quinta-feira, novembro 21, 2024
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Machiko Soga – As várias faces de uma eterna vilã

Quem acompanhou séries de tokusatsu certamente deve se lembrar de alguém que, vira e mexe, se destacava no papel de vilã, e interpretava seus papéis sempre de forma carismática e até bem-humorada, às vezes. Pois bem, esse alguém é ninguém menos que Machiko Soga – que, há pouco mais de três anos e meio, partiu para o andar de cima – e é dela que nós vamos falar nesta matéria de hoje.

Machiko Soga nasceu em 18 de março de 1938 no distrito de Hachioji, em Tokyo, e teve sua vida marcada por algumas tragédias familiares. Perdeu a mãe ainda criança, sendo então criada por seu pai. Perdeu também dois irmãos, um durante uma guerra, e a irmã, durante o parto. Apenas um irmão da atriz ainda está vivo. Seu pai faleceu em 1991.

A princípio, Machiko tentou a carreira de cantora. Mas acabou se dando melhor como dubladora, e mais tarde, como atriz. Seu primeiro trabalho foi em 1961, no programa infantil Chirorinmura to Kurumi no Ki (“A vila Chirorin e o pé de Noz”), da NHK. Quatro anos mais tarde, ganhou destaque por fazer a voz do fantasminha Q-taro no anime Obake no Q-tarō, dos mesmos criadores de Doraemon, exibido na TBS entre 1965 e 1968. Logo depois, em 68, ela ainda faria a voz do Cyborg 007 em Cyborg 009.

Como atriz, seu primeiro papel, logo de cara, foi uma vilã: God Iguana, de Ai no Senshi Rainbowman, série de 1975. No mesmo ano, ela fez uma de suas únicas personagens “boazinhas”: a bruxinha Bellbara, de 5-Nen 3-Kumi Mahou-gumi.

Mas a fama de Machiko como vilã se consolidou mesmo no começo dos anos 80, quando interpretou a sádica Rainha Hedrian, líder do Império Vader, em Denjiman (1980). O sucesso da personagem foi tamanho, que ela acabou reaparecendo no ano seguinte, em Sun Vulcan (1981).

Pouco depois, Machiko ainda faria mais um trabalho como dubladora, emprestando sua voz à bolinha falante Ballboy, de Machineman (1984). No Brasil, as duas atuações mais conhecidas de Machiko dentro dos tokusatsu foram a Rainha Pandora, líder do Império Water de Spielvan (1986) e a feiticeira Aracnin Morgana (Yonin Kumo Gozen, no original) de Jiraya (1988). Ela também chegou a fazer algumas pontas em outras séries, como Battle Fever J (1979), Gyaban (1982), Sharivan (1983) e Maskman (1987 – aqui, ela aparece no episódio 30, como a mãe do vilão Barrabás).

Em 1992, Machiko interpretou a Rainha Bandora, vilã principal de Zyuranger. Nos EUA, a série foi usada como base para a produção de Mighty Morphin Power Rangers, onde a personagem de Machiko acabou virando a Rita Repulsa. Power Rangers foi um sucesso estrondoso nos EUA e em várias partes do mundo, e a carreira de Machiko acabou ganhando projeção internacional.

Paralelamente à carreira de atriz, Machiko abriu uma loja de antiguidades, chamada Stella, no bairro de Kunitachi, em Tokyo. Ali, ela vendia artigos diversificados, como roupas, acessórios, jóias, tapeçaria e até mesmo perfumes de fabricação própria. Na realidade, a idéia da loja surgiu de uma galeria de quadros que ela mesma mantinha, no bairro de Harajuku, em meados dos anos 80. Quando não estava atuando, ela era sempre vista na sua loja, e estava sempre pronta para uma boa conversa com seus fãs.

Em 2005, foi revelado que Machiko sofria de um câncer no pâncreas, e que ela lutava há cerca de dois anos contra essa doença. Neste mesmo ano, ela interpretara uma heroína: a maga Magiel, que apareceu nos episódios finais de Magiranger. Foi seu último trabalho na TV.

Ela ainda veio a fazer mais uma vilã: a Rainha Negra da Galáxia (Ankoku Ginga Joou), do jogo Uchuu Keiji Tamashii (ou Space Sheriff Spirits), para PlayStation 2.

Em 7 de maio de 2006, Machiko Soga perdeu a batalha contra o câncer, e veio a falecer, aos 68 anos de idade. Seu corpo foi encontrado pela polícia em sua residência no bairro de Kunitachi, em decorrência de um telefonema de um funcionário de seu antiquário, preocupado com o fato dela não ter ido trabalhar naquele dia.
Chega ao fim, assim, uma brilhante carreira, marcada por personagens e atuações únicas, que vão ficar pra sempre na memória dos fãs.

Descanse em paz, Machiko Soga. Este é o tributo do J-Wave a esta inesquecível artista.

Fontes: Wikipedia, Mundo Toku, Universo Otaku, findagrave.com

Daniel Ramos
Daniel Ramos
Sempre presente nos eventos de cultura japonesa que saem nas páginas do JWave.

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2 COMMENTS

  1. Sim, o post é excelente, mas dessa vez foi o Daniel/Sheider.E não há dúvidas que Machiko Soga seja a vilã mais carismática de todos os tempos do mundo tokusatsu.

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