segunda-feira, fevereiro 24, 2025
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Crítica | Capitão América: Admirável Mundo Novo “tenta” colocar a Marvel de volta nos trilhos

Estreando nos cinemas após uma série de reformulações dentro da Marvel Studios, Capitão América: Admirável Mundo Novo chega com a missão de apresentar o novo Capitão América, depois da série da Disney Plus, além de um novo General Ross, agora interpretado por Harrison Ford, devido ao falecimento de William Hurt.

Com o universo Marvel repleto de mudanças e polêmicas, Capitão América: Admirável Mundo Novo não conseguiu escapar disso, sendo alvo de rumores nos últimos anos por conta de suas refilmagens. Muitas dessas especulações se confirmaram com o lançamento do filme.

Mas será que é tão fácil acompanhar o novo filme do Capitão América?

Vingadores: Ultimato e Falcão e o Soldado Invernal

Steve Rogers entregando escudo do Capitão América no fim de Vingadores: Ultimato (2019)

Mesmo se passando seis anos após Vingadores: Ultimato (2019), é importante lembrar que o Capitão América Steve Rogers (Chris Evans) se aposentou naquele filme, entregando seu escudo para Sam Wilson, o Falcão.

Em 2021, a Disney Plus lançou Falcão e o Soldado Invernal, série que mostra Sam Wilson (Anthony Mackie) e Bucky Barnes (Sebastian Stan) lidando com essa transição. Nela, vemos a transformação de Sam em Capitão América e a introdução de Isaiah Bradley (Carl Lumbly), um super soldado que foi um herói antes mesmo de Steve Rogers, mas que nunca recebeu reconhecimento.

Sam Wilson veste traje do Capitão América pela primeira vez na série Falcão e o Soldado Invernal (2021)

A série também apresenta Eli Bradley (Elijah Richardson), neto de Isaiah, que nos quadrinhos se torna o Patriota, integrante dos Jovens Vingadores.

Como Capitão América: Admirável Mundo Novo já começa com Sam no papel do herói e traz de volta personagens como Isaiah Bradley, é quase essencial conhecer pelo menos esses acontecimentos da série para acompanhar a história do filme.

E a trama de Capitão América: Admirável Mundo Novo? (contém spoilers)

Capitão América: Admirável Mundo Novo
Os novos Falcão e Capitão América

Os EUA têm um novo presidente, o Thaddeus Ross (Harrison Ford) que assume o cargo, trazendo desafios inéditos. Militar experiente e conhecido como Caçador de Hulks, Ross entra para a história num clima similar ao de Donald Trump assumindo a Casa Branca no mundo real.

Logo, ele envia Sam Wilson e Joaquin Torres, agora os “novos” Capitão América e Falcão, para Oaxaca, no México, com a missão de impedir um leilão clandestino de tecnologia roubada. Os heróis recuperam o artefato, mas não conseguem capturar os envolvidos, um grupo chamado Sociedade da Serpente.

Vilão Coral (Giancarlo Esposito) no filme

Paralelamente, Torres busca conselhos de Sam para se tornar um bom Falcão. Isso leva o Capitão a apresentá-lo a Isaiah Bradley, que pode ser uma peça-chave tanto para Torres quanto para a própria história.

Com Ross no poder, a política internacional muda. Ele convida Sam e Torres para um evento na Casa Branca com líderes de outros países. Sam pede para que Isaiah também seja incluído, e todos comparecem. Em uma reunião a portas fechadas, Ross expressa seu desejo de reativar os Vingadores. Como responsável pelo Tratado de Sokovia – que dividiu os heróis no passado –, ele agora reconsidera a importância da equipe ao lado do governo dos EUA. Sam, no entanto, não dá uma resposta definitiva.

No evento, Ross revela que a missão de Sam e Torres envolvia a descoberta de um novo metal: o adamantium (sim, o mesmo do esqueleto do Wolverine), encontrado na Ilha Celestial surgida após os eventos de Eternos (2021). O presidente propõe um tratado para evitar uma corrida armamentista, mas, no meio de seu discurso, a música Mr. Blue começa a tocar, e várias pessoas – incluindo Isaiah – sacam armas e tentam assassinar Ross e outros líderes mundiais.

Isaiah é preso, enquanto Ross apresenta sua chefe de segurança, a ex-Viúva Negra Ruth Bat-Seraph (Shira Haas), que investigará o caso.

Torres descobre que os atiradores, incluindo Isaiah, tiveram seus celulares ativados antes do atentado. A origem do sinal leva a um local chamado Camp Echo One, na Virgínia Ocidental.

Enquanto isso, a relação diplomática entre EUA e Japão se deteriora, pois o governo japonês acusa os americanos de forjar o roubo do adamantium.

