Criada em 2004, a franquia Monster Hunter se tornou, ano após ano, um dos pilares da Capcom na geração gamer atual. Superando outras marcas de sucesso da empresa, Monster Hunter possui um público fiel, já teve uma adaptação live-action nos cinemas e foi responsável, diversas vezes, por influenciar a escolha de um console pelos jogadores.
Com Monster Hunter Wilds, não foi diferente. O jogo impulsionou as vendas do PlayStation 5 no Japão, mesmo estando disponível em outras plataformas. Essa escolha reflete uma preferência histórica dos jogadores japoneses, que buscam experiência e facilidade, optando pelo console da Sony exatamente por esses fatores.
Produzido na RE Engine — já conhecida pelos jogadores por títulos como Devil May Cry 5 e Street Fighter 6 —, o jogo exibe a tecnologia em sua melhor forma, provando que não há limites para a engine.
Com dublagem e legendas em português, Monster Hunter Wilds chegou ao Brasil com uma localização carismática e de alta qualidade, algo que já se tornou marca registrada dos jogos da Capcom.
Em um vasto mundo aberto, Monster Hunter Wilds apresenta uma história robusta que, mesmo em sua experiência online, oferece um envolvimento individual ao jogador. Com personagens carismáticos, o jogo se consolida como um dos grandes destaques de 2025, podendo alçar voos ainda mais altos, como a premiação de Jogo do Ano.
Falando de Monster Hunter
Conhecida por Mega Man e Resident Evil, a Capcom lançou Monster Hunter em 2004, trazendo ação cooperativa e mecânicas estratégicas. Seu sucesso descomunal no Japão foi seguido por Freedom Unite e Portable 3rd. O reconhecimento mundial veio com Monster Hunter 3 Ultimate, que impulsionou as vendas do PSP, seguido por Monster Hunter 4 Ultimate, responsável por aumentar as vendas do Nintendo 3DS.
Explorando os principais consoles japoneses, o grande marco da série aconteceu em 2018 com Monster Hunter: World, que ultrapassou 20 milhões de cópias vendidas e se tornou o jogo mais vendido da história da Capcom.
Em 2021, Monster Hunter Rise reafirmou o sucesso da franquia, agora com forte presença no Nintendo Switch e também no PC.
E o que dizer de um jogo que vende 8 milhões de cópias em apenas três dias? É justamente o que Monster Hunter Wilds fez e reforçando o sucesso da franquia, mas vai além, reinventando o mercado e influenciando a concorrência nos próximos anos.
A História

Tudo começa em um deserto quase sem vida, onde um grupo de exploradores encontra um garoto misterioso, caído, ferido e à beira da morte. Seu nome é Nata, e ele pertence ao povo conhecido como Guardiões, que foi atacado pelo temível Espectro Branco, um monstro que deveria estar extinto há séculos.
Seu personagem está ali para proteger sua equipe e sua tribo, mas, acima de tudo, para levar Nata de volta. Como companhia, você tem um amigato de personalidade forte, que não hesita em entrar nos combates ao seu lado. Tamanha é sua atitude que você pode até achar que ele veio direto de um jogo de Final Fantasy.
À medida que investiga, mais dúvidas surgem: como Nata sobreviveu? Como ele foi parar nesse lugar? Cada novo vilarejo ou pessoa encontrada torna a trama ainda mais intrigante.
Com missões pontuais de exploração, sua equipe seguirá jornada pelas Terras Proibidas, enfrentando batalhas cada vez mais intensas. Seres colossais irão surgir, exigindo ao máximo suas habilidades. E sim, Monster Hunter faz jus ao nome, e seu personagem terá que caçar ao máximo, enfrentando criaturas como Balahara e Chatacabra.
Vale destacar que parte da história se desenvolve através dos personagens que acompanham sua jornada. Seja Alma, que está sempre conversando e dando conselhos, Gemma, que aprimora suas armas com os itens das caçadas, ou Seikret, que você usa para cavalgar e também para lutar, facilitando a movimentação ao redor dos monstros que estiver caçando.

Além disso, há Y’sai, que não apenas guia sua equipe, mas também está no centro do mistério envolvendo seu povo e sua relação com os monstros, especialmente os Seikret, o que se desenrola ao longo da trama.
Jogabilidade

