terça-feira, março 18, 2025
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Review | Com Japão Feudal, Assassin’s Creed Shadows inova e sobe o nível

Quando se fala de Assassin’s Creed, dificilmente imaginamos outros lugares do mundo além dos tradicionais. No entanto, com Assassin’s Creed Shadows, os olhos agora estão voltados para o Japão, em um dos momentos mais importantes da sua história, com Oda Nobunaga. O jogo traz o samurai negro Yasuke, que não só existiu, mas foi pouco falado na história, além de introduzir o Animus Hub, uma nova forma de organizar a cronologia da franquia, envolvendo outros jogos da série.

Mas antes de falar sobre Assassin’s Creed Shadows, vamos dar uma olhada na história de Yasuke e ver se o jogo faz jus à sua versão em tela.

A história de Yasuke e Portugal no Japão

Semelhante à história do Brasil, os jesuítas portugueses chegaram ao Japão na mesma época. Lá, fecharam acordos comerciais e foram responsáveis pelo primeiro dicionário em outro idioma para o japonês, com o português sendo a primeira língua traduzida para o idioma local.

Esse período é marcado pela chegada de um negro, junto ao missionário jesuíta Alessandro Valignano, que chamou a atenção do lendário daimyō Oda Nobunaga. Inicialmente, Nobunaga não acreditava na cor de Yasuke, mas após questioná-lo e acolhê-lo, deu-lhe o direito de portar uma katana.

Embora Yasuke não tenha recebido status de samurai, ele ganhava prestígio ao acompanhar Nobunaga e conversar em japonês com o líder. Sua história se confunde com o Incidente de Honnō-ji, de 1582, quando desaparece da história, mas se torna uma lenda a ser redescoberta nos dias atuais.

O Animus Hub

Animus Hub – Giuliano Peccilli

Logo no início do jogo, você verá a primeira novidade: o Animus Hub. Esse centro interativo permite ao jogador ver protagonistas de diferentes Assassin’s Creed. Aqui, se você possuir os jogos, pode iniciar uma nova aventura diretamente pelo Animus Hub.

Com uma interface que remete à estética de Matrix, o sistema facilita a compreensão de como os jogos se encaixam e como as memórias dos personagens funcionam. Mas será tão intuitivo quanto as versões anteriores?

Vale destacar que o Animus Hub também permite explorar jogos anteriores, prometendo recompensas exclusivas, o que pode se tornar um novo padrão na franquia.

A História de Assassin’s Creed Shadows

Yasuke ganhando respeito de Nobunaga e trabalhando com ele daquele dia em diante – Giuliano Peccilli

O jogo se passa no Japão feudal de 1579, com Oda Nobunaga conversando com o missionário jesuíta Alessandro Valignano. O objetivo da conversa é melhorar as relações com o Japão, e a troca ocorre entre o português e o japonês, com o jogador apenas observando, até o primeiro encontro entre Nobunaga e Yasuke.

O primeiro salto no tempo acontece com Yasuke já ao lado de Nobunaga, atacando sem piedade ao seguir as ordens de seu daimyō. Aqui, o jogador controla Yasuke, um samurai imenso e letal. Do outro lado, temos Naoe, uma shinobi ágil e frágil, para quem a furtividade é a melhor estratégia.

No caso da Naoe, temos o sumiço de uma caixa importante para o pai dela, o que faz com que ela parta em busca dela e com isso descobrimos suas habilidades como personagem em cena.

Aquele que roubou era um samurai que usava está máscara – Giuliano Peccilli

O período retratado é o fim do período Sengoku e a ascensão de Nobunaga. Nobunaga é conhecido por tentar unificar o Japão em um único país, algo que ainda não havia acontecido na época.

A história é dividida em vários capítulos: Prólogo (introduzindo o cenário e protagonistas), Ascensão do Shinobi (onde Naoe começa a forjar seu caminho nas sombras), Uma Nova Liga (onde alianças e traições moldam os rumos da guerra), Experiência Guiada – Izumi (explorando a tensão crescente no Japão), Abertura da Província de Settsu (onde a guerra toma novos rumos), Queda do Shinbakufu (onde as escolhas dos protagonistas determinarão o futuro do país) e, por fim, o Epílogo.

O Japão vive uma forte transformação nesse período, e você cruzará lugares como Kyoto, Kobe, Osaka e Iga, refletindo o Japão feudal. O ataque de Nobunaga à província de Iga em 1581 também faz parte do jogo e desafiará suas habilidades como jogador.

Embora o jogo traga surpresas, quem conhece a história do Japão não encontrará tantas novidades nesse aspecto.

Jogabilidade

Yasuke com sua armadura de samurai – Giuliano Peccilli

O jogo apresenta dois personagens com estilos bastante distintos: Yasuke, um samurai imenso e forte, mas um pouco lento, e Naoe, uma shinobi ágil, mestre em furtividade e no uso da Hidden Blade. Podemos dizer que Naoe é a verdadeira “ninja” do jogo, capaz de escalar paredes e atacar de forma estratégica. Para mim, a jogabilidade de Naoe foi muito mais divertida do que a de Yasuke, com sua força bruta.

