Após um lançamento internacional, Todas as Estradas de Terra Têm Gosto de Sal, o novo filme da A24, finalmente estreia nos cinemas brasileiros no dia 21 de novembro. Inicialmente previsto para 7 de novembro, o filme chega ao país com uma mudança na data, trazendo consigo uma jornada sensorial e íntima sobre vida, memórias e amadurecimento. Com roteiro e direção de Raven Jackson, o longa explora quatro décadas da vida de Mackenzie, uma mulher negra que cresce na zona rural do Mississippi, num retrato que evoca tanto beleza quanto melancolia.

O Retrato de Uma Vida

Todas as Estradas de Terra Têm Gosto de Sal é um drama de amadurecimento que mostra os momentos marcantes da trajetória de Mackenzie, também conhecida como Mack. Desde sua infância até a idade adulta, o filme explora as alegrias e as perdas que moldam sua vida. A narrativa é fragmentada e não segue uma ordem cronológica, mas é construída como um mosaico — com cada lembrança e conexão representada em detalhes vívidos.

A personagem Mackenzie é interpretada por quatro atrizes — Mylee Shannon, Kaylee Nicole Johnson, Charleen McClure e Zainab Jah — que assumem o papel em diferentes momentos da vida da protagonista. Com isso, o filme captura a passagem do tempo e as transformações interiores de Mack em diferentes etapas da vida, enquanto ela lida com o luto, a fraternidade e as decisões que mudam sua jornada e a de sua irmã.

A Linguagem do Silêncio e do Som

Em uma abordagem quase meditativa, Todas as Estradas de Terra Têm Gosto de Sal não depende de diálogos, mas de uma experiência sensorial rica e intimista. Sons de grilos, tempestades, o canto de pássaros e o ruído do solo sob os pés carregam tanto significado quanto qualquer conversa. A diretora Raven Jackson explicou, em entrevista à NPR, que o filme investiga a forma como nos comunicamos sem palavras. Para ela, gestos, olhares e silêncios podem transmitir emoções profundas, e o longa se apropria dessa linguagem não verbal para narrar a história de Mackenzie.

Com essa escolha estética, Jackson captura o sentimento de que as emoções e memórias de Mackenzie são contadas mais pelo que é sentido do que pelo que é dito, criando uma atmosfera quase sensorial para quem assiste.

A Visão de Raven Jackson

Raven Jackson, cineasta, poeta e fotógrafa nascida no Tennessee, é uma artista que se interessa por temas como a relação entre o corpo e a natureza e o impacto de momentos decisivos em nossas vidas. Com Todas as Estradas de Terra Têm Gosto de Sal, Jackson oferece ao público uma perspectiva única e não linear, guiando a trama como uma sequência de retratos de uma vida. Conhecida também por curtas como “Røtter” (2019) e “Nettles” (2017), Jackson é uma diretora que se destaca pela sensibilidade e pela atenção aos detalhes humanos em suas produções.

A escolha do elenco também foi pensada para trazer autenticidade à história. Jackson buscou rostos que pudessem comunicar emoções intensas sem a necessidade de palavras. Charleen McClure, que interpreta Mack na fase adulta, foi escolhida justamente por essa capacidade de expressar profundidade por meio de expressões e gestos, como destacou Jackson em entrevista ao crítico Roger Ebert.

Um Jogo de Memórias e Paisagens

Filmado em 35mm, o longa cria um cenário onde o tempo é retratado de forma quase nostálgica, com imagens que parecem capturar a essência de cada momento. A combinação entre fotografia, trilha sonora e ambientação faz com que o público seja transportado para o universo de Mackenzie, permitindo uma experiência imersiva. Em vez de uma trama linear, a narrativa é composta por fragmentos que, juntos, compõem o quadro maior da vida da protagonista. O filme desafia as convenções tradicionais e abre espaço para que cada espectador encontre, nos detalhes de cada cena, ecos de suas próprias lembranças e vivências.

