Com estreia marcada para amanhã (6), “A Voz Que Resta”, longa-metragem dirigido por Roberta Ribas e Gustavo Machado, traz para as telonas a adaptação de um dos monólogos mais impactantes dos palcos. A história, que já conquistou o público em sua versão teatral, segue a trajetória de Paulo, um jornalista em crise, que vive um romance com sua vizinha casada. Em uma noite de bebedeira, ele registra, em uma fita cassete, toda a angústia e os sentimentos que o consomem. O filme entra em cartaz nas cidades de São Paulo, Porto Alegre, Ribeirão Preto e Salvador.
Um Protagonista Marcante e uma Nova Perspectiva para o Relacionamento
No papel do protagonista, Gustavo Machado não só interpreta, mas também assina a direção ao lado de Roberta Ribas. A adaptação para o cinema, embora mantenha a estrutura do monólogo original de Vadim Nikitin, mergulha ainda mais profundamente na jornada emocional de Paulo. A grande diferença da versão cinematográfica é a presença de Marina, que, na peça, apenas era citada. Agora, a personagem ganha mais destaque, aparecendo em flashbacks de amor e ódio no contexto do conturbado relacionamento com o protagonista.
A Sinergia entre Direção e Atuação
Em sua primeira experiência como diretor de um longa, Gustavo destaca como a dinâmica com Roberta foi fundamental para o resultado final do projeto. “A grande vantagem foi a possibilidade de troca constante. A gente tinha visões muito claras sobre o que queríamos para o filme”, compartilha o ator, que se entregou completamente ao personagem de Paulo.
A filmagem aconteceu em um único cenário, a casa de Gustavo, o que facilitou o processo de imersão do ator e trouxe uma naturalidade única ao filme. Para Roberta, essa proximidade com o cenário e a equipe foi essencial para criar um ambiente intimista e genuíno. “O que mais encantou nesse projeto foi a intimidade que a equipe conseguiu construir. Todo mundo estava conectado com a mesma visão, e isso fez com que o filme se tornasse algo muito pessoal para todos nós”, relembra a cineasta.
Com uma paleta de cores que mistura tons de âmbar, vermelho e azul, o filme carrega a estética característica de Roberta Ribas, presente em seus curtas. Ela explica que essa escolha não é apenas uma marca pessoal, mas também uma forma de refletir a dualidade das emoções de Paulo. “O vermelho e o azul representam sentimentos opostos, como a paixão e o alívio. Esses contrastes são fundamentais para ilustrar a jornada emocional do personagem”, afirma.
Cinema de Guerrilha e um Filme Autorais
A produção do filme foi marcada por uma abordagem minimalista, com uma equipe pequena e um esquema de filmagem que Roberta e Gustavo chamam de “cinema de guerrilha”. Esse estilo contribuiu para o tom intimista e autoral da obra. “Era um filme muito para dentro, muito focado nas emoções e na vulnerabilidade dos personagens”, comenta Roberta, que destaca a importância dessa aproximação com o universo íntimo do protagonista.
“A Voz Que Resta” tem lançamento previsto para 6 de fevereiro no Brasil, distribuído pela Pandora Filmes. Uma oportunidade imperdível para mergulhar nas emoções cruas de um homem em crise e explorar a tensão emocional que vai além das palavras.