Sábado, 7 horas.
O Relógio despertou. Hora de acordar para mais um dia de trabalho. Porém, este dia não seria como os outros. Levantei, tomei café e me arrumei para sair. Não satisfeito, voltei para o banheiro e passei pomada no cabelo. Queria que tudo estivesse perfeito.
Sai de casa rumo ao metrô como sempre. No meio do caminho encontrei com a Luana, iríamos trabalhar juntos hoje. Pegamos o metrô rumo ao Jabaquara para chegarmos ao São Paulo Expo, onde estava rolando a 21° Fest Comix.
Chegando lá, encontramos com o Juba e a amiga e tradutora, Karen Kazumi, ambos estavam engajados nesta contenda. Logo avistamos a fila que se formava em frente a entrada e pensamos “é, vai ser difícil”. Quando o evento oficialmente foi aberto, às 10h, virou uma competição digna do “Passa ou Repassa”. Funcionários indicavam onde estava o mangá e quando você pegava um, apontava a direção do caixa. Para onde quer que você olhasse, tinha gente correndo. Após pagarmos o mangá, descobrimos que seria necessário pegar mais uma fila para pegar a tão desejada pulseira. Conseguimos!
Enquanto esperávamos pela hora da palestra e fazíamos nossas compras, encontramos a Cristina Eiko, desenhista do Quadrinhos A2 e da Graphic MSP Vida. Durante a conversa descobrimos que ela também é fã do Sensei e tinha conseguido a pulseira. Combinamos de assistir a palestra juntos. Fomos para a sala para assistirmos as palestras da Panini e da Editora JBC. As palestras foram muito boas mas tratavam-se apenas de um esquenta para o evento principal, assim como as lutas preliminares são para card principal do UFC.
A Palestra
Chegou a hora! Dava para sentir a excitação no ar da sala. Até que ele finalmente adentrou o recinto. Nobuhiro Watsuki, em carne e osso, acompanhado de sua esposa. Todos tinham desligado seus celulares para não correr o risco de sucumbir ao ímpeto de registrar o momento.
A palestra começou com ambos arranhando palavras em português e levando a platéia ao delírio. Depois partimos para um profile dos dois, passando por todas as principais obras com uma curiosidade (pelo menos para mim): Kurosaki morou em São Paulo na década de 70. Depois, Watsuki mostrou seu local de trabalho, passando por sua mesa de luz, diversas canetas, lápis, salgadinhos e café, muito café.
Antes de passar para a sala de reunião, o sensei nos mostrou sua coleção de figures do Getter Robo e um figure indecifrável que ele ganhou do Oda, autor de One Piece. Na sala de reuniões, ele nos mostrou onde o editor Sasaki (editor da Jump que aparece em Bakuman) sentou e conversou sobre Rurouni Kenshin. Neste momento, eu olhei para o lado e estava a Luana e a Cris Eiko chorando e foi difícil segurar as lágrimas. A emoção delas, grandes fãs, tomou conta de mim e não pude conter as lágrimas. Após, passaram samurais famosos no traço do Watsuki. Eu só reconheci Masamune Date por ele ser cego já a Luana acertou quatro, por que será?
Terminada a palestra, hora do autografo. Sendo bem sincero, creio que ficamos pelo menos 2 horas em pé na fila para pegar o autografo mas todo o “sofrimento” valeu a pena. Ao entrarmos na sala, demos de cara com Kaworu Kurosaki e Nobuhiro Watsuki sentados em uma mesinha com a interprete ao lado. A emoção de estar cara-a-cara com o Sensei foi tão grande que a Luana travou e mal sabia o que fazer, tanto que teve que ser auxiliada por Cassius Medauar a sair da sala. Então eu tive um momento para dizer algo a ele. Gastei todo o meu japonês e só consegui dizer “hontoni, arigatou sensei”.
Sai da salinha e o cansaço bateu com força: não sentia mais meus braços por segurar as sacolas com quadrinhos, minhas pernas doíam de tanto andar e ficar em pé. Porem já era hora de ir embora. Hora de ir para casa…com o sentimento de dever cumprido.
Watsuki-sensei, este momento estará sempre guardado em meu coração.