Todas as Estradas de Terra Têm Gosto de Sal

Gênero: Drama/Ficção

Título Original: All Dirt Roads Taste of Salt

Direção e Roteiro: Raven Jackson

Música: Sasha Gordon e Victor Magro

Fotografia: Jomo Fray

Elenco: Mylee Shannon, Kaylee Nicole Johnson, Charleen McClure, Zainab Jah, Chris Chalk, Jayah Henry, Sheila Atim, Preston McDowell, Moses Ingram

Edição: Lee Chatametikool

País: Estados Unidos

Ano: 2023

Duração: 118 minutos

Distribuído no Brasil pela Pandora Filmes, Todas as Estradas de Terra Têm Gosto de Sal convida o público a uma jornada contemplativa, onde o tempo e a natureza moldam uma vida e revelam que a beleza está nos detalhes.

Adaptação do Romance de Nana Pauvolih Explora Desejo e Conflitos Internos

A partir de novembro, o universo de Pecadora, aclamado romance de Nana Pauvolih, começa a tomar vida nas telonas. José Loreto, conhecido por papéis marcantes em novelas como Avenida Brasil e Pantanal, foi confirmado como Enrico, o protagonista masculino desse enredo intenso. Loreto atuará ao lado de Rayssa Bratillieri, escalada para interpretar Isabel, a jovem em uma jornada de autoconhecimento e desejo.

Isabel e Enrico: Encontro Que Acende uma Faísca

Em Pecadora, Isabel é uma mulher jovem, moldada pela educação religiosa e severa de seu pai, Sebastião. Ao começar a trabalhar com Enrico, um homem independente e cativante, ela se vê em um dilema entre as expectativas que sempre carregou e os impulsos que começam a despertar. Para Isabel, o conflito não é apenas entre atração e recato, mas também uma batalha pelo direito de descobrir quem realmente é. Esse confronto promete uma profundidade emocional rara e um duelo entre fé e desejo que deve envolver o público.

A Equipe por Trás de Pecadora: Direção e Produção

A produção de Pecadora é uma colaboração entre a +Galeria e o Grupo Telefilms, com direção assinada por Dainara Toffoli, conhecida por sua sensibilidade em temas complexos em séries como Manhãs de Setembro. Camila Raffanti assume o roteiro, prometendo capturar toda a carga emocional do livro de Pauvolih, com filmagens marcadas para o final de novembro.

A Experiência de José Loreto no Papel de Enrico

Loreto não é estranho a papéis que exigem intensidade. Além dos sucessos em novelas, ele protagonizou Mais Forte que o Mundo: A História de José Aldo, biografia sobre o lutador brasileiro, e atualmente integra o elenco da novela No Rancho Fundo. Em Pecadora, o desafio de dar vida a Enrico exigirá dele uma combinação de carisma e profundidade para compor o personagem que desencadeia uma série de transformações na vida de Isabel.

+Galeria: Foco no Cinema Nacional com Conteúdos Comerciais e Envolventes

A +Galeria, desde sua fundação em 2018, vem se consolidando como uma força no cinema nacional. A produtora é conhecida por seus projetos que equilibram apelo comercial e histórias cativantes, como as comédias Detetive Madeinusa e Papai é Pop, estreladas por grandes nomes do humor e drama brasileiros. Com Pecadora, a produtora reforça sua presença em tramas de grande apelo emocional e promete uma experiência cinematográfica intensa e envolvente.

As filmagens, programadas para iniciar em São Paulo, vão dar o tom visual e emocional desse encontro entre o mundo rigoroso de Isabel e a liberdade sedutora de Enrico. Pecadora promete não apenas um romance, mas uma batalha de escolhas e desejos, onde o público deve ser testado em suas próprias crenças e emoções.

O vídeo-ensaio Paisagens do Fim, do pesquisador e crítico Carlos Alberto Mattos, explora o uso fascinante de cenários reais devastados em filmes de ficção, oferecendo uma visão detalhada de como ruínas e desastres moldam o cinema. Disponível gratuitamente no Vimeo, o ensaio se baseia no site-livro homônimo lançado por Mattos em 2021 e levanta questões sobre as “ruínas do presente” e a forma como personagens e tramas se desenvolvem em meio a paisagens que já testemunharam grandes tragédias.

Carlos Alberto Mattos busca entender até onde os cineastas podem ir ao criar ficções em cenários onde a destruição ainda ecoa. O autor percorre desde a era dos pintores renascentistas, passando por fotógrafos das grandes demolições urbanas, até a estética atual do “ruin porn” – fenômeno de usar ruínas como descanso de tela e cenário visual, que chega até nós em filmes e imagens. Em suas análises, Mattos investiga como a ficção atribui significado dramático aos locais devastados, enquanto esses cenários trazem à narrativa uma dimensão documental.

