Ghost in the Shell na cultura pop japonesa é tão importante quanto Akira, mas diferente da obra do Katsuhiro Otomo, ela não ficou presa em uma única animação. É só analisar e ver que se tornou uma franquia com diversos filmes, séries animadas, além do mangá original.
Se Akira há tempos tenta ser adaptado no ocidente, Ghost in Shell deu um passo maior e trouxe um clássico da animação japonesa com Scarlett Johansson no papel de Motoko Kusanagi.
Custando 110 milhões de dólares, o diretor de videoclipe Rupert Sanders deu todo o tom necessário para transformar a belíssima animação de 1995 em um live action robusto em 2017.
Trazendo o roteiro assinado por Jamie Moss e William Wheeler. Jamie Moss tem no currículo o filme “Os Reis da Rua” com Keanu Reeves de 2008, enquanto William Wheeler tem Lego Ninjago: O filme que será lançado ainda em 2017. Vamos combinar que são nomes quase que desconhecidos, mas isso também aconteceu em Power Rangers recentemente. Será que uma obra do Masamune Shirow estará bem representada a olhos ocidentais?
Assumo que Rupert Sanders é mais visual do que Mamoru Oshii no animê original (e mesmo em sua versão 2.0 em 2008). Ghost in the Shell é o filme que inspirou Matrix, considerado Blade Runner da animação japonesa, não sendo à toa que todo esse visual remeta a Blade Runner e faça parecer que estamos assistindo um filme dos anos 80 com a tecnologia de hoje em dia.
Mas antes de falar do filme, vamos falar um pouco da obra original.
Ghost in the Shell foi publicado em 1989 na antologia Young magazine, portanto sendo um mangá do gênero Seinen. O que significa Seinen? Basicamente que no Japão, ela é voltada para público masculino de 18 a 40 anos. Ghost in the Shell é classificado no mesmo gênero que Akira, Berserk, Claymore, Battle Royale, Gantz, entre tantos outros títulos que já foram lançados no Brasil.
Sua adaptação nos cinemas veio em 1995 com Mamoru Oshii e ela abalou as estruturas de como era visto a animação japonesa, da mesma maneira que Akira fez no passado.
Por quê Ghost in the Shell é tão relevante? Porque ela discutiu a inteligência artificial, a consciência humana em máquinas, trazendo tudo isso embalado numa narrativa cyberpunk com crimes digitais justificando os meios.
Devo assisti a obra original antes do live action?
Não, porque são obras diferentes e por mais que momentos do animê estejam exatamente iguais no filme, acaba que a discussão dessa adaptação é outra. A procura de uma fidelização não só visual, mas também na sua história, acaba que pode decepcionar quem espera uma fidelização ao estilo Sim City de ser.
Faça o caminho inverso e depois de assistir a adaptação de 2017, procure o original e encontre a homenagem prestada ao clássico de 1995.
Vamos falar do filme?
Estamos num futuro em que refugiados procuram oportunidades melhores. Assim, conhecemos a história de Major(Scarlett Johasson) que foi uma refugiada e teve seu corpo destruído numa fuga, o que fez que seu cérebro fosse utilizado para construção de um ciborgue comandante de campo.
Major cuida de missões da divisão do Chefe Daisuke Aramaki, interpretado brilhantemente por Takeshi Kitano. Lembrando que todas as cenas do Aramaki são em japonês, sendo respondido em inglês pela Major e os demais.
A personagem Major também tem diversas missões com Batou, aqui interpretado por Pilou Asbæk. É impressionante não só o quanto Batou ficou igual a animação, mas o quanto o ator acaba parecendo um personagem típico do Bruce Willis dos anos 80 e 90, como no filme “O Quinto Elemento”.
O filme caminha não só para explicar que tem um hacker querendo mudar as coisas, mas que ele chamou atenção da Major. Numa investigação para um ataque de gueixas robóticas, Major consegue entrar na mente de uma delas e é quase hackeada.
A busca por essa missão, acaba despertando lembranças que Major não se lembra, questionando o que é verdade ou mentira.
Seguido disso, temos um ataque com caminhão de lixo, que a divisão acaba descobrindo que o motorista tinha memórias falsas. Tal questionamento, mais uma vez acaba questionando Major do que é realidade ou fantasia.
Será que ela realmente é uma refugiada? Seguindo o caminho que já vimos em outras obras e personagens, como Wolverine, aqui Major questiona o que torna ela humana e se suas lembranças são verdadeiras ou falsas.
Opinião
O filme se fecha na discussão de quem é a Major, explicando inclusive algo muito questionado pelos fãs da obra original. A personagem se chama Motoko, porém é uma atriz ocidental que a interpreta.
Qual a explicação? Que antes de virar um ciborgue, ela realmente era Motoko Kusanagi, porém ela foi uma manifestante que acabou presa e sofrendo experiências independente dela querer ou não. Isso fez com que seu cérebro fosse utilizado num corpo que não tem traços orientais, assim podendo ser a Scarlett Johansson a atriz de uma personagem japonesa.
Ghost in the Shell não se foca na inteligência artificial, porque acaba diminuindo sua jornada de herói em uma história fechada de como Motoko Kusanagi se tornou Major. Isso acaba inclusive mudando o vilão do filme, aqui interpretado por Michael Pitt, que faz Hideo Kuze.
Isso é bom ou ruim? A obra tem uma história bem fechada e convence, se tornando uma boa adaptação. Agora, se você é fã da obra original, talvez você saia com a sensação que o filme não tenha tocado tão fundo nas discussões do filme de 1995.
Estamos falando de uma obra muito mais abrangente que a animação original, então esse tipo de escolha do diretor é totalmente plausível. O final da obra mesmo que fechado, acaba permitindo que seja feita outras continuações. Considerando a quantidade de material de séries de tv, além de toda uma quadrilogia recente em animação, acaba que podemos imaginar que a história da Major Motoko Kusanagi esteja apenas começando.
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Agradecemos a Paramount pelo convite