A partir desta quinta-feira (17), o setor de brinquedos brasileiro ganha destaque com um alerta contundente da ABRINQ (Associação Brasileira dos Fabricantes de Brinquedos): a intensificação da guerra tarifária entre Estados Unidos e China pode ter efeitos devastadores para a indústria nacional. A entidade pede atenção imediata à criação de cotas de importação para conter o aumento esperado na chegada de produtos chineses ao Brasil.
Efeito colateral da disputa entre potências
Com os Estados Unidos impondo novas tarifas a produtos chineses, existe o risco de um redirecionamento massivo de brinquedos originalmente destinados ao mercado norte-americano para outros países – entre eles, o Brasil. Segundo a ABRINQ, esse movimento pode provocar uma “desova” de brinquedos chineses no mercado brasileiro, comprometendo a competitividade da indústria local.
O presidente da associação, Synésio Costa, aponta que, nos últimos 25 anos, mais de 85% dos brinquedos importados pelo Brasil vieram da China. Com o novo cenário internacional, há o temor de uma escalada na importação, com consequências como desindustrialização, perda de empregos, fuga de investimentos e enfraquecimento do desenvolvimento tecnológico no setor.
Proposta de cotas para equilibrar o mercado
Diante da ameaça, a ABRINQ propõe a adoção imediata de cotas de importação, mantendo os mesmos volumes em dólares e em unidades registrados em 2024. A medida, segundo Costa, busca preservar a concorrência justa e impedir que o país se torne destino de excedentes de produção chinesa que não encontram mais espaço nos Estados Unidos.
“Ao contrário do que se pensa, o aumento da importação de brinquedos chineses não significa necessariamente redução de preços ou ganho de qualidade. Pelo contrário: há riscos também para a segurança dos consumidores, especialmente das crianças”, afirma o presidente da ABRINQ.
Números do setor reforçam preocupação
O setor de brinquedos brasileiro fechou 2024 com faturamento de R$ 10,2 bilhões, e a expectativa de crescimento para 2025 gira em torno de 4%, desde que o cenário internacional não provoque desequilíbrios graves no mercado interno. Em relação ao comércio exterior, o país registrou importações de US$ 334,4 milhões e exportações de apenas US$ 11 milhões, com a cotação do dólar em R$ 5,39.
Mesmo diante desses desafios, o número de empregos no setor cresceu, passando de 40.131 para 44.092 trabalhadores – entre diretos e terceirizados – em 2024. A manutenção e ampliação desses postos de trabalho, no entanto, dependem diretamente da capacidade do país de controlar o impacto das mudanças no comércio internacional.
Sobre a ABRINQ
A ABRINQ é a entidade de representação oficial da indústria de brinquedos no Brasil. Atua na defesa dos interesses do setor e acompanha de perto os impactos econômicos e comerciais que afetam a competitividade e sustentabilidade da indústria nacional.