Como o Cinema Constrói Realismo nas Ruínas

Em Paisagens do Fim, cenas de 46 filmes mostram exemplos de guerras, desastres naturais e até destruições planejadas, como a inundação de cidades para a construção de barragens. Desde Alemanha Ano Zero, do neorrealismo italiano, até A Estrela Sussurrante, uma ficção científica do diretor japonês Sion Sono, o ensaio de Mattos cobre uma ampla gama de tratamentos cinematográficos. Filmes como Uma História de Água, de Truffaut e Godard, usam as ruínas com ironia e humor, enquanto o épico A Mundana, de Billy Wilder, encontra um tom mais dramático.

O objetivo do autor não era focar em documentários nem utilizar imagens de arquivo, mas observar filmes em que o drama está visceralmente integrado ao cenário real de destruição. “Escolhi apenas os filmes em que atores e tramas estavam organicamente incorporados às locações afetadas por catástrofes recentes”, comenta Mattos. Sua proposta era examinar como esses espaços acrescentam realismo à ficção e, por outro lado, como a narrativa intensifica o impacto emocional das locações.

Das Pinturas aos Pixel Art: A História das Ruínas na Arte

A atração pelas ruínas não é um fenômeno recente. Desde as pinturas renascentistas até o moderno “ruin porn”, o apelo das ruínas atravessa gerações. Mattos relembra que o fascínio pelo que resta após a destruição pode ser visto até mesmo num dos primeiros filmes dos irmãos Lumière, que filmaram a derrubada de uma parede. Essas imagens evocam uma reflexão sobre a fragilidade humana, ao passo que convidam o espectador a testemunhar o impacto do tempo.

Reações da Crítica e do Público

O vídeo-ensaio de Mattos recebeu reconhecimento entre cineastas e críticos. João Moreira Salles destacou a obra como “fascinante” e classificou a pesquisa como “extraordinária”. Eduardo Escorel elogiou a análise estética de cada filme, mostrando como a relação entre conflito humano e ruína se desenrola cena a cena. Outros críticos descreveram o projeto como “urgente” e “poético”, com Bráulio Tavares resumindo-o como uma visão “alternadamente angustiante e resignada da presença da humanidade no planeta”.

Carlos Alberto Mattos: O Curador das Ruínas

Com uma carreira consolidada no jornalismo e na crítica cinematográfica, Carlos Alberto Mattos é uma referência quando se trata de cinema documental. Além de Paisagens do Fim, ele dirigiu a videomontagem Taiguara: Onde Andará teu Sabiá?, sobre o cantor e compositor Taiguara. Em seu trabalho, Mattos sempre busca novos ângulos para as realidades duras e instigantes do mundo, seja nas telas ou fora delas.

Paisagens do Fim é muito mais do que uma coleção de cenas de destruição. É um estudo profundo sobre a forma como o cinema captura e transforma as cicatrizes do mundo em histórias de ficção que nos fazem lembrar, questionar e até mesmo sentir um fio de esperança em meio às ruínas.

Acaba de chegar na Rakuten Viki, o filme “Real Fighter” produzido em 2020. Nele, Tae Seong (interpretado por Hwang Dong Hee), um talentoso lutador de MMA, está à beira de sua estreia no UFC quando tudo dá errado. Em uma briga de bar com seu amigo Byeong Jin, ele sofre uma lesão grave e é automaticamente desclassificado da competição. Embora Hye Na (Park Ji Won), sua namorada e parceira de treinamento, o incentive a seguir adiante, Tae Seong fica frustrado e relutante em tentar outra vez.

O Lado Sombrio das Lutas Clandestinas

Decidida a entender o que realmente aconteceu, Hye Na descobre que o responsável pela lesão de Tae Seong é Yang Ho Yeol (Kwon Hae Sung), o campeão de um site de apostas ilegais conhecido como “Blood Street.” Nesse submundo, lutadores batalham em lutas brutais enquanto espectadores fazem apostas. Quando Tae Seong descobre que foi Ho Yeol quem o machucou, ele vê em “Blood Street” a oportunidade de se vingar e recuperar sua confiança. Assim, Tae Seong decide entrar nas arenas clandestinas, onde logo se torna um fenômeno, apelidado de “Real Fighter” pelos fãs da plataforma.