Tive a oportunidade de jogar Monster Hunter Wilds no Steam Deck, experimentando duas formas de jogabilidade: no modo portátil e com um controle de PlayStation 5 via Bluetooth.
A primeira opção é o melhor dos mundos para quem prefere jogar de forma portátil. No entanto, devo admitir que os comandos para pegar itens não são nada intuitivos nesse modo. Ainda assim, as batalhas fluem muito bem, e a jogabilidade é bastante natural. O ponto fraco fica por conta da bateria, que não permite longas sessões de jogo.
Já com o controle do PlayStation 5, a experiência é muito mais fluida. Talvez pelo peso do controle em mãos, jogar assim se torna mais confortável e intuitivo do que diretamente no Steam Deck.
O grande destaque aqui é o Modo Foco, que permite utilizar a mira para pegar itens e atacar monstros com mais precisão. Além disso, ele é ótimo para jogadores novatos (meu caso), pois ajusta automaticamente a câmera para você, destaca na tela os pontos fracos dos inimigos e facilita bastante a jogabilidade. Alguns jogadores vão preferir jogar inteiramente no Modo Foco, enquanto outros podem usá-lo apenas em momentos estratégicos—isso depende da abordagem de cada um. Para mim, foi fundamental tanto nas lutas mais difíceis quanto para acessar itens inacessíveis, funcionando como um verdadeiro atalho.
Outro aspecto importante da jogabilidade é a ajuda dos Seikret na exploração e nos combates. Esses pássaros são extremamente velozes e permitem atravessar rapidamente áreas que normalmente levariam mais tempo para serem percorridas a pé. Além disso, eles são excelentes aliados em batalha. Confesso que, no começo, fiquei um pouco atrapalhado com sua velocidade, mas é inegável que são um dos grandes pontos altos do jogo.
Por fim, vale lembrar que Monster Hunter Wilds é um RPG. Embora tenha um foco maior em ação do que em mecânicas tradicionais de RPG por turno, ainda é essencial gerenciar seu personagem para enfrentar desafios cada vez maiores. Isso inclui coletar e comprar itens, além de aprimorar armas e armaduras. No início, fui um tanto relapso e morri algumas vezes por não me preparar direito, mas, depois de levar tudo o que coletei para Gemma e melhorar meu equipamento, a jogabilidade ficou muito mais fluida. E não se esqueça: escamas e ossos são tão importantes quanto qualquer outro recurso para melhorar seu desempenho nas batalhas futuras.
Localização

Se há algo digno de elogios, a cereja do bolo aqui é, sem dúvida, a dublagem e as legendas do jogo em nosso idioma. Com um elenco acima da média e um texto fluido, a imersão é tamanha que, em vários momentos, a experiência se assemelha mais a assistir a um filme do que a jogar. Esse nível de qualidade não é novidade para a Capcom, presente em títulos como Resident Evil Village (o primeiro da série a ser dublado) e, mais recentemente, Dead Rising Deluxe Remaster.
Além disso, a adaptação do texto vai além da simples tradução, conseguindo captar e transmitir as nuances de cada personagem, incluindo a personalidade do seu amigato. Jogar em português torna-se um verdadeiro prazer, dando a sensação de que o jogo foi originalmente criado no nosso idioma.
Opinião

Monster Hunter Wilds honra a franquia ao oferecer não apenas personagens interessantes, mas também uma jogabilidade acima da média e uma história envolvente, que desperta cada vez mais o interesse pelo universo do jogo.
É fato que Monster Hunter Wilds tem um foco maior no modo online, onde você encontrará diversos jogadores interagindo no mundo aberto. No entanto, se a sua preferência for uma experiência solo, a Capcom também entrega um jogo excepcional. Pessoalmente, confesso que preferi jogar sozinho, o que me levou a investir horas a fio para explorar e compreender melhor o cenário ao meu redor.
Em certos momentos, novas mecânicas de jogabilidade são introduzidas, como a habilidade de pescar, incentivando o jogador a aprimorar suas habilidades constantemente.
Sendo um jogo focado na caça de monstros, não estranhe se uma nova caçada começar imediatamente após outra, ou se dois monstros do mesmo tipo surgirem no mesmo cenário para desafiá-lo. O objetivo aqui é claro: derrotá-los, coletar escamas e ossos e seguir adiante.

Vale destacar que Monster Hunter Wilds recebe atualizações constantes, o que impacta diretamente a experiência do jogador. No início, tive alguns problemas ao rodá-lo no Steam Deck, mas, felizmente, as atualizações resolveram essas questões, tornando a experiência muito mais fluida. Já no PlayStation 5, o jogo apresenta uma versão ainda mais impressionante, embora também evidencie algumas limitações do console da Valve para um título dessa magnitude.
O modo história, pelo menos inicialmente, tem uma duração média de 15 a 20 horas. No entanto, como marinheiro de primeira viagem, devo admitir que estou levando um pouco mais de tempo para concluir essa jornada.
Monster Hunter Wilds é viciante e certamente fará você passar horas imerso em sua aventura, sem perceber o tempo passar. Honrando o legado da franquia, o jogo tem tudo para ser um dos melhores lançamentos do ano — se não o melhor.

Nota: 4,5 (de 5)
Monster Hunter Wilds
Desenvolvedora: Capcom
Diretor: Yuya Tokuda
Produtor: Ryozo Tsujimoto
Engine: RE Engine
Modos: Single-player, multiplayer
Lançamento: 28 de fevereiro de 2025 (PC, PS5, Xbox Series X/S)
Agradecimentos a Capcom pela cópia digital para Steam Deck para produção deste conteúdo