Sam é atacado pelo vilão Coral (Giancarlo Esposito), membro da Sociedade da Serpente. Após uma luta intensa, Sam consegue prendê-lo. Cruzando informações com Torres, eles descobrem que Camp Echo One abriga ninguém menos que Dr. Samuel Sterns (Tim Blake Nelson), o vilão exposto ao sangue de Bruce Banner em O Incrível Hulk (2008), que se tornou extremamente inteligente. Além disso, parte do sucesso de Ross em se tornar presidente veio da manipulação de Sterns.

Ao chegarem ao local, Sam e Torres enfrentam Sterns, que utiliza a música Mr. Blue para manipular mentes. Ele revela que Ross, para tratar sua insuficiência cardíaca, tomou pílulas com radiação gama.

Enquanto isso, Ross viaja ao Japão para tentar amenizar as tensões entre os países, mas o primeiro-ministro japonês continua acusando os EUA.

Hulk Vermelho – Disney / Divulgação

Em uma coletiva de imprensa, Ross perde a paciência e se transforma no Hulk Vermelho, destruindo parte da Casa Branca e causando caos em Washington. Sam e Torres tentam conter a situação, mas Torres se machuca, deixando Sam sozinho para enfrentar Ross. O Capitão consegue afastá-lo da cidade e fazê-lo voltar ao normal. Com isso, Ross é destituído da presidência e preso. Na cadeia, recebe a visita de sua filha, Betty Ross (Liv Tyler). Enquanto isso, Isaiah é libertado, agradecendo a Sam por salvá-lo.

Na cena pós-créditos, Sterns conversa com Sam e avisa que um ataque está vindo de outros mundos, conectando a trama ao Multiverso e aos próximos filmes da Marvel.

Opinião

Disney / Divulgação

Capitão América: Admirável Mundo Novo mantém um ótimo nível, seguindo o estilo de Capitão América: O Soldado Invernal (2014) e Capitão América: Guerra Civil (2017). No entanto, Sam Wilson traz um tom diferente de Steve Rogers, adotando um humor e uma leveza distintos do antigo Capitão – algo que funciona muito bem para o legado do personagem.

Depois de filmes como As Marvels e Deadpool & Wolverine (ambos de 2023), Capitão América: Admirável Mundo Novo se encaixa melhor no MCU, consolidando o universo compartilhado. É interessante notar como a Marvel vem resgatando elementos de O Incrível Hulk (2008), conectando-os a Guerra Civil, Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis (2021), She-Hulk: Defensora de Heróis (2022) e agora a este filme.

O grande destaque do filme, porém, é Coral, interpretado por Giancarlo Esposito. Seu vilão rouba a cena, superando até o Dr. Samuel Sterns, que, além de ter um visual questionável, não impressiona tanto.

O maior problema do filme talvez seja sua forte dependência da série Falcão e o Soldado Invernal para estabelecer sua história. Para quem não assistiu, o arco de Sam e Isaiah Bradley pode não ter o mesmo peso emocional. A ausência de Eli Bradley também diminui a relevância da prisão de Isaiah.

Harrison Ford entrega um Ross interessante, embora diferente da versão de William Hurt. Curiosamente, na dublagem, a voz escolhida remete ao Hurt, causando um certo estranhamento inicial, mas que funciona bem.

O Hulk Vermelho é uma adição impactante, mas poderia ter sido uma surpresa melhor guardada. Por aparecer apenas no último ato, o filme quase parece se encerrar sem ele.

No fim, Capitão América: Admirável Mundo Novo resgata a essência da Marvel pré-Ultimato, dando sinais de que o estúdio está voltando aos trilhos. Agora resta saber se Thunderbolts e Quarteto Fantástico: Primeiros Passos conseguirão manter essa chama acesa.

Nota: 3,5 (de 5)

Capitão América: Admirável Mundo Novo

Orçamento: US$ 180 milhões

Duração: 118 min | Gênero: Ação, Aventura

Direção: Julius Onah | Produção: Marvel Studios

Roteiro: Rob Edwards, Malcolm Spellman, Dalan Musson, Julius Onah, Peter Glanz

Elenco: Anthony Mackie, Danny Ramirez, Shira Haas, Carl Lumbly, Giancarlo Esposito, Liv Tyler, Tim Blake Nelson, Harrison Ford

Música: Laura Karpman | Edição: Matthew Schmidt, Madeleine Gavin

Distribuição: Walt Disney Studios Motion Pictures

Lançamento: 11 de fevereiro (TCL Chinese Theatre), 13 de fevereiro (Brasil e Portugal), 14 de fevereiro (EUA)

Giuliano Peccilli
Giuliano Peccillihttp://www.jwave.com.br
Editor do JWave, Podcaster e Gamer nas horas vagas. Também trabalhou na Anime Do, Anime Pró, Neo Tokyo, Nintendo World e Jornal Nippon Já.

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