Novo filme de Liam Neeson, Último Alvo chega aos cinemas com o dilema de fazer filmes de ação levando em conta o peso da idade. Em colaboração com o diretor Hans Petter Moland, de Vingança a Sangue Frio, a nova produção apresenta um personagem que já teve seus dias de glória, mas que agora precisa lidar com os “fantasmas” de sua vida.
Com roteiro de Tony Gayton, Último Alvo aparenta ser um filme de ação e, devo confessar, o trailer reforça essa impressão. No entanto, se formos diretos, estamos diante de uma história de redenção. O verdadeiro confronto aqui não está apenas nos assassinos e nas missões, mas também na luta interna do protagonista.
Propondo algo diferente, Último Alvo desafia seu anti-herói e nos convida, como espectadores, a acompanhá-lo em busca de dias melhores.
A história
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Thug (Liam Neeson) é um ex-mafioso que executa alguns serviços para seu chefe Charlie Conner (Ron Perlman). Frequentemente, ele também precisa cuidar de Kyle Conner (Daniel Diemer), filho de Charlie, que está aprendendo na marra como se tornar um criminoso frio.
Apos sentir fortes dores de cabeça, Thug descobre no hospital que sofre de uma demência sem cura, que irá se agravar com o tempo. Último Alvo explora bem essa dualidade entre a realidade e o mundo particular do protagonista, destacando os sintomas que ele enfrenta.
Em um bar, ao testemunhar um caso de abuso de um homem contra uma mulher (Yolonda Ross), Thug intervém e nocauteia o agressor. Para sua surpresa, a mulher o acompanha e o leva para sua casa, iniciando uma relação que pode ser considerada um namoro.
Enquanto tenta reorganizar sua vida, Thug procura sua filha Daisy (Frankie Shaw) e seu neto Dre (Terrence Pulliam). Ele se esforça para ser presente, indo aos jogos de Dre e incentivando-o no boxe, esporte que praticou a vida toda. No entanto, Daisy ainda guarda mágoas, principalmente pela morte do irmão viciado em drogas e pela ausência do pai nos momentos mais difíceis.
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A missão de Thug e Kyle é levar um caminhão para a máfia, sem fazer perguntas. Contudo, ao abrir o compartimento, eles descobrem várias mulheres sequestradas. Uma delas pula para fora e machuca a mão de Thug, que tenta ignorar o que viu. Fica evidente que se trata de tráfico humano, algo que ele tenta a todo custo evitar.
Porém, a imagem da jovem fugindo do caminhão não sai de sua cabeça. Atormentado por pesadelos, ele decide visitá-la no local onde está presa e descobrir quanto precisa para libertá-la. Ao saber que o valor é 20 mil dólares, ele hesita, mas os pesadelos continuam o perseguindo.
Em um jantar marcado para apresentar sua namorada à filha e ao neto, Thug se decepciona ao perceber que eles não compareceram. Na volta para casa, sua namorada descobre sobre sua doença e entra em contato com Daisy para contar a verdade. Isso gera um conflito, mas ele sabe que essa história está longe de acabar.
A situação piora quando bandidos tentam assassiná-lo, obrigando-o a reagir e eliminá-los. Ao confrontar Charlie Conner, ele descobre que foi demitido e que o ataque foi planejado por Kyle. Querendo dinheiro emprestado para ajudar sua filha e possivelmente a jovem do tráfico, Thug se vê diante de uma decisão crucial.
Opinião
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Último Alvo engana à primeira vista, parecendo um típico filme de “tiro, porrada e bomba”. Embora tenha cenas de ação, o foco real está na doença de Thug e em como sua vida é complexa demais para que ele se preocupe com sua própria saúde.
O trailer sugere um ritmo mais acelerado, mas o filme opta por um tom introspectivo. Liam Neeson entrega uma atuação convincente, mostrando a luta do personagem contra sua própria mente e o medo de perder sua identidade. Ele carrega o filme nas costas e merece reconhecimento por isso.
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Os pesadelos e a linha tênue entre realidade e fantasia surpreendem, mas o excesso de subtramas acaba diluindo o impacto emocional. Os arcos sobre a relação de Thug com a filha e o neto, assim como seu romance, são bem desenvolvidos e envolventes. Já a trama do tráfico humano é menos convincente, pois não fica claro por que Thug se sente tão compelido a salvar a jovem.
Com um roteiro confuso e talentos como Ron Perlman reduzidos a participações especiais, Último Alvo entrega boas cenas de ação, mas seu ritmo lento e a quantidade de tramas paralelas podem não agradar a todos. O conflito entre Thug, Charlie e Kyle é um dos pontos altos, mas perde espaço para outras histórias que competem pela atenção do espectador.
Lembrando um pouco Pacto de Redenção, com Michael Keaton, Último Alvo traz Liam Neeson no papel de um ex-mafioso que atira primeiro e pergunta depois. No fim, é um filme com bons momentos e uma história que intriga, mas que deixa a sensação de que algo ficou faltando.
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Nota: 3 (de 5)
Último Alvo
Direção: Hans Petter Moland
Roteiro: Tony Gayton
Produção: Warren Goz, Eric Gold, Roger Birnbaum, Michael Besman
Elenco: Liam Neeson, Ron Perlman, Yolonda Ross, Frankie Shaw, Daniel Diemer
Direção de fotografia: Philip Øgaard
Edição: Dino Jonsäter
Trilha sonora: Kaspar Kaae
Produtoras: Sculptor Media, Electromagnetic Productions
Distribuição: Samuel Goldwyn Films
Lançamento: 1º de novembro de 2024
Duração: 112 minutos
País: Estados Unidos
Idioma: Inglês
Agradecimentos a Imagem Filmes pelo convite para produção deste conteúdo