domingo, novembro 24, 2024
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Crítica | Cartas de Iwo Jima

Ganhador do Globo de Ouro de melhor filme em língua estrangeira e Oscar de edição de som. Conhecemos o outro lado da segunda guerra mundial.


Premiadíssimo filme dirigido por Clint Eastwood e tendo como produtor Steven Spielberg, com certeza poderia se esperar um grande filme, mas não saberíamos se o resultado final seria tão fiel a visão japonesa da Segunda guerra mundial. A resposta veio com a aprovação do público japonês que arrecadou em menos de um mês de exibição, aproximadamente 30 milhões de dólares.

Entre os destaques do elenco, temos o ator Ken Watanabe, que ganhou repercussão internacional com Último Samurai e Batman Begins. Enquanto no Japão, o destaque realmente ficou para o ator e cantor Kazunari Ninomiya, da banda Arashi (que cantam o dorama Hana Yori Dango 1 e 2).

2 visões. 2 filmes

Clint Eastwood planejava filmar inicialmente apenas um filme com a visão americana, que seria “A conquista de uma honra”. Deparando-se com diversas cartas escritas pelo tenente general Tadamichi Kuribayashi, abriu-se o parecer de também explorar a visão japonesa numa produção que seria rodada simultaneamente. Os dois filmes foram feitos com elencos distintos, mas a mesma equipe de produção. Eastwood fala que também decidiu fazer o filme por falta de uma produção sobre o assunto, mesmo existindo filmes com o nome “Iwo Jima”, nenhum antes explorou o tenente general Kuribayashi como foi nessa produção.

A grande ironia fica que “A conquista de uma honra” ganhou seus méritos, mas nada se compara a repercussão de “Cartas de Iwo Jima” que veio com elogios da crítica. Cartas de Iwo Jima foi produzido com “apenas” 15 milhões de dólares, levando em consideração que é um filme hollywoodiano. A produção do filme foi a reunião dos estúdios: Dreamworks SGK, Warner Bros, Malpaso Productions e Amblin Entertainment, tendo a distribuição da Warner Brothers e Paramount.

O filme

Voltamos no tempo até 1945, em plena segunda guerra mundial. O Japão resistia bravamente as forças armadas americanas, com ataques que surpreendiam os ocidentais como os famosos kamikazes em Pearl Harbor. O imperador ainda carregava valores mitológicos de divindade, a primeira coisa que os americanos extinguiram quando decretariam a derrota do Japão na guerra.

Conhecemos a ilha Iwo Jima, que fica a 1,2 mil quilômetros de Tóquio. Sendo um ponto estratégico caso o inimigo viesse assumir a ilha, o governo japonês pensou em diferentes formas de contornar a situação, cogitando até a explodir. Tendo por volta de 22 mil homens, todos tinham a plena consciência que o inimigo era em maior número e que tinha bem mais armamentos. Todos ali tinham um dever a cumprir, matar no mínimo dez soldados americanos antes de sucumbir. A ilha ainda amaldiçoava os soldados, exalando cheiro de enxofre, sendo extremamente quente e causando diarréia em diversos soldados, inclusive matando alguns dessa forma tão desonrosa.

O tenente general Tadamichi Kuribayashi (interpretado por Ken Watanabe) chega à ilha, tendo uma difícil tarefa: “Conseguir manter todos vivos o maior tempo possível”. Tendo estudado no Canadá e freqüentado durante dois anos os EUA, ele conheceu todo o sistema bélico norte americano. Desde o primeiro momento, sabemos que ele é contra fazer uma guerra com os americanos.

Entre os soldados, conhecemos a história do soldado Saigo (interpretado por Ninomiya Kazunari). Tendo um restaurante com sua esposa, o governo levou a falência por sempre pedir mais e mais contribuição para a guerra. Quando o Japão mais necessita da ajuda de sua população, vem uma carta pedindo que Saigo se torne soldado na guerra. Sua esposa grávida não aceita a carta do governo, mas uma senhora japonesa explica a honra de um japonês ir a guerra e deixar um herdeiro no mundo. Saigo parte assim para ilha de Iwo Jima, sabendo que dificilmente voltaria com vida.

