quinta-feira, novembro 21, 2024
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23º Festival do Japão | Cobertura Geral

Festival do Japão é a maior representação cultural japonesa do Brasil. Isso você sabe, não é mesmo? Mas o Festival do Japão é muito além de tudo isso e foi moldado não só como difusor, mas principalmente como sustentação das 47 associações das províncias do Japão aqui no Brasil.

Quando comecei a frequentar o Festival do Japão, eu sempre expliquei para amigos que era um “Evento de Animês” para adultos. Pode ser um pouco “limitado” explicar isso, mas era uma forma que usava para convencer meus amigos a experimentar algo além dos tradicionais eventos que existem em São Paulo.

Depois de ter trabalhado em associações do Japão, participado de grupo de dança tradicional japonesa e cobrir o evento em si, percebi diversas camadas de um evento que vai muito além da cultura e que é um dos principais pilares para manter a cultura japonesa viva por aqui.

Então, o Festival do Japão produzido pelo KENREN – Federação das Associações de Províncias do Japão no Brasil, está promovendo a cultura tradicional e moderna, mas também sendo um exemplo e servindo de inspiração a outros eventos do Brasil e da América Latina.

Mas e depois da pandemia? Anunciado num formato um pouco menor que sua versão em 2019, o Festival do Japão trouxe todo seu brilho de volta. Posso dizer que o evento ficou pequeno para o público que marcou presença este ano.

O que o Festival do Japão representa nessa retomada dos eventos presenciais? É que tentamos descobrir nesses 3 dias de evento em 2022.

Um pouco de sua história

O Festival do Japão é o maior evento produzido pelo KENREN e trouxe os principais valores tradicionais da comunidade japonesa.

Criado em 1998, o evento aconteceu na Marquise do Ibirapuera. Trazendo muito do que o evento representa até hoje, o Festival do Japão trocou de local em 2002 para Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo e por fim em 2005 pelo Centro de Exposições Imigrantes (atual São Paulo Expo Exhibition & Convention Center).

Reunindo grupos de dança, artes marciais, cantores da comunidade nikkei e principalmente comida das 47 províncias, o Festival do Japão é muito importante para a comunidade aqui no Brasil.

Com o envelhecimento desta comunidade, muita coisa acabou se perdendo nas associações japonesas. E se muitos jovens estão lá, existem outros que não acompanharam o legado de seus pais e avós. E hoje, o Festival do Japão é muito importante para a manutenção dessas associações, por isso é tão importante provar a culinária delas porque você ajudará a manter estas ativas.

Além disso, sendo um evento da comunidade nikkei, muitos grupos que se apresentam no Festival do Japão são de diversas regiões do Brasil e que mantém a chama acesa, trazendo artes marciais, dança e suas tradições vivas.

Sabendo disso, o Festival do Japão é onde tudo acontece, assim trazendo empresas japonesas, editoras de mangá e também empresas de comunicação aqui no Brasil. Sendo um local onde tudo acontece.

Festival do Japão – O melhor translado dos eventos da cidade

Vou confessar uma coisa aqui, mas passado de uma semana do Anime Friends, eu sempre sou surpreendido com o nível de qualidade do Festival do Japão ao dar suporte a seu público.

Tendo milhares de ônibus entre a estação Jabaquara e o São Paulo Expo Exhibition & Convention Center, o Festival do Japão apresenta uma fluidez e rapidez de movimentação que tem muitos eventos em São Paulo que deveriam se espelhar.

De verdade, enquanto semana passada eu fiquei em torno de uma hora e meia esperando um ônibus para ir ao evento, desta vez esperei no máximo 5 minutos. Então fica difícil não fazer tamanha comparação entre outros eventos.

E considerando São Paulo Expo Exhibition & Convention Center, nem precisa dizer que outros eventos no mesmo local, acabei esperando 2 horas para conseguir voltar à estação Jabaquara.

Assim, tirando o Festival do Japão, o único evento que eu vi o mesmo tratamento com o seu público foi o BGS – Brasil Game Show.

