Sucesso de público, Gundam: The Witch From Mercury inovou e deu um tom moderno a uma das comunidades mais antigas entre os fãs de animê. Trazendo uma protagonista mulher, a série também trouxe o primeiro casal lésbico como protagonista e não só isso, como encerrando a série dando a interpretação que as duas se casaram fora em cena. Parecia que estava tudo bem quando a revista Gundam Ace Magazine confirmou isso, mas o pedido de desculpas feito pela Bandai e pela Sunrise dias depois substituindo casamento por ‘aberta para interpretação’, demonstrou que a situação não está tão bem aceita assim por lá.
Se de um lado, sabia o quanto o estúdio acenou para a comunidade LGBTQIA+ durante as duas levas de episódios, também se sabia que não seria tão fácil assim.
As personagens Suletta Mercury e Miorine Rembran conquistaram o público aos poucos. Numa relação que surgiu logo no primeiro episódio quando numa apresentação na escola, acaba se transformando na vitória de Suletta Mercury e na “posse” de Miorine Rembran no papel de “noiva”. Passado uma série cheia de reviravoltas com tramas políticas, o que é bastante esperado em séries do universo Gundam, acabou com um final feliz em que ambas andavam com alianças. Explícito com um final feliz, ficava claro ali que as personagens se casaram.
Uma revista – Duas versões
A polêmica começou quando a revista Gundam Ace Magazine de setembro de 2023 saiu em sua versão física com uma entrevista com a dubladora da personagem Suletta, Kana Ichinose, confirmou o vínculo entre as personagens como um casal, além de um casamento implícito.
Dias depois, no lançamento da edição digital, a mesma fala da dubladora não estava ali, o que num primeiro momento foi visto como uma censura editorial.
Com um público revoltado com as mudanças, começou se a utilizar a hashtag スレミオ結婚 (SuleMio Casadas) nas redes sociais. O que foi seguido de uma declaração oficial da editora Kadokawa juntamente com a Bandai Namco, se explicando que a versão física havia sido publicada com um erro de revisão. Se algo parecia errado nesta história, o site do animê também teve uma publicação explicando o ocorrido e dessa vez dizendo que o casal estava “abertos à interpretação” aos olhos dos telespectadores.
A revolta por parte do público japonês em demonstrar que a união das duas personagens estava clara em cena, além das dubladoras confirmando o mesmo. Soava como um grande erro por parte da Bandai Namco em querer omitir a união das personagens, além de uma censura que entrava em choque com toda uma comunidade LGBTQIA+ ao anular o que foi construído na série original.
Mobile Suit Gundam: The Witch from Mercury começou a ser exibido em 2 de outubro de 2022, numa animação feita pela Sunrise. Elogiadas ao inovar o gênero Gundam, a série trouxe a primeira protagonista mulher das séries, além dela ser da comunidade LGBTQIA+, o que fez com que atraísse um público além dos fãs tradicionais, interessados em ver até aonde a história se caminharia.
Depois de um hiato de 5 anos, desde a Iron Blooded Orphans, a produção de Mobile Suit Gundam: The Witch from Mercury se inspirou na briga de companhias por tecnologia, além de A Tempestade de William Shakespeare e os julgamentos das bruxas no início do período moderno. O resultado foi uma série que mesmo que inovador, conseguiu manter a essência do que é uma série Gundam.
Depois de uma série de controvérsias, fica a dúvida o quão arranhado ficou a reputação da série, depois do ocorrido. A série segue disponível no Brasil na Crunchyroll, trazendo legendas e dublagem em português.
Com informações do “The Gamer”
Texto escrito originalmente por Giuliano Peccilli para o Portal Nippon Já