Uma Armadilha nas Sombras

O que Tae Seong não sabe é que sua entrada em “Blood Street” fazia parte de um plano premeditado. A organização por trás do site já o tinha em mente desde o início, utilizando armadilhas e manipulações para manter o controle sobre as lutas e maximizar os lucros das apostas. Durante um momento crítico, quem surge para ajudá-lo é o próprio Ho Yeol, que revela estar insatisfeito com a manipulação do site e buscando um verdadeiro oponente. Unidos por um objetivo comum, Tae Seong e Ho Yeol se unem para acabar com “Blood Street.”

A Batalha Final pelo Título de Verdadeiro Campeão

Agora, com as apostas ainda mais altas, os dois lutadores enfrentam não só os adversários, mas também o próprio sistema corrupto que controla as lutas. Tae Seong e Ho Yeol partem para o confronto que irá determinar quem é o verdadeiro campeão, tanto nas ruas quanto dentro da arena de apostas.

Um Lutador de Verdade

Real Fighter

Elenco: Yoon Dae Hee como Byeong Jin, Hwang Dong Hee como Tae Seong, Kwon Hae Sung como Yang Ho Yeol, Park Ji Won como Hye Na, Oh Sung Tae como Min Hoon

Diretor: Kim Kyung Taek

Plataforma: Rakuten Viki

Disponível no Rakuten Viki

Lançado originalmente na Coreia do Sul em setembro de 2020, “Real Fighter” chegou ao Rakuten Viki com o título “Um Lutador de Verdade”.

Wretches ( lançado como Escória), o mais novo lançamento da Rakuten Viki, é um mergulho profundo em um colégio sul-coreano onde a hierarquia estudantil é brutalmente disputada. Escrito e dirigido por Kim Baek Joon, o filme de 2018 leva o público a um mundo onde as interações entre alunos estão longe de serem inocentes e onde os personagens enfrentam desafios para manter sua integridade. Em meio a uma trama densa e intensa, o longa explora os limites da moralidade em um ambiente dominado pelo medo e pela manipulação.

Substituindo o Tirano: Uma Nova Ordem no Colégio

Tudo começa com um incidente que sacode as estruturas do colégio: o maior valentão é envenenado e levado ao hospital. Com isso, Yang Hoon (interpretado por Lee Yi Kyung), que ocupava o segundo posto de poder, assume o controle da escola. Porém, o que deveria ser um alívio para as vítimas de bullying, incluindo Jae Young (Lee Won Geun), logo se transforma em um pesadelo ainda pior. Yang Hoon rapidamente impõe uma liderança ainda mais opressora, e Jae Young, que esperava paz, percebe que o novo “rei” é mais cruel e perigoso que o anterior.

O Conflito de Princípios de Jae Young

A pressão sobre Jae Young aumenta quando Yang Hoon se interessa por sua amiga Ye Ri (Park Gyu Young), que se parece com Bo Kyung, antiga paixão do agressor. Para proteger Ye Ri e manter-se seguro, Jae Young começa a obedecer relutantemente às ordens de Yang Hoon, apesar de isso ir contra seus valores. Esse dilema o força a questionar até onde está disposto a ir para sobreviver em um ambiente onde a justiça e o respeito são inexistentes. O filme explora essa luta interna, fazendo com que Jae Young encare a dura possibilidade de estar se transformando justamente naquilo que tanto repudia.

Sombrio e Real: Um Olhar Cru Sobre o Bullying e o Poder

Com 102 minutos de duração, Wretches (Escória), distribuído pela Little Big Pictures, é mais do que um simples drama escolar: é um retrato cru sobre a pressão, manipulação e violência que fazem parte de algumas realidades estudantis. A direção de Kim Baek Joon constrói um cenário onde a moralidade é constantemente testada, transformando a escola em um microcosmo social onde cada ação traz consequências.

Um Filme que Foge dos Clichês e Exige Resiliência

Para quem procura uma narrativa impactante e repleta de reviravoltas, Wretches oferece uma experiência intensa e provocativa. A história desafia o espectador a refletir sobre o preço da sobrevivência e da integridade em um mundo onde os princípios são constantemente postos à prova.