Comidas regionais e alimentação em si.

Não escondo aqui que uma das coisas que particularmente frequento o Festival do Japão é pela comida. Trazendo comidas locais que não existem em restaurantes por aí, o festival é a única oportunidade de degustação.

Tenho alguns “rituais” desde que comecei a ir ao evento, assim é meio sagrado comer Okonomiyaki de Wakayama, o Karashi Renkon de Kumamoto e também o Katsuo no Takaki tão característico de Kochi. Isso sem contar no tradicional Kare Pan de Saitama, que acaba sendo excelente opção para comer enquanto anda pelo evento.

É muito difícil listar todas as comidas das 47 províncias, porém ao frequentar o Festival do Japão, você irá aprender sobre as comidas tão típicas e acabará torcendo que elas estejam por lá no ano seguinte.

#FJtaON

Uma das coisas que mais mudou no Festival do Japão deste ano, acabou sendo uma maior inclusão da cultura pop atual. Por ser fã de música pop japonesa, animês, acabei gostando muito dessa maior inclusão.

A chegada do #FJtaON no Festival do Japão fez com que o evento ganhasse não só iniciativas de sustentabilidade, como também uma nova área de games, palco de karaokê e um lugar belíssimo para tirar fotos.

Você podendo trazer sua lata de refrigerante para ser pintada e fazer parte de um mural do evento, o evento também tinha um cenário belíssimo de tsurus que foi iniciativa Tsuru – Ação Pela Vida da Thais Kato.

O #FJtaON também conta com a chegada de uma nova postura do evento ao trazer 100 influenciadores que tenham vínculo com a cultura japonesa, assim numa sinergia de difusão do influenciador e do evento.

Logicamente é um projeto que merece atenção e deve sofrer mudanças nos próximos anos, porém totalmente válido e condizente com a transformação que o evento sofrerá no futuro.

Vale uma curiosidade, enquanto estava visitando o espaço do #FJtaOn, o deputado Kim Kataguiri estava cantando a abertura de Dragon Ball GT no palco do karaokê dentro do espaço. Assumo que foi inusitado e inesperado, porém ao mesmo tempo, mostra que todos ali têm vez no palco do espaço.

Não poderia deixar de citar que o mesmo espaço tinha uma área de games com consoles de Playstation 4, Playstation 5 e o Xbox 360 com Kinect.

Definitivamente o #FJtaOn veio para aumentar o espaço pop junto do Akiba Space.

Estande da Editora JBC com a moto do Akira

Akiba Space

Criado para trazer o universo pop japonês dentro do evento, Akiba Space este ano esteve presente com Editora JBC, lojas de mangás em geral, um espaço para dançar Just Dance e um jogo que seria estilo paintball virtual, chamado Hado.

Fazendo barulho com o Just Dance, Akiba Space já teve mais apelo dentro do Festival do Japão, porém esteve condizente com as mudanças realizadas para este ano.

Assumo que guardo com certa nostalgia a época que o espaço tinha parceria com World Cosplay Summit e normalmente a dupla vencedora ia pro Japão disputar como melhores do mundo. Era algo que mesmo com o fim do evento, o concurso continuava com sua transmissão no Japão em que grandes nomes da indústria japonesa eram juízes e o governador de Nagoya recepcionava os vencedores por lá. Este ano tivemos Akiba Cosplay Summit e parece que ele veio para matar a nossa saudade de grande momento de cosplayers.

Vale nota que a Editora JBC desde que adquirida pela Companhia das Letras, está trazendo também títulos dela, assim o enorme destaque de Heartstopper dentro do estande (ressalto que é merecido devido o sucesso da série na Netflix).

Miss Nikkey

Palco Principal

O Festival do Japão este ano, acabou trazendo artistas internacionais, grupos tradicionais e diversas bandas nacionais de cover de Animê e Tokusatsu.

Na sexta-feira, tivemos o MC Tomohiko a.k.a Rei Capoeira trazendo essa mistura entre o funk brasileiro com o universo japonês. No sábado tivemos o cantor Kauan Okamoto cantando no Miss Nikkey, trazendo o melhor do Jpop para o Festival do Japão.

