da história do filme estão dois detentos que participaram ativamente do programa RTA: John “Divine G” Whitfield e Clarence “Divine Eye” Maclin. Ambos tiveram suas vidas transformadas pela arte, mas de formas diferentes. Divine G foi condenado injustamente por um crime que não cometeu, mas, antes de ser preso, já tinha se envolvido com as artes cênicas. Durante seu tempo em Sing Sing, ele passou a escrever peças e romances enquanto tentava provar sua inocência.
Já Divine Eye, inicialmente um criminoso no sistema prisional, começou a se envolver com o RTA por um acaso. Ele foi forçado a participar de uma apresentação e, ao observar os outros presos se expressando abertamente no palco, teve uma mudança de perspectiva. Para ele, foi uma epifania: começou a entender que, além dos crimes cometidos, os prisioneiros tinham histórias de vida complexas, com famílias e emoções como qualquer outra pessoa.
O Processo de Criação do Filme
Para criar Sing Sing, Kwedar e seu roteirista Clint Bentley mergulharam fundo nas histórias reais de pessoas envolvidas com o RTA. Juntos, buscaram uma maneira autêntica de contar a narrativa sem cair em clichês comuns de filmes sobre prisões, como violência e antagonismo. O objetivo era mostrar a prisão como um espaço onde a transformação e a humanidade podem coexistir, não um mero palco para o sofrimento.
O roteiro de Sing Sing foi desenvolvido em colaboração com os próprios participantes do RTA, incluindo Divine G e Divine Eye, que deram suas contribuições para o desenvolvimento dos personagens e das histórias apresentadas no filme. A abordagem coletiva e colaborativa foi crucial para criar uma narrativa mais rica e realista.
O Impacto da Arte na Prisão e a Representação no Cinema
O filme não é apenas sobre os desafios enfrentados pelos detentos, mas também sobre a redenção e a construção de uma comunidade. Os participantes do RTA encontram no teatro uma forma de expressão pessoal que os ajuda a superar traumas e a se conectar com seus próprios sentimentos. Isso é especialmente claro no elenco do filme, formado principalmente por membros do programa, que trazem uma sensação de autenticidade e sinceridade a suas performances.
Além de Colman Domingo, indicado ao Oscar de Melhor Ator, Sing Sing também foi indicado a Melhor Roteiro Adaptado e Melhor Canção Original. A escolha de fazer do teatro a espinha dorsal da história reflete a importância que a arte tem para o processo de reabilitação e reintegração dos detentos, enquanto a música se torna uma forma de expressão emocional, unindo todos os envolvidos no projeto.
A estreia do longa em 13 de fevereiro promete não só emocionar o público, mas também convidar à reflexão sobre a importância da reabilitação e do apoio psicológico nas prisões.