Testei o jogo no Steam Deck e, embora não tenha percebido muita diferença entre jogar na versão portátil ou com o controle do PS5, confesso que ainda prefiro a experiência com o controle.

São dois personagens que se complementam, e a jogabilidade flui bem, seja para atacar ou fugir pelas paredes. Naoe, ao montar seu cavalo, oferece uma experiência divertida, tornando muitas das suas jornadas mais curtas.

Ambientação

Embora haja algumas críticas sobre a ambientação do Japão no jogo, não há como negar que a Ubisoft conseguiu capturar com fidelidade os pequenos detalhes históricos. A reconstrução do Japão Feudal, com suas cidades e templos históricos, é impressionante. A Ubisoft fez um trabalho minucioso para entregar uma versão mais próxima da realidade histórica do Japão.

Com ótimos efeitos especiais, o jogo entrega uma experiência visual muito rica. O adiamento da produção foi uma decisão acertada, pois entregou um jogo mais polido.

Localização

Com dublagem e legendas em português brasileiro, a Ubisoft fez um bom trabalho de localização. O jogador pode optar pela versão dublada em português ou pelo modo de imersão, que traz apenas legendas. Curiosamente, quando um personagem fala português brasileiro e outro português de Portugal, isso se torna evidente durante o jogo, já que os diálogos são dublados em japonês e português de Portugal.

A localização é de alta qualidade, com um elenco de vozes dubladas muito bom e um ótimo texto. A história do Japão é tão peculiar que a localização em português é crucial para a experiência, e a Ubisoft acertou em cheio nesse ponto.

Cross-progression, Foto e Modo Online

Embora não seja uma novidade, o cross-progression está presente no jogo, permitindo ao jogador levar seu progresso de uma plataforma para outra, seja no PC, PS5 ou Xbox Series X/S.

O Animus Hub já foi mencionado, mas o jogo também conta com uma loja interna com Helix Credits e um modo foto. O cenário deslumbrante do Japão faz com que tirar fotos no jogo seja uma experiência prazerosa.

Opinião

Assassin’s Creed Shadows é um ótimo jogo ambientado no Japão. Embora o Animus Hub ofereça uma visão geral da cronologia dos outros jogos da franquia, ele funciona muito bem de forma independente. Se você é fã do Japão, mas tem receio por se tratar de um jogo da série Assassin’s Creed, saiba que este é um ótimo jogo isolado, que pode até despertar seu interesse pela franquia.

A dualidade entre Yasuke e Naoe é o ponto forte do jogo, e você vai jogar por horas a fio. Pessoalmente, gostei mais da jogabilidade e da história de Naoe, mas a história de Yasuke também não decepciona e agradará quem deseja conhecer mais sobre ele.

O jogo mantém algumas características típicas da série, como uma sociedade secreta, o que ajuda a conectá-lo à franquia. Sem esses elementos, o jogo ficaria distante do que imaginamos ser um Assassin’s Creed.

Com mais elementos de RPG do que outros jogos da série, Assassin’s Creed Shadows cumpre bem sua proposta e oferece uma experiência interessante, além de ajudar a conhecer o Japão por meio de sua versão histórica.

Vale destacar que a versão japonesa não apresenta as mutilações e o sangue das versões ocidentais, mas também podemos desativar a violência gráfica nas opções. No entanto, para quem cresceu jogando jogos como Onimusha, a falta de sangue em Assassin’s Creed Shadows pode ser estranha.

Infelizmente, o jogo sofre com um problema comum das gerações atuais: as paredes invisíveis. Em vários momentos, fui “convidado” a seguir o caminho indicado pelo mapa, o que pode ser frustrante.

No final, Assassin’s Creed Shadows é um excelente jogo de samurai. A Ubisoft fez um bom trabalho, entregando um jogo de qualidade para fãs de Assassin’s Creed e de jogos de samurais.

Nota: 4 (de 5)

Assassin’s Creed Shadows

Gênero: RPG eletrônico de ação

Desenvolvedora: Ubisoft Quebec

Publicadora: Ubisoft

Diretor: Jonathan Dumont, Charles Benoit

Artista: Thierry Dansereau

Compositor: The Flight, TEKE::TEKE

Plataforma: Microsoft Windows, Xbox Series X/S, Xbox Cloud Gaming, MacOS, PlayStation 5

Lançamento: 20 de março de 2025

Agradecimentos a Ubisoft pelo jogo para PC para produção deste conteúdo

Giuliano Peccilli
Giuliano Peccillihttp://www.jwave.com.br
Editor do JWave, Podcaster e Gamer nas horas vagas. Também trabalhou na Anime Do, Anime Pró, Neo Tokyo, Nintendo World e Jornal Nippon Já.

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