Quando falamos de talentos nacionais, não podemos deixar de citar Diogo Miyahara que trouxe grandes sucessos do Tokusatsu em suas apresentações. Na sexta-feira, ele se apresentou vestido de Jaspion, enquanto no sábado ele se apresentou de Spielvan, fazendo sucesso entre o público acima dos 30 anos.

Também tivemos alguns show bem surpreendentes como Arigatões, Banda Elisios, Joe Hirata, Akatsuki Band, Edson Saito e Y.ES Band, Karen Ito, Melissa Taniguti, Takeshi Nishimura, Isa Toyota, Ricardo Nakase e a orquestra Hyper Sonora com músicas de animê e games.

Fiquei bastante impressionado com a desenvoltura do Akatsuki Band e a participação especial da cantora Janaína Bacchi, que foi a vocalista da primeira abertura de Pokémon aqui no Brasil.

E no Festival do Japão vale tudo, assim, também tivemos Ilusionista com Ossama Sato, Ginástica com Federação Radio Taisso do Brasil e com a Rizumu Taisso, Games com palestra do Pokémon Go, Yosakoi com Grupo Aika, entre tantos outros.

E se no evento é de cultura japonesa, não podemos esquecer do Taikô, aqui representado pela Acal Taikô, Sergio Tanigawa, Mika Youtien, Shinkyo Daiko, Kiendaiko, Sakura Fubuki Wadaiko, RyuKyu Koku Matsuri, Washi Daiko, Requios Geino Dokokai Eisa Taiko, entre tantos outros.

Em artes marciais, tivemos Ninjutsu representado pelos Bujinkan Hattori Hanzo Dojo e Associação Shinjo Dojo, Karatê com Ikigai Dojo e Karatê Kyokushin, Aikido pela Confederação Brasileira de Aikido, Kendo pelas Associação Cultural e Assistência Mie Kenjin do Brasil e Kendo – Associação da Província de Kagawa no Brasil.

Como podem ver, o Festival do Japão abraçou todos os nichos, trazendo atividades das associações, grupos cover, artistas nikkeis, artistas internacionais, Miss Nikkey e muito mais.

Essa “mistura” é o que torna o Festival do Japão tão único e uma experiência completa, quando o assunto é vivenciar a cultura japonesa por completo.

Entre acertos e erros

O Festival do Japão sempre nos contempla como uma experiência maravilhosa e é isso que nos incentiva a visitar no ano seguinte. Seja pela culinária, pelas suas apresentações ou na hora de rever os amigos, o evento sempre nos remete a experiências positivas.

Já ressaltei aqui que a primeira experiência é a que fica e o transfer do Festival do Japão já dá o tom da estrutura que o evento preparou para receber seu público. Então é só a elogios a este ponto.

Agora não podemos ignorar que devido a sua redução de tamanho, o evento estava demasiadamente cheio. Entendemos que o evento está retornando de dois anos de pandemia, mas torcemos que ano que vem o evento aumente de tamanho, porque realmente chegou momentos que estava apertado andar lá dentro.

O #FJtaON foi um enorme acerto deste ano, sendo o mais belo espaço do Festival do Japão. É verdade que tem algumas coisas que podiam melhorar aqui e acolá, mas a ideia e sua estrutura roubaram a atenção, merecendo todo o brilho para si nesta edição.

Quando teremos Meet e Greet no Festival do Japão? Trazendo cantores internacionais, como MC Tomohiko a.k.a Rei Capoeira e o Kauan Okamoto, passou do momento do Festival do Japão ter um espaço para tirarmos fotos e pegar autógrafo com artista que desejamos. A mesma coisa vale para bandas nacionais, Joe Hirata, Diego Miayahara, Ricardo Nakase e outros artistas que poderiam ter um maior contato com os fãs, caso existisse Meet e Greet no Festival do Japão. Lembrando que Kauan Okamoto se apresentou domingo no Anime Friends do Rio de Janeiro e teve esse espaço, em que os fãs compram foto oficial com artista e seu autografo.

