Os gêmeos Magno Costa e Marcelo Costa foram os responsáveis pela Graphic MSP estrelada pelo vilão mais sujo de todos os tempos.
Capitão Feio – Identidade foi lançada em setembro de 2017, na Bienal do Rio de Janeiro, e trouxe uma releitura da origem do vilão. Confira neste JQuadrinhos.
A história
Um homem solitário passeia pelo lixão. Encontra um par de botas que parece servir bem e um par de luvas de boxe, sabe-se lá para que. Ele não destoa de toda a sujeira do lugar e, quando termina sua busca, voa para seu esconderijo.
Ele não se lembra do próprio nome ou como se tornou um andarilho. Chegando em sua “casa”, presenteia alguém com as luvas recém encontradas. Seu companheiro de morada nada mais é do que um boneco feito de sucata, ao qual nosso protagonista está tentando dar vida, mas ainda sem sucesso. Falta alguma coisa, mas o que poderia ser?
O andarilho sai para mais uma busca no lixão e encontra um gibi antigo, que lhe é familiar. Quando é enxotado pelo lixeiro, se esquece das precauções, sai voando na frente dele e acaba sendo visto por uma emissora de televisão, que fazia a cobertura aérea do trânsito. A partir daí, seu sossego acaba.
A chuva cai e lava não apenas sua sujeira como aparentemente seus poderes. Não é mais capaz de voar, precisa correr para se esconder, pois a essa altura seu rosto já é conhecido por todos. A audiência o presenteia com a alcunha de “Feio”, e por mais que ele se esforce para ser discreto e tentar entender quem é, não adianta, é tudo em vão. Ao praticar uma boa ação no melhor estilo Yusuke Urameshi, Feio ainda assim é julgado pela sua aparência e, mais uma vez, humilhado e expulso de onde estava.
Liderada pelo doutor Olimpo, a Polícia Militar passa a persegui-lo, enfrentando-o bem armados. Neste momento, Feio desperta seu maior poder; resta saber se ele será capaz de dominá-lo antes que seja derrotado.
Opinião
Capitão Feio – Identidade é uma história sombria e emocionante. Mesmo sendo uma releitura, a trama respeita a origem adotada para o Capitão Feio nas revistas de linha da Turma e chega até a dar uma esperança de que possa haver um segundo volume, onde se explore o motivo pelo qual ele se tornou quem é.
Em uma das capas internas, uma homenagem à alguns clássicos dos quadrinhos: Akira, Watchmen, Homem-Aranha e Maus, reforçando logo de cara a origem do Capitão Feio, um rapaz amável que amava suas coleções de gibis antigos.
Cascão e sua família também deram as caras na escola, sendo que o Sujinho tem a carinha que os irmãos Cafaggi adotaram para ele em sua trilogia, bem como o Astronauta já imortalizado de Danilo Beyruth. Acredito ser uma bela homenagem e uma afirmação de que o universo das Graphics tem algo de próprio.
Todos esses elementos foram responsáveis por uma história incrível, que nos ensina a nos reencontrar quando estivermos perdidos. Quem sabe um dia o Feio de Magno e Marcelo ou até mesmo o “Feio Clássico” encontrará sua verdadeira essência sob tantas camadas de sujeira? Só o tempo dirá se ele será capaz de aceitar sua identidade.