Chega a ilha também o Barão Nishi, uma celebridade na Ilha de Iwo Jima. Vencedor olímpico de equitação em 1932, ele tem a fama de galanteador quando está cercado pelas mulheres. Ele se torna grande amigo do tenente general Kuribayashi, como também apresenta o seu cavalo que também está ajudando na guerra.

A tática que deixou Iwo Jima na história

Optando pela maior sobrevivência do grupo, invés de um combate direto, Kuribayashi decide partir para o subsolo. Fazendo imensos túneis por debaixo da ilha, ele sabia que poderiam ter menos baixas como também surpreender os americanos por parecer que a ilha estar “deserta”.
Essa decisão tornou o tenente general Kuribayashi conhecido não apenas pelos japoneses, mas também pelos americanos que o elogiaram por essa tática. Essa decisão não teve apoio unânime e ele encontrou muita resistência ente os generais ali na ilha presente até o fim, o que gerou suicídios coletivos de soldados, como ordens não cumpridas que levaram soldados a morte.

Curiosidades

O Japão perdendo a guerra sofreu diversas restrições e mudanças impostas pelos americanos. O seu imperador perdeu status de um deus, assumindo a perda guerra para a população japonesa por via de rádio. As bases americanas se instalaram no Japão, funcionando até hoje, causando desconforto à população japonesa, principalmente em Okinawa.

Em janeiro, o single “Love so sweet” ficou em primeiro lugar da Oricon, levando o grupo Arashi ao programa Music Station. Os destaques do grupo foram Jun Matsumo que estava atuando no dorama Hana yori dango 2 e Ninomiya Kazunari que havia atuado em Cartas de Iwo Jima. Um dos pontos altos da entrevista foi Ninomiya Kazunari falar do filme como também sua recente viagem a França para promover o filme. Ele inocentemente elogiou a suíte que se hospedou na França, fazendo o apresentador fazer m trocadilho com o single, “Love so suite”.

Infelizmente o filme não teve uma das melhores distribuições no cinema brasileiro, o que tornou mais uma exibição repentina. Vale destaque que na cidade de São Paulo, houve exibições sem legendas para a colônia japonesa. Acredito que com o Oscar reconhecido, o filme chegue as locadoras de uma forma mais honrosa.

O livro com as cartas que serviu de inspiração para a roteirista nipo-americana Iris Yamashita e foi lançado por aqui pela editora JBC.

Ficha técnica

Nome nacional: Cartas de Iwo Jima
Nome Original: Letters from Iwo Jima
Estúdio: DreamWorks SKG / Warner Bros. Pictures / Malpaso Productions / Amblin Entertainment
Distribuição: Warner Bros. / Paramount Pictures
Duração: 140 minutos
Ano: 2006 (EUA) e 2007 (Brasil)
Diretor: Clint Eastwood
Roteirista: Iris Yamashita
Produtores: Clint Eastwood, Steven Spielberg e Robert Lorenz
Trilha sonora: Kyle Eastwood e Michael Stevens

Giuliano Peccilli
Giuliano Peccillihttp://www.jwave.com.br
Editor do JWave, Podcaster e Gamer nas horas vagas. Também trabalhou na Anime Do, Anime Pró, Neo Tokyo e Nintendo World.

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1 COMMENT

  1. Assisti esse filme e gostei muito. Não cheguei a ver o outro com a visão americana. E imagino que muitos acabaram sendo atraídos pelo Cartas de Iwo Jima justamente por mostrar a visão japonesa do conflito que até aquele momento era algo totalmente inédito. Já o Conquista da Honra não faz nada mais do que contar a visão americana, já bem saturada. Mas imagino que esse segundo filme não seja ruim, só não tem o fator inédito.

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