Uma coisa que sinto falta, mas falo como jornalista e não como público é de uma sala de imprensa para trabalho e anúncios oficiais. Em eventos como Brasil Game Show, temos bancadas com internet, coordenadores do evento fazendo anúncios oficiais, espaço para entrevistas e coletivas de imprensa, além de networking. É algo que mesmo com a excelente estrutura do Festival do Japão, faz falta para o jornalista. Anúncios oficiais como contagem de público, data do evento do ano seguinte eram realizados dentro desse ambiente, por isso assumo sentir falta de um espaço assim dentro do Festival do Japão.

O Festival do Japão sempre foi pensado no público da Terceira Idade e isso é excelente, quando comparado a outros eventos. A quantidade de bancos, cadeiras e lugares de descanso em todo evento fazem diferença e é uma das enormes qualidades que o evento tem em respeitar seu público.

Miss Nikkey foi um evento belíssimo e muito bem produzido, porém não achei que o show do Kauan Okamoto encaixou na proposta ali. Gostei do show dele e gostei do Miss Nikkey, mas particularmente preferia as duas atrações separadas e em horários diferentes, por terem propostas e públicos distintos.

Em alguns eventos, normalmente vemos espaço para ser negociado o possível interesse daquela empresa no ano seguinte, mas não vi o mesmo espaço no Festival do Japão. Por mais que a economia não esteja num momento bom, coloco aqui essa ausência que é normal encontrar em eventos como BIG Festival.

Mas voltando aos acertos, Festival do Japão trouxe combo família, preços diferentes de acordo com horário (algo que acontece no Japão), entre outras novidades. O combo família fazia todo sentido ao ser um evento familiar e a questão do horário é ótimo pra quem gosta de chegar mais tarde no evento.

Além disso, temos que falar do ingresso do Festival do Japão. Oferecendo ingressos por 20 na sexta e 25 no sábado e domingo, o evento abaixava o preço depois das 14 horas, trazendo um excelente custo benefício. Olhando para outros eventos que o ingresso é acima dos 100 reais, o Festival do Japão é tão rico tanto, oferecendo custo muito menor ao seu público. Esse é um diferencial e uma qualidade muito difícil de concorrer e a organização está de parabéns por manter o preço baixo todos estes anos.

Não é barato comer comida japonesa, mas se a grana está curta, o Festival do Japão tinha opção para todos os bolsos. Você poderia encontrar um Korokke entre 7 a 10 reais, ou um Hot-dog também por 10 reais. Então acaba sendo um ponto positivo do evento em trazer tantas opções ao seu público. Quando temos um “novo normal” de praça de alimentação em torno de 40 a 50 reais em outros eventos, ver opção tão barata, acaba despertando a nossa atenção.

Ressalto que é difícil enxergar erros no evento, quando a quantidade de acertos é tanta. Trazendo qualidade em primeiro lugar, o Festival do Japão é um excelente evento a se esmeirar e aprender com ele. E mesmo que você não tenha gostado de algo, fica muito difícil excluir o evento por algo que você não tenha curtido.

O 23º Festival do Japão reuniu em 3 dias de evento o público de 182 mil pessoas, assim o sucesso desta edição só confirma e consolida o evento no calendário da cidade de São Paulo, tornando este o maior evento de cultura japonesa do mundo. Assim seu sucesso, podemos esperar pelo retorno do Festival do Japão em 2023.

Agradeço a organização do evento pela oportunidade de produzir a cobertura do Festival do Japão e espero ter ajudado na difusão da cultura japonesa aqui no Brasil. Muito obrigado pela parceria de mais um ano.

Giuliano Peccilli
Giuliano Peccillihttp://www.jwave.com.br
Editor do JWave, Podcaster e Gamer nas horas vagas. Também trabalhou na Anime Do, Anime Pró, Neo Tokyo e Nintendo World.

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